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A porta se abre, e sou recebida por uma empregada que me olha surpresa.

- Senhora Ye-Jin, é bom vê-la. Entre, por favor.

Entro na casa, sentindo a familiaridade desconfortável do ambiente. A casa está exatamente como eu lembrava: elegante, mas fria e impessoal.

Logo sou levada à sala de estar onde meus pais estão sentados. Eles me olham com uma mistura de surpresa e cautela.

- Ye-Jin, querida, não esperávamos sua visita - diz minha mãe, levantando-se.

- Sinto muito por aparecer assim, mas senti que precisava vir - respondo, tentando manter a voz firme.

- Claro, claro. Sente-se - diz meu pai, apontando para um dos sofás.

Sento-me, respirando fundo para manter a calma. Sei que essa conversa não será fácil, mas é necessária para que eu possa entender melhor meu passado e construir um futuro mais honesto e conectado.

- Mãe, pai, eu estou aqui porque tenho muitas perguntas sobre o passado, sobre nós. Desde o acidente, tenho tido dificuldades em lembrar de certas coisas e isso me afeta profundamente - começo, tentando ser direta.

Meus pais se entreolham, claramente desconfortáveis.

- Claro, Ye-Jin. Pergunte o que precisar - diz meu pai, tentando esconder sua inquietação.

- Eu gostaria de entender nossa relação antes do casamento. Eu... vocês não me visitaram no hospital ou em casa após o acidente. Por quê? - pergunto, olhando para eles diretamente.

Minha mãe suspira profundamente, olhando para o chão.

- Eu entendo que foi difícil, mas quero que saibam que agora estou tentando reconstruir minha vida e minhas memórias. Preciso da verdade e do apoio de vocês para isso - digo, sentindo as lágrimas começarem a se formar.

- Querida, entenda que ficamos devastados quando soubemos do seu acidente – continua minha mãe – mas o ambiente do hospital é algo que quero evitar.

- Mas poderia ter me visitado em casa. Hoseok ligou para vocês.

- Seu marido não permitiria que fôssemos a sua casa – ela responde com ironia – nunca fomos bem vindos lá, então porque perder tempo com isso?

O tom frio e impessoal dela me assusta, sua própria filha se acidentou e eles não tiveram nem a decência de um telefonema, mas por que Hoseok não permitiria que eles me visitassem?

- Eu...gostaria de recuperar algumas memórias, tudo bem se eu andar pela casa? Visitar meu antigo quarto? Ver o restante da casa?

- Claro filha, o que te ajudar a recuperar o que tenha esquecido – fala meu pai.

Levanto-me lentamente e começo a andar pela casa. Cada passo que dou é um esforço consciente para enfrentar as memórias que começam a voltar. A casa, com seu ar impessoal e frio, agora parece ainda mais estranha para mim que não moro mais aqui, mas lembro de cada detalhe dela.

Quando entro no meu antigo quarto, uma onda de nostalgia e tristeza me envolve. Olho ao redor, vendo os móveis, as decorações e os objetos que um dia fizeram parte da minha vida cotidiana. Ando pelo quarto, tocando os móveis e tentando provocar mais lembranças.

De repente, um fragmento de memória surge: eu sentada à minha escrivaninha, escrevendo uma carta. Não consigo lembrar para quem era, mas a sensação de urgência e tristeza é forte.

Sento-me na cama, tentando lembrar dos momentos que passei ali. Começo a explorar as gavetas e armários, procurando pistas que possam me ajudar a recuperar mais memórias.

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