quatorze

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Meu coração salta do peito quando destranco a porta e dou de cara com ela.

Billie

Os fios pretos caíam sobre seu rosto, despenteados. Olheiras profundas marcavam sua pele, mas seus olhos continuavam o azul mais bonito que já vi.

Laura — pronuncia meu nome devagar, como se estivesse o aprendendo de novo.

Abri a boca mas nada saía. Eu queria lhe perguntar onde estava, com quem esteve. Queria arranjar uma briga ao dizer que todas as pessoas que a amavam estavam desesperadas, mas não tive tempo.

Ela avança na minha direção, agarrando meu rosto.

De perto, via como suas pupilas estavam dilatadas e seu hálito quente conversava com o meu. Quando menos esperei, senti seus lábios nos meus.

Ela me beijava com uma agressividade que me pegou de surpresa, demorando um tempo para conseguir acompanhar seu ritmo.

Dei passos de maneira inconsciente para trás, e o seu corpo me acompanhou até que ouvi a porta bater e a minha cintura se chocar contra a bancada fria da cozinha.

Suas mãos começaram a passear pelo meu corpo antes que pudesse entender o que estava acontecendo com clareza, mas soltei um gemido contra a sua boca quando apertou a lateral das minhas coxas de um jeito que com certeza deixaria marcas.

— Eu não sei que merda você fez comigo — sussurra — Não consigo parar de pensar em você.

Meu coração acelera ao ouvir aquilo, muito como na noite que me encheu de elogios.

É claro que tinha muitas perguntas no ar que precisam de respostas, no entanto, eu estava pronta para jogar minhas convicções pela janela e continuar lhe beijando como se o mundo fosse acabar amanhã.

Coloquei a mão debaixo do seu moletom, apreciando o quanto sua pele estava quente por baixo. Fui subindo com a maior delicadeza do mundo em contraste com o jeito que apertava meu corpo e devorava meus lábios como se eu fosse uma refeição completa.

Quando comecei a sentir a renda do seu sutiã, ela desgruda nossos corpos e usa a mão direita para segurar meu maxilar.

— Que porra você quer comigo, hein? — pergunta, seu tom rude como na primeira vez que conversamos.

Tentei abrir a boca para lhe responder, mas a pressão no meu rosto não permitiu. Como ela me beija assim e cinco segundos depois vira uma filha da puta?

— Não é possível que tudo isso é só desespero para eu te comer — murmura contra meu rosto.

Minha bochecha esquentou na hora pela escolha de suas palavras. Eu estava com muita raiva e queria ofende-la de mil maneiras diferentes, mas o incômodo no meio das minhas pernas só permitiu que eu aceitasse qualquer humilhação que pretendia dizer.

Ela libera meu rosto, mesmo assim continuei em silêncio. Não queria piorar minha situação ou deixa-lá mais puta do que já estava comigo.

— Me responde, Laura! — exige.

Eu queria muito lhe dar uma reação adequada. Talvez arrancar todos os copos de vidro dentro do armário e arremessar em sua direção ou lhe dizer que era provavelmente a pior pessoa que já conheci.

Mas o gosto do seu beijo ainda estava fresco na minha boca, e eu queria mais. Queria ignorar tudo que me falava e continuar de onde paramos.

— Billie — peço. Não tinha certeza do que estava pedindo. Poderia ser para continuar ou para acabar com o meu sofrimento — Eu só quero...te ajudar.

dial drunk // billie eilishOnde histórias criam vida. Descubra agora