O Sacrifício de Blake

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A casa estava tomada por uma tensão silenciosa que parecia crescer a cada dia. Arthur tornava-se cada vez mais imprevisível, e eu sabia que era apenas uma questão de tempo até que algo terrível acontecesse. Blake e eu mantínhamos nossas conversas em sussurros e olhares furtivos, esperando que o próximo movimento de Arthur não nos pegasse desprevenidas.

Numa noite particularmente abafada, ouvi um tumulto vindo da sala de estar. O coração acelerou, e corri pelo corredor, encontrando uma cena que me deixou paralisada. Blake estava na sala, segurando uma arma em direção ao Arthur, sua expressão uma mistura de medo e determinação.

— Blake, o que está acontecendo? — perguntei, a voz saindo em um sussurro trêmulo.

Blake virou-se para olhar para mim, o rosto pálido e os olhos vermelhos de cansaço. Foi nesse momento de distração que Arthur aproveitou a oportunidade. Ele avançou rapidamente, pegando uma seringa que estava em seu bolso, e injetou o líquido no braço de Blake.

Ela gritou de dor, a arma caindo de suas mãos enquanto suas pernas cederam. Corri até ela, ajoelhando-me ao seu lado, com lágrimas escorrendo pelo rosto.

— Blake! O que ele fez com você? — perguntei, segurando sua mão trêmula.

Arthur cruzou os braços, observando a cena com uma expressão impassível.

— Ela já estava causando problema demais. — respondeu ele, com um tom indiferente que me enojou.

— Você é um monstro! — gritei, minha voz quebrando de dor e raiva.

Blake olhou para mim com dificuldade, seus olhos marejados de lágrimas.

— Sabrina... — disse ela, com a voz fraca. — Me perdoe... Eu tentei fazer o que pude...

Segurei sua mão com força, o coração apertado no peito.

— Não me deixe, Blake. Por favor, não me deixe. — sussurrei, as lágrimas escorrendo incontrolavelmente.

Ela tentou sorrir, mas seu rosto estava marcado pela dor.

— Seja forte, Sabrina... Encontre sua mãe... E... viva... — suas palavras foram interrompidas por um último suspiro, e seus olhos pararam sem vida

— Blake! Não! — gritei, desesperada, sentindo um vazio insuportável.

Arthur não disse nada, apenas observou enquanto eu chorava, segurando o corpo sem vida de minha prima. Sabia que não poderia mais ficar ali. Com uma decisão súbita, olhei para a arma que estava caída no chão. Com um movimento rápido, peguei a arma e atirei na perna de Arthur.

Ele gritou de dor, caindo no chão, e eu corri até meu quarto. Peguei a mochila que estava preparada debaixo da cama e pulei pela janela, aterrissando no jardim. Com o coração batendo acelerado, corri até a garagem, peguei a moto, a chave e o capacete, e fui embora.

Enquanto dirigia pela estrada escura, minha mente estava cheia de lembranças de Blake. Ela tinha se sacrificado por mim, e eu não podia deixar esse sacrifício ser em vão. Precisava ser forte e encontrar uma maneira de sobreviver.

Decidi que seguiria sozinha. Precisava proteger Dylan e não queria envolvê-lo mais nisso. Manteria-o longe pelo menos por um tempo, até que fosse seguro. Precisava encontrar minha mãe, de qualquer forma.

O vento frio da noite acariciava meu rosto enquanto a moto avançava pela estrada deserta. Cada quilômetro percorrido era uma distância a mais entre mim e o horror que deixara para trás. A dor da perda de Blake ainda queimava em meu peito, mas a necessidade de sobreviver e lutar pelo futuro que ela queria para mim me dava forças. Eu não sabia onde minha mãe estava, mas sabia que precisava encontrá-la. Ela era a chave para a minha liberdade, e eu não desistiria até tê-la de volta em minha vida.

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