capítulo:1

4.3K 345 42
                                    

Pov: Kara Zor-El

Ouso o som do meu despertador tocar, significando mais um dia de trabalho, infelizmente não nasci rica e estou bem longe de ser, Moro em uma simples casa e em um humilde bairro, trabalho em uma lanchonete que atualmente está me ajudando muito a me distrair e ficar longe de tanta confusão

Moro com meus pais, se eu posso chamar eles de pais. Desde pequena sou especial, ou como outras pessoas dizem, "uma aberração" e infelizmente duas dessas pessoas que dizem isso são aquelas que deveriam me apoiar, ajudar, amar, cuidar, sim, eles são meus pais. 

Sou uma aberração aos olhos deles e de muita gente, sou intersexual, isso ocorreu após uma gravidez arriscada da minha mãe, que nem me queria, com isso meus problemas só foram aumentados, já não bastava o bullying que sofria na escola por ser diferente ainda tinha que suportar certas coisas dentro de casa, meus pais me batem, principalmente meu pai que diz que eu não deveria ter nascido e minha mãe nunca fez nada, ao contrário ela ajudava ele, tanto que me afeta fisicamente quando psicologicamente, com tantos problemas acabei desenvolvendo infantilismo, tento o máximo não mostrar o meu lado bebê para meus pais, isso só piora as coisas 

Desligo o despertador que ainda estava tocando, me levando e escondo o meu ursinho que uso para dormir, vou direto ao guarda-roupa e pego algumas peças de roupas, tomo um banho, abro a porta de madeira do meu quarto, já que tranco todas as noites para meus pais não entrarem. 

Desço as escadas e vejo que meus pais estão Comendo 

— olha quem acordou a aberração — diz Zorel assim que me ver entrando na cozinha 

— Tá na hora, essa vagabunda está tendo uma vida ótima, isso sim — diz Alura.

Ignoro os comentários desagradáveis deles, pego uma maçã, subo no meu quarto, pego minha mochila, desço as escadas ainda vendo eles tomarem o café da manhã. Muitas das manhãs eu apenas pego uma fruta para não ficar muito tempo ao lado deles e ouvir certos tipos de comentários, vou até a porta, abro, saio de sala e vou até a lanchonete

Depois de alguns minutos chego ao meu trabalho, troco de roupa e vou anotar alguns pedidos de clientes, como hoje é quarta o lugar está mais ou menos, trabalho aqui ao um bom tempo, cerca de um ano, aqui é o lugar que mais que distraio tirando que alguns dias são cansativos, mas com certeza é mil vezes melhor que minha casa 

— o que os senhores desejam? — pergunto a dois homens sentados na minha frente 

— Bom, pode ser dois cafés puros, um pecado se torta de frango e um pão na chapa — diz o homem loiro. 

— Ok, já, já entrego o pedido — levo a comanda até o balcão, enquanto o pedido anterior não fica pronto, aproveito e atendo os outros clientes.

— Bom, vou querer um pedaço de bolo de chocolate — diz a mulher ruiva, anoto o pedido na comanda quando sinto uma leve tontura. — Você está bem? — pergunta a mulher, provavelmente vendo que teve uma tontura. 

— Sim — sinto meu estômago roncar, apenas comi aquela maçã e já são 11 horas — já volto com o pedido da senhora. 

Após entregar os pedidos que precisava, meu chefe me chama na cozinha 

— Está tudo bem, kara? — pergunta Jonh, ele é um ótimo chefe, educado, atencioso, tenho muita sorte em ter ele como chefe — vi que você estava meio tonta. 

— Há — solto um suspiro — foi só uma tontura, mas já passou. 

Ele me olha sabendo muito bem o motivo da tontura — já lhe disse para comer algo durante a manhã, kara— coloca as mãos na cintura. — Brainiac faz um pão na chapa para kara e um suco de laranja também — diz olhando para o cozinheiro.

— Não precisa, Jonh

— Claro que precisa, não quero ver você passando mal e será na conta da casa — iria dizer algo, mas ele interrompe — sem desculpas, kara, come e pronto — sai sem que eu pudesse dizer nada. 

Brainiac termina de fazer o que Jonh pediu, como o pão que estava delicioso e tomo o suco. Mas um tempo se passou quando senti a necessidade da minha chupeta, tentei o máximo ficar sem ela, mas já estou ficando nervosa e brava

Sinto minhas mãos tremendo, um medo invade meu corpo, sinto meu coração batendo mais rápido que o Flash, seguro com mais força a bandeja que segurava, com medo dela cair, entrego os pedidos rapidamente aos clientes, a sensação de ansiedade cada vez domina meu corpo, a vontade de voltar para o meu mundo secreto avançava cada vez mais 

Não conseguindo me segurar, coloquei a bandeja no balcão e fui correndo o mais rápido que pude para o banheiro dos funcionários, agradeço ao Rao ao me deparar com o banheiro vazio, entro em uma das cabines, me sendo sobre a tampa do vaso sanitário, e pego uma das minhas chupetas que estava no bolso do meu uniforme, coloco na boca sugando desesperadamente, tenho duas chupetas de emergência, uma Fica na minha mochila e outra no meu uniforme para urgências como essa

Às vezes me sentia sufocada e, como forma de me aliviar, eu entrava no meu mundinho, mas isso só ocorria em casos em que não conseguia me segurar, tentava o máximo, mas nem todas às vezes dava certo.

Minutos depois me assunto ao ouvir alguém bater na porta e escondo rapidamente minha chupeta no lugar que eu tinha tirado 

— Kara está tudo bem? — ouso a voz de John — tem um bom tempo que você está aqui, aconteceu alguma coisa? 

Me levando do vaso e abro a porta da cabine, vejo o homem alto me olhando preocupado.

— Há... Me deu uma vontade de vomitar — minto, poucas pessoas sabem que eu sou um bebê, as únicas que sabem são meus pais, minha melhor amiga Alex, seu primo e a mãe dela, que infelizmente tiveram que se mudar para outra cidade. 

— Hum... Acho melhor você ir para casa — diz ele, quando eu ia falar algo, ele me interrompeu. — Nem pensar, Kara, você vai para casa agora e faltam só alguns minutos para seu turno acabar — sem poder falar mais nada, apenas concordo e vou para casa. 

Assim que abro a porta de casa, vejo meus pais sentados no sofá, com caras nada amigável. 

— Que merda é essa, Kara? — olho sem entender para meu pai, assim que ele olha minha cara confusa, ele ergue a mão mostrando uma das minhas chupetas, a mesma que ficava no bolso da minha mochila, sinto meu coração acelerar e minhas mãos suando frio. 

— Virou criança agora, porra? Você já tem 20 anos — mamãe solta um suspiro — a onde estávamos com a cabeça zorel de ter essa aberração? Já não bastava a coisa que tem no meio das pernas, ainda tem isso? — Sinto como se tivesse levado um soco forte na boca do estômago, sinto as lágrimas molharem meu rosto. 

— Agora você vai aprender a se comportar como gente — meu pai se levanta raivoso do sofá com minha mãe, vejo ele jogar com força a minha chupeta na parede. O medo me dominava novamente nesse dia, quando menos espero, vejo meu pai me arrastar pela casa pelo braço.

Sinto a dor cada vez mais forte, ele sobe as escadas até seu quarto, minha mãe vinha logo atrás, ao chegar no quarto deles, meu pai me joga com tudo no chão, sinto meu corpo tremer, o mesmo homem que deveria me amar, está me matando aos poucos, vejo ele tirar o cinto que segurava suas calças, quando menos espero sinto uma ardência na minha coxa, eu estava sendo espancada pelo homem que deveria me dar carinho 

Minha mãe estava atrás dele, só vendo a cena com um sorriso no rosto. Minha coxa, que antes era branca, agora estava vermelha e sentia o sangue escorrer por ela. 

— Isso é por ser uma aberração — zorel joga o cinto que segurava no chão e começa a me chutar. Os gritos que saiam da minha garganta como forma de pedir socorro não adiantariam nada, já que os vizinhos ignoravam. 

Aquele foi mais um dia em que eu morria aos poucos .

Minha Secretária é uma Baby (Supercop/Karlena) G'POnde histórias criam vida. Descubra agora