Ecos Da Noite Passada

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Na manhã seguinte, acordei com uma dor de cabeça lancinante, sentindo como se meu crânio estivesse prestes a explodir. As lembranças da noite anterior estavam embaçadas e fragmentadas, difíceis de juntar. A luz do sol que entrava pelas cortinas parecia uma lâmina cortando meus olhos. Tentei me levantar, mas a cabeça girou violentamente, forçando-me a deitar novamente. Coloquei a mão na cabeça, tentando estabilizar a sensação de que tudo estava prestes a desmoronar.

"Nunca mais bebo desse jeito," murmurei para mim mesma, fechando os olhos com força na esperança de que a dor diminuísse.

Depois de alguns minutos, me senti corajosa o suficiente para pegar meu celular e ver as horas. O brilho da tela era quase insuportável, mas precisava saber que horas eram. Entre várias notificações de redes sociais e mensagens, mas nada demais.

Caminhei até o banheiro, tomei um banho rápido e fiz minha higiene matinal. Escolhi um vestido floral leve, apropriado para a manhã, e desci para tomar o café da manhã, tentando ao máximo não pensar na noite anterior.

Quando me aproximava da sala de jantar, percebi que meu pai estava parado, olhando para a janela. Meu coração começou a bater mais rápido, e meu primeiro instinto foi desviar o caminho para evitar o encontro. Mas antes que pudesse mudar de direção, a voz firme dele me chamou.

— Sabrina, venha aqui e dê um beijo no papai — ele disse com um tom que não permitia recusa.

Hesitei por um momento, sentindo o olhar inquisitivo de Blake e dos empregados da casa sobre mim. Não havia escolha, eu precisava me comportar e fazer média perante as pessoas. Respirei fundo, caminhei até ele, dei um beijo rápido e casto em sua bochecha e me sentei à mesa, sentindo um alívio momentâneo por ter passado por aquela primeira provação do dia.

Enquanto me servia com um suco, me inclinei discretamente para Blake e sussurrei: — Onde você estava ontem à noite? Não te vi depois daquele drink.

Blake respirou fundo, e respondeu baixinho:   — Eu acabei dormindo em algum cômodo por estar bêbada. Mas Dylan me contou sobre o... show que você deu na festa. Você realmente tirou a roupa?

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ouvi o som de uma xícara caindo e se quebrando no chão. Virei-me e vi papai, parado com uma expressão de raiva mal contida. Uma empregada apressou-se para limpar o estrago, mas foi expulsa bruscamente.

— Saia daqui! —  ele gritou, virando-se rapidamente para mim com olhos faiscando de fúria. — O que foi que você fez? — perguntou ele, a voz baixa, mas ameaçadora.

Senti o sangue fugir do meu rosto, minha boca ficando seca. Eu não tinha ideia do que exatamente Dylan tinha contado, mas qualquer coisa que meu pai tivesse ouvido não podia ser boa. Tentando desesperadamente manter a compostura, respondi com a voz tremendo:   — Eu... Eu não sei do que está falando, papai.

Aproximou-se da mesa, cada passo dele parecia um martelo batendo no chão.  — Eu sugiro que você me diga a verdade, Sabrina. Agora.

Blake olha sem demonstrar emoção nenhuma, manteve-se em silêncio. O clima na sala de jantar estava sufocante, e parecia que todos os outros funcionários haviam desaparecido de repente para evitar o confronto.

Engoli em seco, sabendo que não podia mais adiar a situação. Enchi-me de coragem, preparando-me para a tempestade que estava por vir.

— Ontem à noite, eu... Eu bebi demais, pai. E... E pode ser que eu tenha feito algo que não devia. — confessei, olhando para baixo, incapaz de encará-lo. Sabendo que poderia a ver alguma punição.

Blake, sempre a mais audaciosa, foi a primeira a quebrar o silêncio constrangedor.

— Titio, você não deveria ser tão careta. Afinal, Sabrina já está bem crescidinha — disse ela com um sorriso provocador.

Meu pai virou-se lentamente para ela, seus olhos escuros e frios.  —Blake, fique calada. — ordenou, sua voz baixa mas carregada de autoridade.

Eu fiquei espantada. Meu pai nunca havia falado assim com minha prima, e isso só aumentou minha atenção sobre o que estava acontecendo.

Antes que eu pudesse processar completamente a situação, Blake me puxou pela mão e me levou rapidamente em direção ao meu quarto, deixando meu papai lá. Alguns minutos se passaram, vimos ele sair da casa, o que nos deu um pouco de alívio.

— ah, esqueci de te contar. — disse Blake, mexendo em seu celular.

— Que coisa? — perguntei, com uma certa curiosidade.

— Dylan disse que ia passar aqui para pegar o paletó que deixou no seu quarto ontem à noite.

Mal tive tempo de reagir antes que a janela do meu quarto se abrisse e Dylan entrasse, se equilibrando com uma facilidade irritante. Ele olhou ao redor, então se voltou para mim com aquele sorriso insolente.

— Espero que meu paletó esteja em bom estado. — disse ele, arqueando uma de suas sombrancelha.

— Você deveria aprender a usar a porta. — retruquei, cruzando os braços.

— Mas onde estaria a diversão nisso? — ele provocou, seus olhos brilhando de malícia.

Blake, percebendo a tensão, interveio.

— Dylan, por que não fica um pouco mais? Pode ser divertido. — disse minha prima, com um sorriso malicioso nos lábios

Antes que ele pudesse responder, Blake o puxou para se sentar em uma cadeira e, sem hesitar, sentou-se no colo dele. Dylan levantou uma sobrancelha, mas não disse nada.

— Blake.. — disse ele casualmente,
— quem era aquele homem que você estava beijando no escritório ontem à noite?

Blake ficou levemente pálida — Do que você está falando, Dylan? Não havia homem nenhum.

— Dylan já recebeu uma galhada?! — digo, sem conseguir conter o riso. — Que homem era esse? — perguntei, olhando para minha prima.

— Era um homem alto.. — Dylan disse, sem tirar os olhos de Blake. — Ele estava de blusa e calça social escura.

Minha mente começou a correr, e o choque tomou conta de mim. — Blake, você estava beijando meu pai? — falei sem hesitar.

Blake ficou vermelha, abrindo e fechando a boca como se procurasse as palavras certas. — Isso é ridículo, Sabrina. Dylan está inventando coisas.

Dylan deu de ombros, seu olhar agora diferente, indecifrável.

— Não estou mentindo, mas se Blake diz que não tinha homem nenhum, tudo bem! Talvez eu realmente tenha me confundido.

Ele se levantou e deu um selinho em Blake. — Preciso ir trabalhar! — disse ele, então se virou para mim. — Tchau, esquisita.

Eu apenas revirei os olhos e dei de ombros.

SABRINA E O SEU MUNDO SECRETO |+18 Onde histórias criam vida. Descubra agora