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(Ye-Jin)

Chegamos à casa dos meus pais e, para minha sorte, eles não estão. Isso me dá a liberdade de explorar sem interrupções. Minha mente está um turbilhão de emoções enquanto entro na casa onde tantas lembranças dolorosas residem.

- Soo-Ji, vou começar pelo escritório do meu pai. Foi o cômodo onde mais tive recordações perdidas, então quero começar por lá sem perder mais tempo - digo, sentindo uma mistura de determinação e apreensão.

- Certo, Ye-Jin. Estarei aqui para qualquer coisa que precisar - responde ela, oferecendo um sorriso de apoio.

Entro no escritório, sentindo uma mistura de ansiedade e determinação. O ambiente é familiar, mas carregado de uma sensação de desconforto. Respiro fundo, tentando acalmar meus nervos, e começo a olhar ao redor, procurando qualquer coisa que possa despertar uma memória.

Passo os olhos pelas prateleiras cheias de livros e documentos. Nada parece fora do lugar, mas algo me puxa em direção à escrivaninha do meu pai. Abro as gavetas uma por uma, encontrando papéis antigos, cartas e documentos. Em uma das gavetas inferiores, encontro uma caixa de madeira que nunca tinha visto antes.

Com mãos trêmulas, abro a caixa. Dentro, há várias fotos antigas, algumas das quais reconheço imediatamente. São fotos da minha infância, momentos que deveriam ser felizes, mas que agora me parecem distantes e nebulosos. Em meio às fotos, encontro um diário. O nome do meu pai está gravado na capa.

Sento-me na cadeira do escritório e começo a folhear o diário. As primeiras páginas são registros comuns de negócios, mas conforme avanço, encontro entradas mais pessoais.

Um trecho específico chama minha atenção:

*"...Hoje tivemos uma discussão séria sobre o futuro de Ye-Jin. Sei que o casamento arranjado não é o que ela quer, mas sinto que é a única maneira de garantir um futuro estável para nossa família e para ela. Hoseok parece resistente, mas acredito que com o tempo ele entenderá..."*

Minha respiração acelera enquanto continuo lendo.

*"...Ye-Jin não entende agora, mas estou fazendo isso para proteger seu futuro e de seus futuros filhos. Quero protegê-la, mesmo que isso signifique tomar decisões difíceis. Espero que um dia ela compreenda meus motivos..."*

As palavras do meu pai me atingem como uma onda. As decisões que ele tomou, por mais equivocadas que pareçam, foram motivadas por um desejo de me proteger. Sinto uma mistura de raiva e tristeza.

Percebo que parte da minha inquietação vem do conflito não resolvido com meus pais, especialmente com meu pai. A falta de compreensão e comunicação entre nós criou barreiras que agora tento derrubar.

Fecho o diário, sentindo que descobri uma peça importante do quebra-cabeça. Ainda há muito a entender, mas essa visita ao escritório do meu pai me deu uma nova perspectiva. Vejo uma coleção de cartas e uma delas me chama minha atenção; é uma correspondência entre meus pais e os pais de Hoseok, discutindo nosso casamento arranjado em termos frios e empresariais.

Sinto uma dor no peito ao ler as palavras impessoais que trataram nossa união como uma transação. Mas uma frase em particular me chama a atenção: "garantir que Ye-Jin esteja ciente das expectativas e responsabilidades desde o início".

Minha mente começa a clarear. Lembro-me de uma conversa com meu pai neste escritório, onde ele me disse que eu tinha que aceitar o casamento por causa das responsabilidades e expectativas familiares. A frieza e a falta de empatia com que ele falou ainda me machucam.

- Ye-Jin, está tudo bem? O que encontrou? – Soo-Ji pergunta, aproximando-me dela.

- Encontrei cartas sobre o nosso casamento arranjado. Meu pai discutindo isso como uma transação. E lembro de uma conversa que tive com ele aqui, onde ele deixou claro que eu não tinha escolha - digo, com a voz trêmula.

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