dial drunk // billie eilish

seize

Desci voando pelas escadas do meu prédio. Não quis gastar nem mais um minuto me explicando para a Hannah e seu namorado, então pedi o uber e sai exatamente como entrei algumas horas atrás.

Apertei os dedos contra o cinto de segurança gelado até os esbranquiçarem. Meus pensamentos estavam em tantos lugares que era difícil me concentrar.

Sua voz estava enrolada, mas calma. Como se estivesse no controle da situação. Isso me assustava demais, porque eu sabia que não era verdade.

Eu não sei o que fez. Assumo que seja algo pelo menos tenha fiança. Eu nem sequer sabia como chegar em Irvine, porque era do outro lado da cidade e esse tipo de valor no uber com certeza acenderia um alerta no cartão do pai da Hannah.

As luzes da mansão estavam apagadas. Algumas lâmpadas iluminavam o caminho até a porta de entrada. Abracei meus braços, o vento forte da noite me pegou de surpresa e não me agasalhei bem quando sai às pressas.

Pensei em acordar a Maggie e mentir dizendo que esqueci minha carteira, mas seria suspeito que subisse direito para o quarto da sua filha mais velha. Então teria que usar a minha chave, por mais que ainda parecia que eu estava invadindo.

Dei passos leves enquanto subia a escada. Por ser feita de granito, o barulho dependia do tipo de sapato que você estivesse usando. Maggie caminhava com os seus saltos o tempo inteiro, e era possível ouvi-lá não importa o lugar da casa.

A Billie, em compensação, usava sempre seus tênis caros que nunca ecoavam quando descia as escadas. Agora pensando, talvez essa seja sua estratégia para não chamar atenção quando chegava tarde da noite.

Dentro da casa, o climatizador esquentou meu corpo. Seu quarto, no entanto, estava estranhamente gelado. Abri a porta do closet, tomando cuidado até para não fazer barulho ao acender a luz.

Suas roupas estavam surpreendentemente organizadas. A maioria parecia pendurada e separada por cores, e embaixo estantes que eram ocupadas com mais tênis e sapatos variados. Entre eles, armários longos e finos completavam os compartimentos.

Não tem nada que eu odeie mais do que mexer nos pertences pessoais das pessoas. Minha mãe sempre foi muito rígida em relação a isso, desde que me viu lendo o diário de uma amiga minha que coloquei na mochila quando ela não viu. Foi a pior bronca que levei na vida, e me lembro até hoje do recorde de dias que fiquei de castigo.

Cada vez que eu abria um dos armários meu coração apertava. Eu só precisava tentar me lembrar que era por um motivo muito importante e maior que eu.

Encontrei o cofre em um deles. Foi naquele momento que lembrei: eu não fazia ideia de quando era o aniversário da Alex.

Minhas decisões foram tomadas na adrenalina e pressa de ajudá-la, no entanto, não foi muito inteligente.

Esfreguei o rosto em frustração. Ao mesmo tempo não podia fazer barulho, mas queria desesperamente chorar de pura raiva da minha idiotice.

Peguei o celular e encarei o contato do Finneas como se fosse um pecado prestes a ser cometido.

Billie talvez me mataria se soubesse que contei ao seu irmão.

Mas ao mesmo tempo, eu não tinha muitas opções. Eu tenho certeza que não preferiria que acordasse sua mãe e lhe contasse a história toda, certo?

Laura

Quando é o aniversário da Alex?

Não demorou segundos para a mensagem aparecer como lida e o digitando brilhar no canto superior da tela.

Finneas

Onde ela está?

Franzi a sobrancelha, confusa. Ele queria saber onde a Alex estava?