sept

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Desliguei a ligação com a Maggie, que por algum motivo quase nunca me mandava mensagem, e continuo caminhando em direção a minha sala de aula.

Sentei na última cadeira, reunindo os papéis em cima da mesa. Eu preciso urgente de uma pasta para organizar melhor essas coisas.

Conforme o tempo passou, consegui me entender com o fato de estar gostando da Billie. Acredito que seja uma mistura de curiosidade, minha síndrome de querer cuidar desesperadamente das pessoas e claro, o fato dela ser ela.

Não posso ignorar porque isso vai fazer com o que o sentimento cresça mais ainda, então preciso ser inteligente para superá-lo. Hannah me disse para tentar procurar o máximo de defeitos nela, inclusive acentuar os que eu já sei que existem.

Isso exigiria muito mais do que ela pensava, porque Hannah não sabia o quanto eu justificava suas ações na minha cabeça.

Notei cabelos loiros curtos passando pela porta, atrasada. Ela se senta algumas fileiras à minha frente, e tira o sobretudo que estava usando.

A Zoe está na minha cabeça desde o dia que esbarrei com a Alice. Acabei observando seus movimentos na faculdade, notando que tínhamos várias classes juntas. Eu lembro vagamente daquela noite que passamos conversando, e lembro principalmente de achar que a loira era a única coisa que estava me mantendo na festa.

Nós não falamos sobre a Billie ou nada que pudesse intrigar minha curiosidade. Então não sei porque meu cérebro me implora para falar com ela desde que descobri da amizade das duas.

Talvez, de maneira inconsciente, eu queira conhecer quem a Billie é de verdade e por isso sinto a necessidade de conhecer a Zoe como naquela noite. Eu quero conhecer todos os detalhes da sua vida, as decisões que a levaram até onde está hoje e porquê.

A última aula acaba e eu recolho minhas coisas para voltar para o apartamento. Precisava almoçar, tomar um banho e ir para casa da Maggie.

O vento quente bate contra meu rosto quando saí do prédio, bem diferente do frio da manhã, e meus olhos imediatamente reconheceram o carro preto parado no estacionamento em frente ao campus.

Eu não tinha certeza que era o carro dela, porque não lembrava da placa, mas era o exato modelo. Os vidros eram escurecidos demais para conseguir enxergar.

Dei de ombros e segui para o ponto de ônibus.

Quando volto a reparar, vejo Zoe caminhando em direção aquele mesmo carro preto. Ou seja, é ela.

Apertei o passo, não querendo que me visse, mas a loira parece trocar algumas palavras com a motorista e se virar em minha direção.

— Ei! Laura! — grita, acenando para chamar minha atenção.

Impossível de ignorar, me aproximo dela.

A porta do passageiro estava aberta, e conseguia ver Billie encostada no volante para poder me enxergar.

— Quer uma carona, boneca? — pergunta.

Zoe faz uma expressão engraçada ao ouvir o apelido, e se vira para melhor amiga como quem provavelmente exigiria explicações.

— Hm...— murmurrei, sem jeito — Não vai atrapalhar o caminho de vocês?

— Você não vai para minha casa de qualquer jeito?

A confusão nos olhos de Zoe fica ainda mais visível, e acabo sentindo pena da menina por estar tão por fora.

— Eu vou, Billie, mas preciso almoçar e tomar um banho, e deixar minhas coisas em casa-

dial drunk // billie eilishOnde histórias criam vida. Descubra agora