Refúgio Temporário

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Cheguei ao hospital com o coração acelerado e a mente cheia de preocupações. A imagem de minha mãe doente me atormentava desde que recebi a notícia. Eu precisava vê-la, saber o que realmente estava acontecendo. Ao entrar na recepção, vi uma enfermeira e me aproximei.

— Com licença, estou procurando por minha mãe — disse, a voz trêmula. — Ela foi internada recentemente, o nome dela é Helena Belmont.

A enfermeira, uma mulher de meia-idade com um olhar cansado, consultou uma prancheta.

— Helena Belmont? Ah, sim. Sinto muito, mas ela não pode receber visitas. Ordens do seu pai, Arthur.

Um nó se formou em minha garganta.

— Meu pai? Ele sabe que estou aqui?

A enfermeira me olhou com suspeita.

— Não, ele não sabe — admiti, tentando manter a calma. — Por favor, eu preciso vê-la. É urgente.

A mulher suspirou.

— Eu entendo, querida, mas não posso quebrar as regras. Vou ligar para o seu pai para pedir permissão.

Enquanto a enfermeira se afastava para fazer a ligação, vi minha chance. Com o coração batendo ainda mais rápido, me esgueirei pelo corredor. Avancei com cuidado, tentando parecer invisível aos olhos dos outros funcionários. Depois de alguns minutos, encontrei a placa que indicava a ala dos quartos.

Com passos silenciosos, abri a porta de um dos quartos. Lá estava minha mãe, deitada na cama, pálida e fraca, como se estivesse sob efeito de fortes remédios. A visão me atingiu como um soco no estômago, e lágrimas encheram meus olhos.

— Mãe? — sussurrei, aproximando-me da cama. — O que aconteceu?

Os olhos dela se abriram lentamente, mas não houve resposta. Algumas lágrimas silenciosas escorreram pelo rosto de minha mãe, revelando a dor e a tristeza que ela sentia. Segurei a mão dela, sentindo o frio na pele dela.

— Mãe, estou aqui agora — disse, com a voz embargada. — Vou cuidar de você, prometo.

A porta do quarto se abriu bruscamente, e a enfermeira entrou, seguida por um segurança.

— Sabrina! Você não pode estar aqui!

Me virei, ainda segurando a mão da minha mãe.

— Por favor, só mais um minuto — implorei, sentindo o desespero tomar conta de mim.

A enfermeira balançou a cabeça, os olhos cheios de compaixão.

— Você precisa sair agora. Vamos ligar para o seu pai.

Relutante, soltei a mão da minha mãe e me levantei. Lancei um último olhar para ela antes de ser levada para fora do quarto. As lágrimas que correram pelo rosto dela agora espelhavam as minhas próprias.

Saí do hospital com passos incertos, cada movimento um esforço consciente para não desmoronar sob o peso das notícias que acabara de receber. O céu estava cinzento, refletindo perfeitamente meu estado de espírito. Apertei o casaco contra mim enquanto caminhava de volta para a pousada. A brisa fresca do outono me envolvia, mas não conseguia dissipar o frio que eu sentia por dentro.

Ao chegar à pousada, fui direto para o meu quarto, ignorando a saudação calorosa da recepcionista. Tranquei a porta atrás de mim, desejando que o mundo lá fora pudesse ser afastado tão facilmente. O quarto estava exatamente como o deixei, mas agora parecia imensamente vazio. Tirei o casaco e joguei-o sobre a cama, antes de me dirigir ao banheiro.

Liguei o chuveiro e deixei que a água quente escorresse pelo meu corpo, na esperança de que levasse consigo a sensação de desespero. Enquanto a água caía sobre meus ombros, meus pensamentos voltaram-se inevitavelmente para minha mãe. A imagem dela, tão frágil e abatida no hospital, estava gravada em minha mente. Senti a raiva e a dor misturarem-se, um turbilhão de emoções que me deixava sem fôlego.

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