Decisões Difíceis

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Eu não conseguia mais ignorar a sensação de pavor crescente que se alojara em meu peito desde que meu pai, Arthur, deu claras indicações de que estava ciente da minha amizade com Dylan. Cada gesto, cada olhar suspeito de meu pai me fazia sentir como se estivesse andando sobre gelo fino, prestes a quebrar a qualquer momento. Eu sabia que precisava fazer algo para proteger Dylan antes que fosse tarde demais.

Naquela noite, deitada na cama, olhando para o teto, tomei a decisão. Eu precisava afastar Dylan. Era a única maneira de mantê-lo seguro. Com o coração pesado, me levantei silenciosamente, vesti um casaco e peguei minha mochila. Sabia que teria que sair escondida, pois se meu pai descobrisse, as consequências seriam desastrosas.

Enquanto descia as escadas, o ranger dos degraus ecoava pelo corredor silencioso. Encolhi-me, esperando que ninguém acordasse. Quando finalmente cheguei à porta dos fundos, respirei fundo, pronta para abrir a maçaneta, quando uma voz suave, mas firme, me interrompeu.

— Sabrina, onde você vai?

Virei-me rapidamente, o coração disparado, e encontrei Blake, minha prima, parada na penumbra do corredor. Os olhos de Blake estavam cheios de curiosidade e preocupação.

— Eu... eu preciso avisar Dylan que ele está correndo perigo — respondi, com a voz tremendo. — Eu não posso deixar que meu pai o machuque.

Blake me observou por um momento, seu rosto suavizando. Vi, por um breve instante, a menina que era minha prima e amiga de infância, aquela que sempre me apoiava em tudo. Blake deu um passo à frente e segurou minha mão.

— Eu vou te ajudar — disse Blake. — Vou tentar enrolar o Arthur até você voltar. Vá e avise Dylan. Vou fazer o que puder para mantê-lo longe de problemas.

Senti uma onda de alívio e gratidão. Abracei Blake com força, as lágrimas ameaçando cair.

— Muito obrigada, Blake. Eu não sei o que faria sem você.

— Só vá logo, antes que ele perceba — respondeu Blake, dando um leve empurrão na minha direção.

Saí rapidamente, correndo pela noite fria. As ruas estavam desertas, e o som de meus passos era abafado pelo vento. Enquanto corria, minha mente estava a mil, relembrando todos os momentos que passei com Dylan. Não podiam simplesmente acabar assim, mas eu sabia que precisava pensar na segurança dele primeiro.

Quando finalmente cheguei à casa de Dylan, bati na porta com força. Demorou alguns segundos, mas finalmente ele abriu a porta, os olhos arregalados de surpresa ao me ver ali, àquela hora.

— Sabrina? O que está fazendo aqui?

— Você está em perigo, Dylan. Meu pai sabe sobre nós. Ele vai fazer algo para te machucar se não pararmos de nos ver.

Dylan me puxou para dentro, fechando a porta rapidamente. Ele segurou meus ombros, olhando-me nos olhos.

— Não vou deixar que nada te aconteça, Sabrina. Não posso simplesmente desaparecer da sua vida. Nós vamos dar um jeito.

Eu sabia que precisava ser firme, mesmo que isso me partisse por dentro. As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto enquanto eu reunia a coragem para dizer o que precisava ser dito.

— Não, Dylan. Não existe "nós". — As palavras saíram dolorosamente, cada uma cortando como uma faca. — Você precisa entender isso. Estamos colocando você em perigo. Eu estou colocando você em perigo.

Dylan ficou em silêncio por um momento, a dor visível em seus olhos. Ele tentou argumentar, mas eu sabia que tinha que continuar.

— Por favor, faça isso por mim. Fique longe por um tempo. Eu prometo que vamos encontrar uma maneira, mas agora... agora você precisa se afastar.

SABRINA E O SEU MUNDO SECRETO |+18 Onde histórias criam vida. Descubra agora