huit

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O clima ameno contornava meu corpo quando desci do ônibus, acenando para a senhora que me manteve entretida com sua história de vida durante o caminho.

Meu coração acelera quando me aproximo da mansão. Nesse ponto do trabalho, eu ganhei um chave extra para que eu pudesse entrar a qualquer dia ou hora sem depender da Maggie.

Não era um sentimento agradável, parecia estar invadindo a casa deles. Se um policial me pegasse com certeza ia suspeitar, o que uma menina como eu estaria fazendo em um bairro chique desses?

Bom, ironicamente, eu não era a garota que tinha uma ficha criminal dentro dessa casa.

Por falar nela, estava um caos. Havia roupas espalhadas pelo sofá branco da sala, uma mancha grande no tapete caro que com certeza enlouqueceu a Maggie e alguns pratos sujos na mesa de centro. O que aconteceu? Será que Maria não veio hoje e esses riquinhos não sabem limpar sua própria sujeira?

Fora a poluição sonora. Haviam duas ou três discussões acontecendo ao mesmo tempo, ouvia vozes na parte de cima da casa assim como na cozinha e uma delas era de Alex.

Esfreguei a mão do rosto, frustrada e torcendo para que não seja mais uma daquelas tardes em que passo apenas acalmando a criança enquanto sua mãe me deixa completamente a deriva.

Desvio das roupas e caminho até a cozinha, encontrando Maggie com os cabelos bagunçados e sua roupa de trabalho. Ela usava um fuê para misturar algo em uma tigela, e sua filha mais nova berrava e chorava sentada na cadeirinha.

— Graças a Deus você chegou! — exclama, os olhos azuis arregalando ao me ver — Todos furaram comigo hoje! Eu nem consegui cozinhar as comidas da Alex como faço, e agora ela está com fome e mal humorada com toda a razão já que os dois não param de brigar desde a hora que a Billie voltou-

— Maggie! Ei, respira! — Peço, me aproximando dela e notando que a mesma estava quase chorando de desespero.

Ela puxa o ar com força, deixando de lado a tigela em suas mãos. — Eu estou atrasada e já não fui de manhã. Preciso pelo menos lidar com algumas papeladas, você consegue cozinhar para ela?

— Claro — A pia está cheia de louça e as bancadas parecem sujas de farinha, mas eu daria um jeito — Vai, Maggie, eu lido com ela.

Ela me agradeceu, olhando nos meus olhos como se estivesse prestes a ajoelhar e dizer que faria qualquer coisa por mim. Era esse seu nível de desespero.

Abracei Alex, conversei com ela, e parecia não ser uma daquelas crises. Ela só estava com fome e cansada dos gritos da parte de cima da casa.

Eu sabia que era Billie e Patrick discutindo alguma coisa, mas não foi possível decifrar.

Meus dedos tremiam enquanto alimentava a Alex na brinquedoteca. Não aguentava discussões, sempre me remetiam aos meus pais e ao sofrimento que me fizeram passar nos últimos anos do casamento.

Os exercícios que minha antiga terapeuta me ensinou ajudaram, e quase suspeitei que Alex conseguiu notar o quanto eu estava ansiosa e ficou com pena de mim.

Os gritos acalmaram depois de um tempo, e logo ouço a porta da frente bater e algum dos carros sair da garagem. Não faço ideia de quem esteja em casa comigo, então apenas foquei em brincar com a Alex o tempo que desse.

Logo seus olhinhos abrem e fecham, e noto que está pronta para sua soneca da tarde. Mas um fato sobre an Alex: ela não pode acreditar que você esteja a levando para dormir, porque ela não gosta. Então a coloquei no sofá enquanto um desenho passava na tevê e fingi que também estava com sono.

dial drunk // billie eilishOnde histórias criam vida. Descubra agora