BILLIEMinha cabeça latejava tão intensamente que foi o suficiente para me acordar. Ensaiei para abrir os olhos, meu corpo inteiro reclamando das merdas que fiz ontem.
O quarto estava claro demais. Não me lembro de ter deixado as cortinas abertas.
Podia sentir um líquido escorrendo próximo a minha boca, e revirei os olhos enquanto levantei lentamente para não acontecer um desastre e meu corpo ceder naquele chão bagunçado.
O reflexo no espelho do banheiro era lamentável. Mas até aí, nenhuma novidade.
Limpei o sangue seco e o pouco fresco que escorreu pelo meu nariz. Isso sempre acontecia quando eu exagerava na noite anterior.
Tirei a camiseta que usava, agora suja de sangue, e a arremessei perto do cesto.
Estava com aquela sensação no peito; uma dor profunda como se estivesse tentando me sugar para dentro. Abri o armário do banheiro, tirando o frasco de oxicodona e forçando um comprido goela abaixo.
Dei passos lentos de volta à minha cama. Não queria que meus pais descobrissem nada; precisava me esforçar para parecer o mais normal possível.
A dor no peito quase se tornou um infarto pelo susto que tomei ao ver um ser humano encostado na parede, dormindo pacificamente.
Belisquei meu braço, confusa. Não é possível que o opioide teve o efeito tão rápido e tão forte que estou no ponto de alucinação.
Abaixei em sua direção. Era uma garota, deveria ter próximo a minha idade. A cabeça encostada na parede e os fios loiros cobrindo parte do seu rosto.
Eu trouxe alguém para casa? Não foi André que me trouxe dessa vez?
Me sentei de volta na cama, a observando de maneira obsessiva. Quem diabos era essa mulher?
Ano passado meus pais colocaram uma pessoa para "cuidar" de mim. A intenção, na verdade, era xeretar tudo que eu estava fazendo e depois contar para eles, assim, quem sabe conseguissem me impedir de fazer qualquer merda.
O nome dela era Nicole. Apareceu exatamente da mesma maneira que essa garota misteriosa, um dia estava sentada no pé da minha cama, me esperando acordar. Alegou que estava aqui para me ajudar, que queria ser um "ombro para chorar".
Foi uma das piores brigas que tive com o pai. Era um absurdo questionar minha liberdade dessa maneira.
Imagino que seja o mesmo caso, a diferença é ela dormiu enquanto me esperava.
Não é muito profissional da sua parte.
Mas resolveria do jeito que resolvi com Nicole; uma foda bem gostosa para esquecer de me "ajudar". E claro, deixaria meu pai vermelho de raiva e a xingando de todos os nomes possíveis. Isso seria divertido.
A garota dessa vez era definitivamente mais bonita.
Puxei minha bandeja de dentro da gaveta ao meu lado, montando um cigarro enquanto esperava alguma reação da loira dormindo no chão do meu quarto. Se eu não suspeitasse do motivo tosco que estava aqui, ficaria com dó.
Pobrezinha. Vai acordar torta.
Acendi o cigarro, inalando a fumaça e deixando que o efeito da droga se assentasse no meu pulmão. Era flor, tinha certeza que o cheiro acabaria acordando a bonita.
Sentei na ponta da cama, esperando.
Não levou muito tempo. Cerca de cinco minutos depois, vejo seus ombros se moverem e o pescoço se mexer.
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dial drunk // billie eilish
RomanceLaura acredita que encontrou a forma mais fácil de fazer dinheiro para suas férias. Mas quem disse que ser babá de uma criança fofa ia ser sua única tarefa?