CAPÍTULO 28 - A ÚLTIMA FUGA

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Ao amanhecer, quando o sol ainda não havia atingido o topo do céu com a luz fraca do novo dia, podia-se ver vagamente uma figura abrindo a porta o mais silenciosamente possível. O movimento foi tão suave que mal fez barulho. Porém, aos ouvidos do cachorro, nem o menor som poderia escapar. As orelhas do cachorro se moviam de um lado para o outro, ao ouvir a porta se abrir, começou a abanar o rabo e caminhou rapidamente em direção a um determinado cômodo.

– Cale a boca. Calma, fale baixo.

O cachorro grande continuou a pular em volta da pessoa que saía do quarto onde não havia entrado e saído muitas vezes, fazendo com que a outra pessoa levasse o dedo aos lábios e pedisse silêncio em um sussurro. O cachorro respondeu com um latido, sentou-se nas patas traseiras e olhou para o dono com expectativa, esperando que o dono o levasse ao jardim para brincarem juntos. O pequeno movimento fez com que Graph não pudesse evitar colocar as mãos na cabeça e dobrar os joelhos para que os olhos de uma pessoa e de um cachorro pudessem ficar no mesmo nível. Ele viu os olhos amendoados brilhando de lealdade e confiança para com o mestre.

– Savage, me escute. Não estarei mais aqui, você sabe que tem que ser obediente?

Savage ergueu a cabeça perplexo, se perguntava por que o jovem mestre disse que nunca mais estaria aqui, já estava sentado aqui e isso fez as mãos de Graph tremerem gradativamente.

– Você tem que comer todos os dias quando eu não estou por perto. Se P'Pakin não pode alimentá-lo, você tem que comer o que outras pessoas lhe alimentam, porque não poderei ser aquele que irá alimentá-lo novamente pois não sei quantos anos...

Graph percebeu que seu nariz estava prestes a ficar entupido. Ele não conseguia respirar, mas ainda assim tocou a primeira coisa viva que lhe pertencia em sua vida, e realmente amou.

Savage era o cachorro que sempre quis em sua vida, o cachorro pelo qual implorou a todos, mas ninguém o deixou ter, até que Pakin o trouxe para sua vida. Embora estivessem juntos há apenas alguns meses, parecia que estavam juntos há vários anos. Se vai pular sobre todos para proteger seu mestre, o acompanhou quando chorou e enxugou suas lágrimas. Ele era amigo, um amigo próximo, mas teve que deixá-lo aqui. Savage estaria melhor aqui do que em qualquer outro lugar.

– Você não pode desperdiçar comida, sabia? Você não pode entrar na garagem do P'Pakin, porque eu não estou aqui, ninguém vai levar a culpa por você. Não use seu corpo como alvo, seja um bom menino... seja um bom menino... aqui... escute todo mundo... fique saudável e espere eu voltar... - Graph chorou, abraçou o cachorrão com força, sentindo que o próprio cachorro grande estava olhando e se perguntando por que seu dono estava chorando de novo também. Ele lambeu as lágrimas do jovem mestre como antes.

Mestre, não chore, Savage protegerá ele mesmo o jovem mestre.

Se pudesse falar, mesmo contaria ao seu mestre, mas como não conseguia falar, só conseguia lamber as lágrimas e aproximar o nariz para confortá-lo.

– Não sei quando voltarei, mas se eu voltar, virei te procurar para te levar para morar comigo. Você... não sei... quando... mas espere por mim... eu te amo, Savage. - Graph o abraçou com força novamente e enterrou o rosto nos pelos macios e recém-lavados do cachorro e então se preparou para soltá-lo. Porém, o corpo inteiro de Savage caiu em seu colo, era como se quisesse dizer que não o deixaria ir.

– Tenho que ir agora ou não poderei pegar o avião.

Uau, uau.

Savage continuou latindo, e Graph teve que virar a cabeça e se levantar, vendo o cachorro o seguindo como se fosse atacá-lo novamente, então, em voz baixa, mas forte, ele gritou;

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