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Um garoto alto, negro e com cabelos encaracolados me encarava. Ele segurava uma menina no colo, completamente desmaiada. Seus cabelos pretos estavam por cima do rosto e suas roupas largas não pareciam ser frescas o suficiente para o calor que estava fazendo naquela noite.

Bem que tudo estava indo perfeito demais, não é mesmo?

Sua expressão mudou rápido, acho que esperava que fosse algum membro da família que atendesse a porta. Descansa os ombros, demonstrando o quanto estava incomodado com aquela situação. Como se ajudar essa menina fosse complicado demais para ele.

— Hm...— murmurra, claramente incerto do que dizer — Você deve estar cuidando da Alex, né?

Concordei com a cabeça, surpreso pelo agudo da sua voz.

— Eu...posso deixar ela no quarto? — pergunta, apontando com os olhos para a menina no seu colo.

— Ah...claro, claro — abro mais a porta para os dois adentrarem.

Ele sobe a escada e fico indecisa se devo segui-lo ou não. Quer dizer, eu sou responsável por essa casa, mesmo que seja durante algumas horas, certo?

Aperto meus passos atrás dele, e o vejo parar na frente da porta com o adesivo arrancado. Ele tenta abrir com o cotovelo mas parece trancada

— Porra, Billie, sério? — reclama, e me olha um pouco confuso — Pode segurar a cabeça dela enquanto
procuro a chave?

De novo, apenas concordo. Estava um pouco atordoada, Maggie em nenhum momento me disse que alguém viria para casa durante a noite. Esse garoto, que acredito que o nome que resmungou seja o dele, Billie, parecia estar acostumado com aquilo.

Ele posiciona a menina no chão, delicadamente, e eu me sento para segurar sua cabeça no meu colo.

Afasto seus cabelos pretos por instinto, e encontrando um rosto angelical por baixo. Não tinha dúvidas que era filha de Maggie, as expressões tão similares a de Alex que assustava. Ela estava realmente apagada, cheirando a whiskey e com olheiras fundas de quem não dormia a meses.

Como que essa garota estava apagada às nove da noite? Que tipo de festa frequentou para estar bebendo tão cedo? Ou simplesmente encheu a cara e desmaiou em um hora?

Eu tive uma amiga que precisou ir para o hospital quando apagou, e teve um caso muito sério de coma alcoólico.

— Tem certeza que ela não precisa de um médico? — pergunto enquanto ele bate nos bolsos largos da calça dela à procura da chave.

— Sua primeira vez de babá? Não conhece a Billie, né? — brinca, soltando uma risada anasalada.

Então Billie era o nome dela.

Encarei seus olhos fechados enquanto repetia seu nome nos pensamentos. Combinava com ela.

— Sim e não — confirmo — Isso acontece com muita frequência?

— Qual seu nome? — Ignora minha pergunta.

— Laura.

— Prazer, André — tira um pequeno molho de chave do bolso próximo ao joelho — Espero que você não precise voltar aqui.

Torci a boca, eu meio que estava esperançosa que me chamariam de novo. Apenas abaixei a cabeça, voltando encarar a menina de cabelos pretos no
meu colo.

André se levanta e abre a porta, acendendo uma luz forte e vermelha no quarto. De longe era possível ver apenas uma cama de casal enorme e muitos tênis de marca expostos em uma estante.

dial drunk // billie eilishOnde histórias criam vida. Descubra agora