Capítulo 32 -A última conversa

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No dia seguinte...

- Nossa, ela acordou cedo! - Nancy se espantou com a disposição da filha em levantar cedo sendo que desde que deixou a ONG por ordens de Zach, Lilly acordava tarde e ficava em casa o dia todo.

- Sim, quero aproveitar bem esse spa como eu mereço. Talvez seja o único dia em que eu realmente relaxe de verdade... - disse enquanto se servia de uma xícara de café na cozinha.

- Minha filha... não vai mesmo se abrir comigo sobre o que está acontecendo com você?

- Eu já disse que não está acontecendo nada, Nancy!

- Lilly, quando foi que perdeu a confiança em mim?? Primeiro você começa a agir com uma agressividade gratuita o que me fez te desconhecer completamente. E tudo começou desde que aceitou se casar novamente com Zach e eu pensei que você estava feliz. Depois eu tenho a impressão que você está me escondendo alguma coisa, e outro dia tive a impressão de que você e seu noivo estava discutindo novamente. Vai mesmo continuar com esse teatrinho pra cima de mim? Me conta o que está acontecendo filha! Você se arrependeu de ter aceitado se casar com Zach, é isso? Ele está te pressionando de alguma forma?

- Ai, Nancy, quanta coisa.... Não, nada a ver! Pare de bobagens! Acontece que... e-eu estou nervosa como qualquer noiva estaria, ué... Casamento é uma mudança de vida e às vezes, eu penso se vou ou não dar conta, sei lá...

- Da outra vez que ficou noiva dele você não ficou desse jeito!

- Eram circunstâncias diferentes, só isso!

- Diferentes por quê se o noivo é o mesmo? Isso tem alguma coisa a ver com ter reencontrado Eddie??

- Ah quer saber? Deixa eu ir logo pra esse spa que estou atrasada! Tchau Nancy! - a garota dá um beijo na mãe e sai rapidamente.

- Menina, espera, estamos conversando...

- Só chego no final do dia... tchau! - bate a porta de saída.

Lilly parecia ansiosa para se internar no centro de estética. Era um alívio saber que ficaria o dia inteiro sem ver seu opressor. Separou suas melhores lingeries, biquinis e imaginou como seria bom ter as massagens, os banhos relaxantes e o cuidado com a pele que deveria estar ressecada de tanta chateação.

Pegou seu carro e dirigiu-se ao Brooklyn satisfeita. 

Eram angustiantes seus dias por saber que casaria com um homem asqueroso como Zachary Lars. Alguém que sempre pareceu ser bondoso e compreensivo, agora era um homem violento, opressor e que ameaçava sua família através de suas influências do cenário político. Odiou ainda mais a política. Já não bastasse a família por parte do pai biológico ser composta por pessoas preconceituosas e hipócritas, agora estava prestes a levar o nome de um homem mentiroso que representava a maior farsa do ativismo político americano.

Todos os dias, Lilly pensava numa estratégia para logo se desvencilhar desse casamento tão logo chegasse casada a Inglaterra. Tentava planejar uma maneira de que sua família, principalmente Nancy, não fosse atingida pelo ódio de seu algoz. Sua maior preocupação era a mãe que estaria sozinha. Foi proibida de levá-la junto para a Inglaterra e o fato dela e Karen Lee estarem estranhas uma com a outra, Lilly não poderia contar que o pai a protegesse.

Dirigiu alguns minutos até o Brooklyn e enfim encontrou o endereço da clínica estética. O lado de fora já sugeria um lugar agradável regado a tranquilidade que a natureza poderia oferecer. Em pleno Brooklyn havia um lugar relaxante e isso era um tanto irônico para Lilly.

Foi recebida muito gentilmente por Mary que tratou de apresentar primeiramente as dependências do spa e as atividades propostas para Lilly:

- Olha, eu estou achando tudo perfeito! Mas, não está muito vazio para uma sexta-feira? Eu não devo ser a única noiva de New York e pelo que vi a sua clínica é muito conceituada sendo inclusive frequentada por mulheres famosas.

- Ah, claro, mas é que eu imaginei que você não quisesse ser incomodada então, deixamos ela exclusivamente pra você...

- Imagina... não precisava de tudo isso! 

- Ah, fizemos questão também, Lilly! Você é alguém realmente muito importante. O trabalho da sua ONG é incrível! Mas, venha, vou lhe encaminhar ao vestiário onde haverá um robe para você colocar e vamos começar pelas massagens, certo?

- Está ótimo! Realmente estou precisando desse tipo de mimo, acredite!

Lilly foi ao vestiário e tirou toda sua roupa conforme as instruções. Vestiu o robe e, em seguida, foi levada a um ofurô de água quente que ajudaria a relaxar os músculos para iniciação das massagens. Ficou em torno de trinta minutos em um banho de rosas muito cheirosas e ao sair, vestiu seu robe novamente e foi levada a sala de massagens, mas antes que tirasse a peça novamente e se deitasse, ouviu uma frase inusitada vinda de uma voz bastante conhecida:

- Eu me lembro de ter te encontrado um dia antes do seu outro casamento e você ficou muito brava comigo. Eu precisava vir me redimir!

- Oh, meu Deus... Eddie? - seu semblante surpreso era acompanhado de um sorriso de orelha a orelha.

- Esse sorriso significa que estou perdoado? - o semblante infantil de Eddie que a contemplava a sua frente fez com que em um impulso, Lilly corresse e o abraçasse.

- Ah, Eddie.... se soubesse como eu estava precisando do seu abraço...

O rapaz percebeu que Lilly chorava e se preocupou:

- Hey, o que foi? Por que está chorando? O que foi que aconteceu??? Não vai me dizer que aquele playboyzinho...

- Não, Eddie! Eu só estou emocionada, só isso... - sorriu em meio as lágrimas. - Mas, o que você está fazendo aqui??? - parecia que agora a garota se apercebia que Eddie não poderia saber que ela estava naquele lugar.

- Digamos que o meu pai tem algo a ver com isso... Aliás, melhor, eu diria que ele tem tudo a ver...

- O papai??? Mas, por quê? E-eu não entendo...

- Lilly, ele não se conformou de você ter inventado aquela desculpa para não se encontrar com ele hoje... Ele já estava desconfiado que você estava evitando encontrá-lo. Você não vai ter pompas nenhuma no seu casamento e nunca pareceu uma noiva empolgada, fora que anda agindo de forma estranha. A desculpa do spa não o convenceu nenhum pouco. Foi quando ele conversou com a Mary e pediu pra fechar essa clínica hoje exclusivamente pra você.

- Não acredito que meu pai está mancomunado com a Mary...

- Mancomunado?? Assim também não, Lilly! Não estamos querendo fazer nenhum mal pra você! Só entender o que está acontecendo...

- Não, tudo bem, eu não quis dizer isso de uma forma ruim... Eu só lamento que tenha sido necessário isso pra ... enfim, estou envergonhada. Mas, onde está o meu pai?

- Ele não veio! Na verdade, se ele tivesse combinado algo com você hoje, ele também não viria. Ele também não havia me dito nada, mas tudo que ele queria era que a gente tivesse uma última conversa antes desse seu casamento...

- Que tipo de conversa?

- A mais sincera de todas! Lilly, está na cara que você não quer se casar com Zach. O que está acontecendo, afinal? 

- Não está acontecendo nada, Eddie! - por não conseguir mentir, imediatamente a garota baixa a cabeça e Eddie a ergue pelo queixo.

- Lilly, eu te conheço! - a fita. - Eu posso ver seus olhos lacrimejados denunciarem o quanto você está infeliz. Por que vai se casar com alguém que não ama? Novamente está fazendo isso porque está com raiva de mim?

- Eu não estou com raiva de você, Eddie! - deixou a primeira lágrima escapar.

- Então desiste agora desse casamento e vem comigo pra Seattle...

- Seattle?

- Vamos pra nossa casa... Ela ainda está do mesmo jeito que você deixou. Se quer saber a verdade, eu nunca mais dormi no nosso quarto desde que você veio embora pra New York e a gente se separou em definitivo. Faz mais de um ano que não toco naquele quarto porque ele tem o seu cheiro e isso só me faz lembrar o quanto eu te amo e não tenho você pra mim! Volta pra casa comigo, Lilly!

Eddie já segurava as mãos da moça que apenas esperou ele finalizar sua fala para beijá-lo. Um beijo apressado, louco, cheio de desejo e paixão. 

Indifference - Fingirei ser livre  *SAGA FASE 3*Onde histórias criam vida. Descubra agora