Lobo em pele de cordeiro

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Eu e Erik chegamos em frente a minha casa com a intenção de começar o trabalho escolar juntos. Assim que adentramos a porta, papai nos recebeu com um semblante fechado e uma expressão de desagrado ao ver o garoto ao meu lado. Um clima pesado pairava no ar enquanto eu tentava desviar a atenção de papai, convidando-os a irem para meu quarto. Papai nos observa subir as escadas e, com um olhar carregado de desconfiança, decidiu nos acompanhar  de perto.
Ao chegarmos no quarto, tento quebrar o gelo, explicando o motivo da presença de Erik ali. No entanto, ele permanecia impassível, transparecendo um mistério e uma hostilidade palpáveis em seu olhar.

"Eu sei muito bem o que vocês estão fazendo aqui", disse ele, com voz séria e cortante. "Não quero esse garoto na minha casa."

Fico surpresa com a reação dele, tentando argumentar que não há motivo para desconfiança. Erik, por sua vez, mantinha-se calado, respeitando a situação delicada em que se encontravamos. Papai não se deixou convencer facilmente. Sua postura rígida e autoritária refletia seu carinho e preocupação comigo, mas também revelava uma sombra de insegurança e medo diante da presença de meu colega de escola.
Enquanto nos três tentava se concentrar no trabalho, a tensão continuava presente no ambiente, criando um clima desconfortável e opressivo. Papai, em silêncio, observava cada movimento nosso, analisando cada palavra dita e gesto feito. No entanto, ao longo do dia, eu e Erik demonstramos maturidade e responsabilidade em nossos afazeres, mostrando ao papai que a confiança e a transparência eram valores essenciais em nossa amizade. Ao final do trabalho, a gente apresentou o resultado de nosso esforço, surpreendendo meu pai com a qualidade e dedicação empregadas. Ele, ainda com a expressão séria, não pôde deixar de se impressionar com a competência e comprometimento nosso.

Eu e Erik finalmente terminamos o trabalho e estávamos sozinhos no quarto. Papai tinha saído rapidamente para atender uma ligação. A tensão no ar era evidente, mas ao mesmo tempo, havia uma sensação reconfortante de amizade e cumplicidade entre a gente. Erik olha nos meus olhos e, com um sorriso tímido, levou sua mão até meu rosto e depositou um beijo carinhoso em minha bochecha. Sinto meu coração acelerar e um arrepio percorrer minha espinha.
Antes que pudessem reagir ao gesto, ouvimos um barulho do lado de fora do quarto. Papai estava nos observando escondido, com uma expressão de raiva estampada em seu rosto. Eu e Erik se entreolhamos, surpresos e sem saber o que fazer. O silêncio pesado pairava no ar, enquanto papai nos encarava com um olhar furioso. Sem dizer uma palavra, ele virou as costas e saiu do quarto, deixando a gente perplexos com a situação.
Erik olha para mim, preocupado, e Sussurra: "Acho que é melhor eu ir embora agora". Eu assentii, ainda atordoada com o que acabara de acontecer. Enquanto Erik se despediu e saiu da casa, eu não conseguia tirar da mente a imagem de  papai nos observando escondido. Uma sensação estranha de desconforto e insegurança toma conta de mim, e eu sabia que teria que lidar com as consequências daquele momento constrangedor. Assim que retorno da entrada de casa encontro papai parado na sala, com uma expressão séria e enigmática. Ele se aproxima, me levando até a parede, e com um tom de voz cheio de raiva, exige que eu prometa que não permitiria mais que aquele garoto se aproxime. Mesmo com medo, tento explicar que preciso trabalhar com ele em um projeto da escola, mas papai não aceitou desculpas. Ele pediu com firmeza para que eu prometesse que o garoto nunca mais me tocaria, e eu, temendo a reação dele, concordo em silêncio. Sentindo-me sufocada pela pressão de papai, eu não sei como lidar com a situação delicada em que me encontro. Quando eu estava prestes a dar uma resposta a papai, tentando convencê-lo a permitir que eu continuasse o trabalho com Erik, quando a porta se abriu e mamãe entrou na sala. Ao ver a expressão séria no rosto dela, papai solta meu braço, dando um passo para trás.

_ O que está acontecendo por aqui? Diz mamãe olhando nos olhos de papai

Respiro aliviada ao sentir que a pressão de papai sobre mim diminuiu com a presença dela.

_ Nada, querida. Apenas conversávamos sobre algumas orientações que eu estava dando à Sabrina. Diz papai desconversando

_ Sabrina, querida, por que você não vai descansar um pouco no seu quarto?  Diz mamãe em um tom sarcástico.

Eu, sem dizer uma palavra, assentii e sigo para o meu quarto, levando comigo a sensação de alívio por ela ter chegado naquela hora. Enquanto caminhava pelos corredores da casa, eu reflito sobre a forte postura de papai… Entro em meu quarto e fecho a porta atrás de mim, sentindo um misto de emoções. Me aproximo do espelho do banheiro e, ao tirar a blusa, vejo as marcas avermelhadas em meus braços, onde as mãos firmes dele haviam segurado com força. Uma sensação de dor e tristeza me invade, fazendo com que lágrimas silenciosas escorriam pelo meu rosto.

Me sento no chão do banheiro, abraçando meus joelhos, tentando processar o que havia acontecido momentos antes. Eu não consigo entender como alguém que é tão carinhoso e amável poderia ser tão agressivo e controlador. Um sentimento de revolta cresce dentro de mim, mas ao mesmo tempo, uma sensação de fragilidade me invade, deixando-me sem forças para reagir. Fico ali por alguns instantes, absorvendo as marcas visíveis e invisíveis daquela situação, Nesse momento de vulnerabilidade, o papai entra em meu quarto e vem direto ao banheiro, encontrando-me ali abaixada e chorando. Seus olhos encontraram os meus e, com uma expressão de arrependimento, ele se abaixa perto de mim e diz que me ama. Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, a voz de mamãe o chama, fazendo com que ele se levantasse depressa e saísse do banheiro, dizendo que ainda precisávamos conversar. Permaneço ali, atordoada com a rapidez dos acontecimentos e com as palavras dele ecoando em minha mente. Me sinto confusa e dividida, sem saber como lidar com essa situação delicada e dolorosa.

SABRINA E O SEU MUNDO SECRETO |+18 Onde histórias criam vida. Descubra agora