Aniversário

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Eu não sabia direito o que esperar quando minha prima Blake resolveu organizar uma festa à fantasia para comemorar meu aniversário. Eu não estava muito animada, pois ultimamente tenho me sentido meio pra baixo e sem vontade de comemorar nada. Mas Blake insistiu tanto que acabei concordando, afinal, ela tinha se esforçado tanto para organizar tudo.

Estava sentada em frente ao espelho, olhando para meu reflexo com um olhar triste e desanimado. Estava prestes a se arrumar para a festa, mas não estava com ânimo para isso. Blake, percebendo meu desânimo, se aproximou e colocou a mão em meu ombro.

Blake: Sabrina, o que está acontecendo? Você parece tão pra baixo...

Suspiro e olho para Blake, meus olhos cheios de tristeza.

Sabrina: Eu não sei, Blake. Eu só estou me sentindo meio perdida ultimamente. Não estou no clima para festas, para me arrumar, para nada.

Blake sorri, tentando me animar.

Blake: Não se preocupe, priminha. Eu tenho uma ideia. Deixa comigo, eu vou te arrumar e tenho certeza que você vai ficar linda.

Concordo, deixando-me nas mãos de minha prima. Ela pega o kit de maquiagem e começa a cuidadosamente aplicar a maquiagem em meu rosto, realçando meus olhos e meus lábios de maneira sutil.

Blake: Pronto! Agora é a parte do cabelo.

Ela pega o babyliss e começou a fazer cachinhos em meus cabelos, cuidando para que ficassem perfeitos e delicados.

Sabrina: Blake, não sei como te agradecer. Você está me deixando tão bonita.

Blake sorri e olha em meus olhos, cheios de carinho.

Blake: Você sempre esteve linda, Sabrina. Às vezes, tudo o que precisamos é um pouco de carinho e atenção. Lembre-se que estou aqui para você, sempre.

Me levanto e abraço minha prima com força, agradecida por tê-la ao meu lado.

Sabrina: Obrigada, prima. Por tudo. Você é a melhor prima do mundo.

Cheguei à festa já tarde, e quando saio para o jardim, fiquei surpresa com o que vi. Havia várias pessoas lá que eu nem sequer conhecia, todas com fantasias incríveis e coloridas. Blake havia caprichado mesmo na decoração e na escolha dos convidados. Enquanto caminhava pela festa, algumas pessoas vinham até mim para me parabenizar e pela fantasia criativa que estava usando. A sensação de ter os olhares sobre mim era ao mesmo tempo empolgante e desconfortável, especialmente porque a roupa minúscula que eu estava usando deixava meu corpo muito à mostra. No entanto, a capa que veio junto com a fantasia conseguia cobrir um pouco mais, o que me deixava um pouco mais confortável.

Lembrei-me do momento em que deixei Blake escolher minha fantasia para a noite. Ela tem um senso de estilo muito único e sabia como me fazer sair da minha zona de conforto. A ideia de usar algo tão diferente do que eu normalmente usaria me fazia dar um sorriso quando pensava nisso. Eu continuava a circular pela festa, senti um misto de nervosismo e insegurança.

Enquanto observava tudo ao meu redor, percebi que estava me sentindo ainda triste. A música alta, as risadas e os sorrisos das pessoas me faziam sentir ainda mais fora de lugar. Fui até um canto do quintal, longe de todos, e fiquei ali sentada, olhando para o chão, perdida em meus pensamentos.

Meu coração acelerou ao sentir o perfume dele,  papai se aproximou de mim e desligou a mão em minhas costas,  perguntou com sua voz suave:

_Por que você está aqui sozinha, minha bonequinha? Está tudo bem?

Minha voz saiu um pouco trêmula quando respondi:

_S-sim, estou bem. Só precisava de um momento sozinha.

Ele pareceu notar minha hesitação e, com um olhar gentil, disse:

_ Você sabe que pode confiar em mim, certo? Se precisar de alguém para conversar, estou aqui.

Eu me forcei a parecer um pouco relaxada, tentando controlar o medo que ainda queimava dentro de mim.

_Obrigada, papai. É só... é só que não gosto muito de tumulto, sabe?

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, Blake chegou, puxando-me pelo braço e me levando para longe dele, interrompendo o momento.

_ Vamos, priminha, precisamos ir agora, Blake disse, sua voz autoritária deixando claro que não havia espaço para argumentos.

Eu lancei um olhar rápido para trás, vendo papai ficar lá parado, seu olhar frio ainda fresco em minha mente. Eu só podia esperar que ele entendesse que não foi minha culpa e que não me castigue depois.

Minha prima começa a conversar com alguns amigos, a luz fraca do ambiente destaca minha expressão entristecida. Eu olho para a porta, esperando que minha mãe entrasse a qualquer momento, mas o tempo passa e ela não aparece. Meu coração está apertado pela ausência da pessoa mais importante em minha vida, minha mamãe.

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As lágrimas inundam meus olhos, enquanto eu seguro com força um lenço entre as mãos trêmulas. A ausência de minha mãe nesse dia especial, em minha festa de aniversário, era um golpe duro. Me pergunto por que ela não veio, se algo havia acontecido, se estava bem.

Tento me consolar pensando que talvez mamãe estivesse muito ocupada, ou que algo inesperado tivesse acontecido para impedi-la de comparecer. Mas a tristeza que estou sentindo é tão grande, a solidão desse momento me envolve como um manto sombrio.

"Cadê você , mãe?", sussurro para o vento. Meu ser anseia por um abraço materno, por palavras de conforto e carinho. A presença de minha mãe é o que eu mais desejo nesse momento.

Lá estava eu, encostada em um canto da festa, sentindo um vazio dentro de mim por não ter minha mãe presente nasse momento tão especial. Foi quando Blake se aproximou e percebeu minha tristeza. Com um olhar solidário, ela perguntou o motivo da minha melancolia. Com um nó na garganta, contei a ela sobre a ausência de minha mãe.

Sem hesitar, Blake propôs que eu bebesse para esquecer um pouco da dor. Ela me levou até um barril onde havia vodka, e sem pensar muito, aceitei a bebida que ela me ofereceu. O líquido quente desceu pela minha garganta, queimando e ao mesmo tempo entorpecendo minhas angústias. Por um instante, me permiti esquecer a tristeza e me deixei levar pelo momento de alívio que aquela bebida proporcionava. Era como se a vodka amenizasse a ausência tão sentida de minha mãe naquele momento festivo.

Depois de alguns goles, Blake se afastou por um momento, dizendo que precisava retocar sua make. Fiquei ali, parada, absorvendo a sensação de alívio momentâneo que a vodka me proporcionava, enquanto a música e as luzes da festa dançavam ao meu redor. Mesmo sozinha por um instante, senti-me grata pela presença e pela preocupação de Blake, que mesmo com sua partida momentânea, tinha me oferecido um gesto de solidariedade e amizade em meio à minha tristeza.

Eu caminhava cambaleante em direção à minha casa, a sensação de leveza e desconexão proporcionada pela vodka confundindo meus sentidos. Subi as escadas, tropeçando levemente nos degraus, até alcançar o corredor que levava ao meu quarto. O ambiente estava parcialmente iluminado pelas luzes suaves que escapavam dos cômodos adjacentes, criando sombras e movimentos indistintos ao meu redor.

Foi então que, ao passar pelo corredor semi-escuro, me deparei com uma silhueta à distância. Meus olhos turvos tentaram focar, e pude distinguir vagamente a figura de alguém, como se observasse silenciosamente pela fresta da porta do escritório de papai. Meus pensamentos confusos demoraram a processar o que estava acontecendo, e minha curiosidade foi atiçada ao reconhecer a semelhança daquela sombra com a de Blake.

Meu coração acelerou dentro do peito, a confusão se misturando com a ansiedade à medida que me aproximava cautelosamente da porta entreaberta. A mistura de álcool e emoções fez com que minhas pernas tremessem, mas eu avancei, desejando desvendar o enigma da figura misteriosa que espreitava na penumbra. O que minha prima estaria fazendo ali, naquela hora da noite, observando de maneira furtiva?

















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