vingt et huit

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Sinto suas mãos recolhendo os fios do meu cabelo e os posicionando de maneira que não se sujassem. O contraste do calor da sua pele no meu corpo gelado trouxe arrepios que não ajudavam com o enjoo.

Meus olhos lacrimejavam. Estava morrendo de vergonha, mas não conseguia lidar com o sentimento porque a garganta ardia e parecia que o vômito não acabaria nunca.

Fiz uma careta ao ver que provavelmente esse mármore branco ficaria manchado pela cor do Hennessy.

— Terminou? — Ouço sua voz sussurrar no meu ouvido.

Balancei a cabeça, concordando. Parecia que estava mais embriagada mesmo tendo colocado tudo para fora. Coloca a mão nas minhas pernas e me pega no colo, tão lentamente que quase não notei.

Não consegui prestar atenção em nenhum detalhe da casa, apenas quando entrei no banheiro enorme que parecia conectado com o quarto principal.

O cheiro era doce e misturado com os produtos de limpeza. Me coloca no chão, encostando minha cabeça na parede.

As luzes em listras do teto do banheiro pareciam estar girando. Pisquei várias vezes para que a visão voltasse ao normal, mas nada ainda.

— D-desculpa...— murmuro. Billie estava separando coisas de dentro do armário — Eu te amo...desculpa, desculpa...

Vejo, totalmente turva, os olhos azuis desfocando do que fazia e me encarando por um minuto.

Senti o Hennessy queimando de volta no estômago, e me apoiei na privada para que pudesse vomitar de novo. Eu nunca havia passado tão mal bebendo, e justamente no momento que estou tendo a pior das crises, a menina mais bonita que já vi em toda a minha vida está do meu lado.

Coloquei tudo para fora, de novo. Meu corpo estava fraco de tanto esforço que fiz desde o momento que sai de casa.

Eu não acredito que estou me humilhando dessa maneira. Talvez seja castigo pelo que fiz algumas horas atrás.

Quando senti que terminei, implorei para o universo ou qualquer um que me ouvisse para que não voltasse a vomitar. A sensação era horrível. Minha garganta ardia ainda mais e minha cabeça latejava.

Ela abre o box e me coloca debaixo do chuveiro.
— Vai estar quentinho, eu prometo — Garante antes de ligar a água e cair diretamente na minha cabeça.

Conforme meu rosto e cabelo foram gradualmente ficando mais encharcados, as mãos e camiseta da Billie também. Estava agachada na minha frente, levantando a minha cabeça de tempos em tempos.

A pressão da água me ajudou a trazer a consciência de volta. Não por completo, mas o suficiente para sentir mais sono do que a dor no estômago.

Ela ajeita o meu cabelo, colocando para trás. Meu pescoço fica livre e seus olhos azuis focam por um tempo no que está lá. Sinto a ponta dos seus dedos em uma parte sensível e fecho os olhos, sabendo exatamente o que encontrou ali.

— Eu estou me esforçando muito para tentar te entender, Laura — diz. Ouço sua voz como se estivesse a um metro de distância, mas está na minha frente.

Ela usa uma toalha fofa e molhada com água gelada, colocando na minha nuca.

Fiz o meu melhor para pronunciar. — Não...s-significou nada — defendi — N-ão fica com a Sasha, p-por favor...

Billie franze a sobrancelha, ignorando meu comentário.

— Acho que eu estou pedindo demais de você — Sussurra. Parecia que estava falando sozinha, como se soubesse que eu não lembraria de nada — Superar tudo que eu fiz não é fácil. Se nem eu consegui ainda...não sei porque achei que eu-

dial drunk // billie eilishOnde histórias criam vida. Descubra agora