Capítulo 5 - Mãos atadas

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No dia seguinte, como combinado, Lilly foi almoçar com Zach e na volta ele a acompanhou ao escritório da ONG.

- Bom, nós conversamos o tempo todo durante o almoço somente assuntos pessoais... - Zach comenta. - Mas, me conta, como estão os novos projetos da ONG?

- O que foi que disse? - Lilly o indaga enquanto acha estranho um cartão que vê em cima de sua mesa.

-O que tem nesse cartão?

- Nada, é que June havia me dito que uma jornalista está há muito querendo uma entrevista comigo, mas sempre que ela liga eu não estou. Ela me disse que a moça havia vindo aqui hoje e deixado o cartão para eu entrar em contato com ela: Ava Farrow. Conhece???

- Ava Farrow????Essa é a jornalista que quer entrevistar você???? - Zach se espanta.

- Sim, você a conhece???

- Se eu a conheço??? Lilly, essa não é uma jornalista idônea. Essa mulherzinha não passa de uma sensacionalista do tipo que gosta de prejudicar a imagem das pessoas pra conseguir ser vista. Ela publica tudo diferente do que você fala. É uma desonesta!

- Nossa, não sabia disso!!!

- Você se lembra quando eu disse que acabei entrando pra política por causa do que fizeram com a minha mãe?

- Sim, você me disse que sua mãe levantou a causa das mulheres que sofriam violência doméstica e das que eram hostilizadas e assediadas no ambiente de trabalho.

- Exatamente. E te disse também que isso custou a vida dela quando o cretino do encarregado a assassinou na minha frente quando eu tinha dez anos de idade. - o rapaz fica nervoso.

- Calma, Zach! Eu me lembro sim de tudo que me contou, mas o que isso tem a ver com Ava Farrow?

- Tem a ver que quando comecei a me destacar com ativismos na faculdade a favor dos direitos da mulher, ela me procurou para me entrevistar. Isso foi há uns dois anos atrás...

- Entendi! E...?

- Eu achando que seria uma grande oportunidade, aceitei ser entrevistado. Mas, não foi uma simples entrevista. Ela queria estar comigo no dia a dia acompanhando meu trabalho, me acompanhando nas campanhas com meu pai, me vendo fazer palestras na faculdade, etc... Nos falávamos todos os dias, ela ia a minha casa, conversava comigo, com meu pai, trocávamos ideias... Eu achei aquilo legal porque entendi que ela queria conhecer a fundo o meu trabalho. Ela conheceu meu estilo de vida e tudo ao meu respeito pra poder falar com propriedade sobre o que eu fazia...

- Sim, me parece ser de bom tom que o jornalista faça isso...

- Sim, claramente. No entanto, marcamos a tal entrevista depois de umas duas ou três semanas em que ela me acompanhava... Ocorreu tudo na minha casa. Recebi sua equipe, preparamos o ambiente, ela já havia me mostrado as perguntas que faria e eu passei um bom tempo me preparando para responder da melhor maneira... Só que quando ela publicou a entrevista, acabou mudando um monte de coisa que eu havia falado e deu a entender ao público que eu fazia tudo apenas para angariar votos para a campanha política do meu pai e que por trás das câmeras eu era um machista e em nada me preocupava com assunto sobre mulheres...

- Caramba..

- Depois que confiei nela, contei toda minha história e a vida da minha mãe que morreu na minha frente covardemente assassinada, ela quis dar a entender que eu usava o que minha mãe havia passado pra me promover. Foi de uma crueldade sem fim, e de uma covardia infinita. Ela quis acabar com a minha imagem e a do meu pai.

- Mas, por que ela fez isso???

- Ora, Lilly... a imprensa marrom está cheia de jornalistas sensacionalistas como essa Ava Farrow. Ela não é a única, acredite! Eles pegam pessoas como eu e você que levamos a política a sério em benefício de uma sociedade mais justa pra manchar a nossa imagem e detonar um trabalho sério que demoramos anos pra construir... Você não está acostumada com isso, e não tem ideia do que essa gente é capaz.

Indifference - Fingirei ser livre  *SAGA FASE 3*Onde histórias criam vida. Descubra agora