𝕾𝐂𝐎𝐑𝐏𝐈𝐎𝐍𝐄 𝐃'𝐎𝐑𝐎 • 𝐕.𝐇

𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐗𝐈𝐈

Sua mente também joga esse jogo?

Pensa em mim e você.

Acho que vou fingir, até que tudo faça sentido.

~Giveon

Entro no carro sentido aquele aroma de algo novo. Era linda até por dentro, um painel enorme, com bancos acolchoados de couro. Passo minhas mãos em volta do volante vendo o símbolo do cavalo no meio dele. Olho para o lado de fora vendo Hacker apertar a mão de Artos e assim ele entra ao meu lado, vejo meu irmão entrar na Lamborghini e só assim ligo o meu carro.

Senti o rugido do motor da minha Ferrari invadindo meus ossos enquanto apertava o volante com força, um arrepio percorre pela minha nuca, passo o cinto vendo que o loiro fez o mesmo. Pego minha glock de dentro da minha bolsa e entrego a Hacker, ele me olha logo pegando a arma de minha mão e a pondo para fora do carro apontando-a para cima, abaixo o vidro olhando para o meu irmão dentro do outro carro, ao meu lado.

_Sei sicuro, fratellino? Perderai dei soldi. -sorrio através da máscara

_Questo è quello che vedremo.-Artos sorri para mim e logo olha para frente, roncando seu motor

Respiro fundo com os olhos fechados, os abro olhando para a direção da pista, os sons dos motores era a única coisa ouvinte ali, Hacker se prepara e alguns segundos depois, ele atira.

Apertei o acelerador, e a Ferrari disparou para frente como um raio, a força me empurrando contra o assento. Vincent segurou a lateral do banco, seu rosto uma mistura de excitação e pavor. Sorrio atrás da máscara. Artos toma a frente acelerando mais ou menos em 150km/h, seria apenas três voltas, então se eu quisesse mesmo ganhar, teria que correr pra valer.

_Miserabile... -falo baixo comigo mesma- Lhe recomendo se segurar, Sr Hacker, por que já estou começando a me estressar. -Piso mais fundo no acelerador, fazendo novamente o corpo de Hacker de chocar contra o banco, ele estava levemente surpreso, podia ver seu sorriso de canto através de minha visão periférica. Uma pequena risada escapa de meus lábios, o olhar dele se fixa em mim. - Está com medo? -gritei por cima do som ensurdecedor do motor.

-De você? Sempre. -ele sorri, covinhas aparecem. Vincent me observava como se desafiasse minha determinação e, ao mesmo tempo, a admirasse.

Estávamos numa distância considerável do Lamborghini, Artos dirige super bem, mas meu ego não me deixa saber que ele poderia ser melhor que eu, por isso, quando já estávamos dobrando na primeira curva, alcanço Artos logo tomando a primeira posição. Uma onda de adrenalina corre pelo meu corpo e acabo por soltar uma risada consideravelmente alta, buzino para meu irmão olhando para o retrovisor, mas logo volto meus olhos para a estrada, eu ainda estava rindo, me sentia feliz ali, um sentimento de êxtase, de perigo, de desafio, e eu realmente gostava disso. Eu mantinha minha concentração, continuava na mesma velocidade, ainda sorrindo sentindo meu corpo vibrar com aquela sensação, A estrada à nossa frente se desenrolava como uma faixa infinita de asfalto, e cada curva era um novo desafio. Podia ver Artos no retrovisor, a Lamborghini se aproximando perigosamente, sinto um olhar sobre mim.

Hacker me olhava, profundamente. Como se olhasse para algo único, algo que nunca havia presenciado em sua vida, e eu também o olhei, parando de sorrir e apenas me concentrando naquilo. Olhei em seus olhos avelã que pareciam hipnotizados nos meus, não quebrei o olhar, pelo contrário, continuei a olhar para a sua imagem, que parecia avaliar cada detalhe de meu rosto, coberto por aquela máscara. Seus fios loiros caíam nos olhos com a força do vento batendo em nossos rostos. Ele havia tirado a jaqueta que usava, e arregaçou as mangas da camisa social. Tatuagens apareciam, seu tórax quase desnudo era rabiscado com algumas delas, que também se encontravam nos antebraços e nas mãos gigantes. Uma fina corrente dourada brilhou em seu pescoço. Hacker se acomodava no banco com as pernas abertas, seu colo passou a ser meu foco naquele momento. Escuto ronco do motor da Lamborghini, Artos havia passado de nós. Pisco algumas vezes antes de voltar a acelerar, irritada.

_OH! Merda! -voltei meus olhos para a estrada, já estávamos na segunda volta, e Artos ainda mantinha sua posição

-Porra! Acelera esse carro! -O loiro fala nervoso, aquela frase me enfurece, o que ele acha que estou fazendo?

_CHIUDI CAZZO!! -ele junta as sobrancelhas confuso, mas volta a olhar para frente trancando a mandíbula.

Eu estava nervosa, faltava apenas uma volta e eu estava a uns 10 metros longe de Artos, eu não podia perder. A adrenalina corria em minhas veias, cada fibra do meu ser focada em vencer essa corrida.

_Agora já chega! -Piso fundo no acelerador, chegando aos 310km/h ao lado de Artos, com os carros lado a lado, mando uma picadinha para meu irmão que sorri em resposta. Estávamos próximos a terceira e última curva, quando acelero ainda mais chegando já nos 340km/h, sentia que podia voar. Mais perto, mais perto...

Com um movimento decidido, pisei no freio e girei o volante, fazendo a Ferrari deslizar pela curva em um drift perfeito de tração dianteira, o corpo de Hacker pende um pouco para o lado assim como o meu. O mundo ao nosso redor virou um borrão, mas eu estava no controle absoluto, deixando a fumaça subir atrás de nós. A adrenalina correu em minhas veias enquanto saíamos da curva com uma aceleração violenta, a linha de chegada se aproximando rapidamente. Podia ver a expressão de surpresa no rosto de Artos pelo espelho retrovisor, a Lamborghini ficando para trás.

Cruzamos a linha de chegada, em primeiro lugar, e uma onda de triunfo me atingiu. Freio, girando novamente o volante, desenhando círculos no chão. Soltei um grito de vitória, batendo a mão no volante, e eu ria intensamente, estava feliz, muito feliz, fazendo Vincent contagiar-se, e rir rouco ao meu lado, seu riso contagiando o ar dentro do carro.

-Isso foi...impressionante. -diz ele, se recuperando de sua própria risada- Foi um bom drift, admito. Mas ainda tenho minhas dúvidas se foi sorte ou habilidade. -provoca com um sorriso de canto desenhando os lábios rosados

Riu, ofendida.

_Não é possível... -reviro os olhos, ainda rindo- Por que você apenas não assume que sou a melhor aqui para poupar seu orgulho?

Ele balança a cabeça, negando.

-Nunca. -ele se aproxima, nossos rostos à centímetros longe um do outro- Quem sabe um dia quando corrermos, apenas nós dois. -fala baixinho, intercalando seu olhar em meus olhos. Me perdi no castanho dos seus, iluminados pela noite. Ele fixa o olhar na máscara, trancando a mandíbula. Vincent se afasta, descendo do carro.

Solto a respiração, inspirando fundo, mal notei quando a prendi. Desço do carro, indo na direção dos dois. Artos estava extasiado, o cabelos bagunçados, assim como os meus e os do loiro. Não pude deixar de sentir um certo orgulho ao ver a expressão surpresa e um tanto resignada no rosto do meu irmão mais velho.

-Recomendo não fazer apostas com a sua irmã novamente cara -Vincent ri, passa a língua sobre os lábios.

-Está bem, eu assumo, estou um pouco enferrujado. -ele diz rindo e estende a mão para mim e depois para Hacker, cumprimentamos de volta. - Bem... são de vocês!.

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