Indifference - Fingirei ser livre *SAGA FASE 3*

Capítulo 24 - O pai da noiva

Lilly se negou a sair do quarto ou falar com alguém e decidiu que não jantaria mais com o pai e Zach. De qualquer forma, Josh pediu que o rapaz fosse a casa de Nancy para que pudessem conversar:

- Boa noite, senhor Vedder, sempre um prazer revê-lo.

- Boa noite, meu rapaz. Agradeço ter vindo mesmo sabendo que a Lilly está trancada no quarto e cancelou nosso jantar.

- O senhor já viu como ela está, não é?

- Sim, e entre outras coisas, eu gostaria de ter uma conversa bem franca com você sobre Lilly. O que aconteceu? Eu não entendo, ela foi tão agressiva comigo como nunca havia sido antes...

- Sim, ela fica assim comigo de vez em quando também... E com o Fred, e com a June da ONG.  Essa semana ela acabou perdendo a paciência com todos simplesmente porque o café da recepção não estava no grau que ela queria.

- Mas, quando foi que ela ficou assim??? Você está sempre com ela, não percebeu quando ela passou a agir dessa maneira?

- Sim, senhor Vedder, eu sei.... E vou lhe contar, mas para que me entenda melhor, veja como se a Lilly fosse aquelas bexigas que foram sendo enchidas até que uma hora o ar sobrecarregou o que poderia ser suportado e estourou de uma vez... Ou então, como aquelas bombas que estavam tão carregadas de explosivos a ponto de perder o controle e acabar com o que vê pela frente...

- Tanto assim? Mas, quando foi que isso começou?

- Não que tenha sido um determinado fato que iniciou, mas que culminou e eu consegui observar tudo na discussão que tivemos um dia antes de ir para Aruba...

- Deve ter sido no dia em que a Nancy me comunicou que ela iria viajar com você e não iria mais a Seattle visitar Eddie...

- Exatamente... Me desculpe, senhor Vedder, mas eu fui totalmente contra a Lilly ir a essa viagem com o senhor e deixei claro meu ponto de vista. Esse foi o motivo da nossa discussão. Enquanto eu tentava mostrar a Lilly o quanto eu a amava e estava preocupado com ela, que fiquei a seu lado o tempo inteiro enquanto Eddie só a humilhou e ainda lhe fez acusações, a Lilly ficava justificando a atitude de ir pra Seattle de qualquer maneira como se aquilo fosse uma obrigação dela sem se importar com mais nada. Parecia que ela estava querendo agradar alguém ou dar alguma satisfação através de um ato de solidariedade. Só sei que nossa discussão chegou ao ponto de eu acabar gritando com ela e.... foi aí que tudo veio a tona e granada foi solta e liberada pra explodir...

- Você gritou com ela???

- Foi necessário... Ela parecia não me ouvir e agia no automático, mas não fui agressivo! Eu apenas quis que ela parasse e escutasse... parecia até que eu estava falando sozinho. A cada coisa que eu dizia ela me interrompia com argumentos que sequer condiziam com o que eu estava falando...

- Foi exatamente assim que me senti conversando com ela hoje... Foi quando ela surtou na minha frente dizendo coisas que nunca imaginei que pudesse me dizer. Nem parecia a Lilly!

- Da mesma maneira ela agiu comigo quando gritei... parece que eu havia acionado uma válvula dentro dela que fez com que ela surtasse. Ela se mostrou seriamente ofendida e passou a dizer um monte de coisas ao mesmo tempo, inclusive me acusando de não me importar com ela... Lilly começou uma espécie de desabafo tardio e eu pude ver que ela estava com aquilo tudo a sufocando por muito tempo. Só que ela já não conseguia controlar e atirava para todos os lados.

- Exatamente como me senti quando ela passou a me agredir verbalmente...

- Sim, foi o que ela fez! Me acusou de exigir que ela fosse perfeita e aí começou a falar o nome de todos, inclusive o do senhor, como sendo um pai que prezava por uma filha obediente e vestida a seus moldes.