Capítulo 39 - O dia do sim - parte final

5 2 0
                                    

Algumas horas mais tarde a casa de Josh Vedder ainda era pura desolação e Jason procurou manter uma parte de sua equipe com a família afim de dar a assistência que todos precisassem. 

Nancy tinha um choro pesado, impossível de ser consolado, devastador por sentir perder sua única filha enquanto Josh não tinha forças para sequer dar a esposa a esperança de que Eddie não estava entre os ocupantes do veículo. Estava sem acreditar que poderia existir a possibilidade  de ter perdido os dois filhos em um só dia.

O tempo todo a equipe de policiais atualizava as notícias para os três e já adiantava que o local de buscas era de difícil acesso. 

No entanto, para um alívio parcial, eram quase 6:30 da noite quando Eddie apareceu surpreso ao ver o carro da polícia à frente de sua casa. Ao avistá-lo chegando um tanto desorientado, Karen Lee correu para abraçá-lo seguida de Josh.

- Filho, pelo amor de Deus, onde você esteve?

- Ah, me desculpem, eu... não estava bem... Passaram mil coisas pela minha cabeça e só quando eu tive um choque de razão foi que me dei conta da besteira que poderia fazer, mas... o que é essa polícia toda aqui? O que está havendo??Prenderam aquele infeliz do Zach??? E onde está a Lilly?

Josh e Karen Lee se entreolharam desolados e o homem chamou o filho a um canto para tentar lhe explicar o que havia acontecido, mas antes o enquadrou:

- Agora estamos só eu e você! Vai me explicar onde esteve e fazendo o quê! E nem tente me enrolar, Eddie! - o homem falava em tom baixo disfarçando para que a equipe de policiais não desconfiasse da conversa.

- Ah, pai, não foi nada demais, eu apenas... Você viu que tinha uns caras engravatados e mal encarados ao redor do cartório?

- Não me lembro de ter reparado nisso, mas o que é que tem eles?

- Bom, eu notei que estavam o tempo todo falando em walkie-talkies e teve uma hora que eu percebi que estavam armados. Eu reparei no momento em que um deles deixou a arma cair e.. eu acabei pegando.

- Foi por isso que você sumiu, seu moleque??? O que pretendia fazer?

- Ah pai, vai me desculpar, mas eu já estava agoniado. Lilly e aquele babaca do Zach não apareciam e eu resolvi ir atrás deles. Imaginei que estivessem no Trevisan Palace, que é o onde Zach mora. Fui até lá, mas o zelador me informou que ele e Lilly haviam acabado de sair. Voltei ao cartório e imaginei que haviam se casado, já que não vi mais ninguém por lá. Eu estava puto só de imaginar que aquela calhorda possa ter encostado um dedo na Lilly e resolvi esfriar a cabeça antes de voltar pra cá. Fiquei imaginando que a porcaria do mandado de prisão não havia saído e que aqueles dois estivessem casados, mas... o que está havendo, afinal? O que são todos esses policiais aqui em casa???

- Eddie, o que você fez com a arma?

- Me livrei dela quando estava passando por Catskills... Joguei em um dos abismos!

- Catskills??? Você passou por Catskills???

- Sim, por quê? Pai, o que houve? Quer me explicar o que está acontecendo?

- Oh meu filho.... Eu vou lhe dizer...

Josh sentiu-se mais aliviado de ver que Eddie não conseguira alcançar Zachary, mas não menos desolado de ter que dar ao filho a notícia sobre o que houve com Lilly. Não precisou muito para que Eddie tivesse um surto nervoso e quebrasse o que via pela frente precisando ser contido por Josh e Jason, e só quando o detiveram foi que o rapaz pôde se entregar ao choro inconsolável.

Eddie parecia ter perdido o chão e estava em total estado de negação pronunciando algumas frases soltas enquanto chorava a morte de seu grande amor:

- Eu deveria tê-la arrastado comigo ontem quando nos encontramos!!!

- Calma, filho! - Karen Lee era a única que conseguia falar visto que Josh se encontrava ainda mais angustiado.

- Aquele maldito!!! Aquele maldito enfim conseguiu tirar a Lilly de vez de mim! MALDITO!!!

O rapaz chorava inconsolável e se debatia no chão lamentando a partida de Lilly e só um tempo depois foi convencido a ir para seu quarto tentar descansar enquanto Karen Lee pediu que lhe preparassem calmantes e um chá.


Uma hora depois...

- Com licença! - um senhor distinto usando terno e gravata com semblante caído surgia na sala dos Vedder e Josh o recebeu.

- Posso ajudá-lo?

- Boa noite, não está me reconhecendo? Eu sou Harrison Lars, pai de Zachary! Eu lamento não termos conversado direito no cartório... Eu estava procurando saber o que havia acontecido com meu filho...

- Sim, sim, entendo perfeitamente. Mas, em que posso ser útil? 

- Senhor Vedder, eu vim apenas prestar minhas condolências e o senhor deve imaginar com que pesar faço isso... Afinal de contas, eu também acabei de perder meu único filho...

O homem começou a chorar e Josh ainda o encarava com desconfiança, no entanto, não podia negar seus cumprimentos já que Zachary poderia também ter perdido a vida. Harrison pegou um lenço em seu bolso e passou a falar em soluços:

- Senhor Vedder, eu... queria ... enfim, assim como eu, o senhor também não tem um corpo para enterrar já que o mais provável é que a explosão.... enfim... mas, eu gostaria de poder prestar uma homenagem a Zach e a Lilly. Um dos policiais lá fora me contou que o irmão dela também estava com eles, eu não entendi muito bem.

- Sim, Fred Maya também estava junto! Eu mesmo tive que avisar a família dele no Brasil.

- Meu Deus! Aquele rapaz era um jovem promissor na carreira política. Meu filho me pediu várias vezes apoio para sua candidatura a vereador em New York, mas Fred fazia trabalhos sociais na América inteira. Que lástima! A família Maya perdeu hoje dois grandes sucessores de sua trajetória política. Lilly foi uma pioneira com a ONG Vitalogy! 

- Também lamento por sua perda, Harrison! Aceite minhas condolências. - Josh abraçou o pai de Zach que permanecia pranteando depois ofereceu que o homem se sentasse.

Karen Lee olhando aquela cena, chamou o marido de canto:

- Josh, temos mesmo que receber esse homem aqui?

- O que quer que eu faça, Lee? Querendo ou não, ele também perdeu um filho hoje! Olha, por favor, fique um pouco aqui fazendo sala pra eles, eu.... eu só quero ficar um pouco sozinho.

- Mas, Josh...

- Por favor, Lee.... 

O homem se afastou e foi ao seu quarto onde avistando-se solitário liberou o seu pranto. Sentiu-se fracassado perante a situação e tentava ainda se agarrar a um fio de esperança que fosse de que as testemunhas pudessem estar enganadas. No entanto, a noite e a madrugada foram adentrando e tudo permanecia igual...


Indifference - Fingirei ser livre  *SAGA FASE 3*Onde histórias criam vida. Descubra agora