Brincadeiras, risos e sustos

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Sabrina narrando

Allana estava de folga, e assim que ela me viu, ela já estava me chamando para ir ao shopping.

— Vamos, Sabrininha! Hoje é meu dia de folga, e o Dylan deixou o cartão dele para a gente se divertir!”  Ela parecia animada, e eu, mesmo um pouco chatinha por causa da menstruação, não resisti ao convite. Afinal, faz tempo que não vou ao shopping, talvez fosse bom passear um pouco.

No shopping, começamos a passear pelas lojas, e logo a Allana já estava me arrastando para a seção de lingerie.

— Sabrinaa, olha essa daqui! Sexy, né? — Ela me mostrava uma peça preta de renda, com um sorriso malicioso.

Eu ri, meio sem jeito. — É linda, mas acho que é muito ousada pra mim...

Allana balançou a cabeça, rindo. — Ah, nada disso! Você devia se permitir mais, sabia? Olha essa aqui, vermelha, toda delicada. Imagina o Dylan vendo você com isso... Aposto que ele ia adorar!

Fiquei vermelha na hora, o que só fez Allana rir mais. — Para com isso, Allana! — Mas era impossível não sorrir com o jeito dela. Ela tinha uma energia tão leve, tão contagiante. Acabei pegando a lingerie vermelha que ela sugeriu e coloquei no carrinho.

Depois de um tempo, fomos para a seção de roupas. Allana pegou um vestido justo, de tecido leve, e colocou em frente ao corpo. — E esse? Você acha que o Javier vai gostar?

Olhei para ela e depois para o vestido. — Ele vai adorar. E você vai ficar maravilhosa com ele!

Ela sorriu, satisfeita, e colocou o vestido no carrinho. Eu mesma estava pegando algumas peças, e foi então que me dei conta de que Allana tinha razão—eu estava começando a me sentir mais à vontade. Talvez fosse a companhia dela, talvez fosse a sensação de normalidade, mas naquele momento, eu estava tudo normal outra vez.

Foi então que, enquanto experimentávamos roupas, comecei a sentir uma sensação estranha, como se alguém estivesse nos observando. No início, tentei ignorar, achando que era coisa da minha cabeça, mas o desconforto só aumentava. Toda vez que olhava para trás, não via ninguém, mas aquele calafrio na espinha não desaparecia.

Eu tentava me concentrar nas risadas de Allana, mas a sensação de estar sendo observada não me deixava em paz. Estávamos passando por uma loja de joias quando, de repente, alguém surgiu ao nosso lado.

Javier, ele agarrou Allana pela cintura, puxando-a para um beijo rápido e apaixonado. Fiquei paralisada por um segundo, o susto ainda reverberando pelo meu corpo.

— Assustei vocês? — Javier riu enquanto soltava Allana, mas seu olhar permaneceu em mim por um tempo que pareceu mais longo do que deveria.

Tentei esboçar um sorriso, mas a sensação desconfortável não me abandonava. — Vou ao banheiro, já volto — murmurei, querendo escapar daquele olhar que parecia atravessar minha alma. Saí apressada, deixando Allana e Javier para trás.

Enquanto caminhava pelo corredor até o banheiro, minha mente começou a correr com memórias que eu preferia manter enterradas. O toque inesperado de Javier me fez lembrar de algo muito mais sombrio. Papai, o porão, Erik… a expressão vazia em seus olhos… minha respiração se acelerou, e minhas mãos começaram a suar. Precisava de um momento para me recompor.

Dentro do banheiro, apoiei as mãos na pia e respirei fundo, tentando acalmar os batimentos descontrolados do meu coração. A água fria que lancei no rosto ajudou, mas só um pouco. Não queria que aquele passado voltasse a me assombrar, ainda mais agora, quando as coisas finalmente pareciam estar se ajeitando.

Depois de um tempo, decidi que era hora de sair. Com o rosto seco e a respiração um pouco mais tranquila, me dirigi de volta ao lugar onde deixei Allana e Javier. Olhei em volta, mas não os encontrei. Um leve desconforto começou a se formar novamente.

De repente, senti um toque no meu ombro e me virei rapidamente, assustada. Javier estava ali, com um sorriso despreocupado e as mãos levantadas em rendição, como se pedisse desculpas por me assustar.

— Calma, Allana está esperando você na praça de alimentação — ele disse, ainda com aquele sorriso que agora me parecia levemente estranho.

Caminhei ao lado dele, tentando manter a calma, mas havia algo naquele encontro que não me deixava completamente à vontade. Javier, percebendo meu silêncio, começou a puxar assunto.

— Então, como anda as coisas os Scott ? — ele perguntou, tentando soar casual.

— Bem — respondi, tentando manter minha voz firme. — Eles foram muito gentis em me receber. Me acolheram muito bem.

Javier assentiu, mas seus olhos continuavam a me estudar de uma forma que me deixava desconfortável. — Imagino que não deve ser fácil pra você, depois de tudo o que aconteceu.

Assenti, sem querer entrar em detalhes. — É, mas estou me adaptando.

Ele sorriu, mas o sorriso não chegou aos olhos. — Bom, se precisar de qualquer coisa, estou por aqui. E, ah, a Allana sempre fala de você. Acho que ela e o Dylan realmente gostam de ter você por perto.

Aquelas palavras soaram como um conforto, mas havia algo na maneira como ele falou que me fez sentir o oposto. Enquanto nos aproximávamos da praça de alimentação, comecei a sentir um calafrio na espinha. Precisava confiar que era só minha mente pregando peças em mim, que tudo estava bem.

Ao avistarmos Allana, que nos esperava sentada com algumas sacolas de compras, respirei fundo, tentando afastar aquela sensação desagradável.


O carro parou na frente da casa de Allana, e nós duas descemos. O sol da tarde estava suave, e o calor do dia parecia ter diminuído um pouco. Allana e eu trocamos olhares satisfeitos após uma tarde de compras bem-sucedida, e eu estava ansiosa para chegar em casa.

Javier estacionou o carro e desceu, aproximando-se de Allana. Ele parecia um pouco apressado.

— Você não vai entrar um pouco? — Allana perguntou, seu tom misturando preocupação e expectativa.

— Não, preciso voltar ao trabalho. Já estou atrasado, amor — Javier respondeu, olhando para ela com um sorriso carinhoso.

Ele então deu um beijo suave em Allana, que retribuiu o gesto com um sorriso afetuoso. Quando ele se virou para mim, me deu um aceno de despedida.

— Até logo, Sabrina. Foi um prazer te rever — disse ele, e eu respondi com um sorriso tímido.

— Até logo, Javier — respondi, me sentindo um pouco desconfortável com a atenção que ele ainda estava me dando.

Allana e eu entramos em casa, e encontramos Dylan na sala. Ele estava sentado no sofá, concentrado em algo no celular. Quando me viu, seu rosto iluminou-se com um sorriso. Fui até ele e, sem hesitar, me sentei em seu colo e o beijei. Ele retribuiu o beijo com um carinho que me fez sentir um calor gostoso.

— Como foi o dia de vocês? — Dylan perguntou, passando uma mão suave pelo meu cabelo.

Allana, ainda sorridente, começou a falar sobre a tarde que tivemos. — Foi ótimo! Compramos algumas lingeries novas e outras coisas. Sabrina está tão animada com as roupas que escolheu.

Senti minhas bochechas queimarem de vergonha ao ouvir a menção das lingeries. Eu estava envergonhada, e meu coração começou a bater mais rápido. A ideia de Dylan ver as peças que escolhi estava me deixando nervosa.

Dylan, percebendo minha reação, puxou meu cabelo para trás da minha orelha e olhou para mim com um sorriso malicioso.  — Estou louco para ver. Quer me mostrar?

A simples ideia de ouvir essas palavras saindo da boca dele me fez sentir um calor entre as pernas, uma reação que eu não conseguia controlar. A excitação tomou conta de mim, e eu fiquei atônita com a intensidade do meu próprio desejo.

Allana, percebendo o clima íntimo, sorriu e se levantou. — Vou deixar os pombinhos sozinhos. Fui!

Ela saiu da sala, deixando Dylan e eu sozinhos. Ele me olhou com uma mistura de carinho e desejo, e eu me senti completamente envolvida pela atmosfera entre nós.




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