Capítulo 14 - Visita inusitada

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20 de março de 1993

Depois de uma semana reclusa, Lilly resolveu se disfarçar e comparecer a ONG na torre 1 do World Trade Center para ajudar Fred no que fosse necessário.

- Mas, você é teimosa... - Fred reclama. - Como sabe se nenhum paparazzi a seguiu e não vai publicar amanhã que esteve aqui disfarçada?

- Eu sei que ninguém me viu, relaxa...

- E veio por quê? Por acaso, não confia na minha competência??? Pois saiba que eu, June e Zach estamos fazendo tudo direitinho...

- Eu sei, seu tonto... acontece que eu não aguento mais ficar reclusa, Fred. Poxa, pode parar de me dar broncas e me passar serviço?

- Tá bom...mas, já vou avisando que o ideal é que você saia depois do expediente pra não dar na cara.

- Sem problema... Zach foi a um compromisso em New Jersey e só chega à noite, por isso aproveitei para escapar. Ele não vai vir me buscar e eu vou chamar um táxi na hora de sair. Ninguém vai me ver, eu só vou depois das 7 ou 8 da noite.

Lilly enfim sentia-se melhor por estar em seu ambiente de trabalho e ficou contente ao ver que aos poucos novos projetos estavam aparecendo e sendo concluídos. No final do expediente quando todos foram embora, a moça ficou sozinha mais tempo do que planejara e era quase 9h da noite quando ela ouviu que alguém batia à porta. Ficou desconfiada já que ninguém mais além de Nancy, Fred e June sabiam que ela estava ali. Resolveu conferir e perguntar de quem se tratava antes de abrir a porta:

- Quem é???

- Você é a Lilly Maya???

- Quem é você e o que quer???

- Lilly, eu sei que é você que está aí... Sou eu, a jornalista Ava Farrow...

- Por acaso está me seguindo??? Olha, eu não vou dar entrevistas pra você, não adianta me seguir...

- Tudo bem se não quer me dar entrevistas, mas eu preciso falar com você sobre tudo que está havendo... É assunto do seu interesse! Deixe-me entrar, por favor!

- De jeito nenhum! Vá embora, não quero saber do que tem a me dizer. Já conheço sua fama de sensacionalista.

- Nem tudo é o que parece, Lilly! As coisas não são como você está enxergando. Olha, nada do que está havendo é por acaso, me deixa explicar...

- Você não fala coisa com coisa e nada está fazendo sentido. Melhor ir embora.

- Ok, então.... Escute bem o que vou lhe dizer... Não precisa abrir a porta se não quiser! Procure sobre o caso Damiana Hurley e vai me entender. Mas, não diga a ninguém que eu te falei isso!

- Damiana Hurley??? Quem é Damiana Hurley???

- Procure sobre o caso dela, Lilly. Está registrado na 22a NYDP. O delegado de lá poderá te esclarecer, faça isso!

- Do que está falando??? Isso não está fazendo sentido nenhum.

- Deixe-me entrar pra lhe explicar, por favor...

A garota fica curiosa, mas prefere não arriscar acreditando ser uma armadilha para ser fotografada e se ver encurralada pela jornalista.

- Não, não vou abrir e não quero te ouvir.

- Lilly, nem tudo é o que parece... As coisas podem ser ainda piores do que você imagina. Tome cuidado! Tome muito cuidado! Não vai mesmo me deixar entrar?

- Eu não confio em você! Vá embora!

- Está bem! - sem insistir mais, Ava vai embora e Lilly se amedronta ligando para Fred ir buscá-la.

Meia hora depois, Lilly ouve batidas na porta e corre para abrir acreditando ser Fred, mas dá de cara com Zach.

- Zach?? O que você...?

- Cheguei de viagem e fui direto pra sua casa. Nancy me informou que você estava aqui. Liguei pra Fred bem na hora que você pediu que viesse te buscar e ele me disse que você estava com medo. O que foi que houve?

- Eu imaginei que nenhum repórter havia me seguido, mas fui surpreendida quando Ava Farrow bateu aqui há uns 40 minutos atrás.

- Aquela maldita.... Ela ameaçou você???

- Não! Mas, eu tive medo de sair sozinha e ela estar lá fora com fotógrafos, por isso eu liguei pro Fred vir me buscar. Achei melhor do que ficar na calçada esperando um táxi.

- Mas, o que ela queria?? Insistiu para te entrevistar?

- A princípio sim, mas... sei lá, depois ela ficou com uma conversa esquisita falando coisas sem sentido algum pra mim e ficou insistindo para que eu a deixasse entrar para se explicar. Porém, eu tive medo que fosse uma armação e a mandei embora.

- O que ela falou?

- Sobre um caso de uma tal Damiana Hurley que...

- O que???? Damiana Hurley??? Tem certeza disso????

- Sim, amor, se eu estou dizendo... ela repetiu esse nome algumas vezes me pedindo pra me informar sobre o caso dela...

- Meu Deus, como essa mulher pode ir tão baixo... - Zachary senta-se inconformado e Lilly observa que ele estava com os olhos lacrimejados.

- O que foi, Zach? Você conhece alguma coisa sobre esse caso?

- Se eu conheço??? Isso quase destruiu totalmente a minha vida em um momento que eu já passava por uma situação delicada com o assassinato da minha mãe. Meu Deus, por que essa mulher está tentando me destruir dessa maneira???

- Calma, Zach... o que ela quis dizer com isso tudo? Quem é ou foi Damiana Hurley?

- Essa mulher trabalhava na nossa casa quando minha mãe morreu. Ela sempre nos pareceu uma boa pessoa, mas depois...Meu pai sempre me disse que foi enganado, pois ela tinha ótimas referências e jamais poderia duvidar da índole dela.

- Por que diz isso? O que ela fez?

- Essa mulher... essa mulher tinha referências falsas Lilly e foi enviada pelo mesmo cara que assassinou minha mãe para trabalhar em nossa casa. Aquele monstro não se conformou em acabar com a vida da minha mãe, queria destruir a todos nós.

- Meu Deus, quanta maldade!

- Com o tempo ela acabou seduzindo o meu pai e....

- E o que?

- Ela... ela também tentou abusar de mim, Lilly. - o rapaz chorava e demonstrou profunda dor ao se lembrar.

- O que??? Meu Deus, você era só uma criança!

- Me dói tanto lembrar disso...

- Mas, eu não entendo... Por que a Ava Farrow quis que eu fosse atrás desse caso, dessa história horrorosa?

- Ela quer me destruir, Lilly... Ela sabe o quanto é doloroso pra mim relembrar essa história e, sinceramente, se  você quiser saber mais algum detalhe, é só ir a 22a NYPD porque eu mesmo me nego a continuar falando sobre isso...

- Por favor, Zach, não precisa continuar falando... Eu imagino o trauma que isso tem sido pra você, eu só queria entender porque essa Ava faz questão de ser tão maldosa. Estou tentando viver como uma cidadã comum, mas a verdade é que não estou conseguindo mais.

- Então, meu amor... pensa no que te falei sobre irmos pra Londres. Não precisamos nos mudar definitivamente pra lá, mas pelo menos até essa maré passar. Se continuarmos aqui, eles vão continuar te perseguindo e eu não duvido nada que essa Ava venha com mais alguma pra nos atacar... Estou pensando sinceramente em falar com meu pai e lançar mais um processo contra essa mulher. Agora está perturbando minha namorada e eu não vou permitir isso. É... está decidido! Amanhã cedo vou pra capital Washington e vou falar com ele. Já chega disso!

Lilly se compadece do namorado que ainda soluça em prantos e o abraça dando seu apoio.

Indifference - Fingirei ser livre  *SAGA FASE 3*Onde histórias criam vida. Descubra agora