A luz alaranjada invadia o quarto cor de rosa. A mistura das cores trazia um sentimento nostálgico de verão.— Eu não quero isso — Alex sussurrou, encarando a tela do meu celular.
Pela câmera, via seu reflexo. Ela tentava selecionar os filtros para decidir qual queria usar.
Continuei separando suas roupas nas malas espalhadas pelo chão. Estava na parte do seu guarda roupa que acomodava o que não lhe servia mais, ou seja, tudo que usava quando a conheci.
Não consegui evitar a não ser me sentir nostálgica.
Ela apoia meu celular na escrivaninha e clica para filmar. Uma música famosa do Tiktok começa a tocar e a mesma faz a coreografia viralizada.
Abri um sorriso ao vê-la. Nem acredito que costumava ser um bebê que implorava por sorvete e agora está entrando na pior fase que um ser humano pode suportar: a pré-adolescência.
Os cabelos escuros e longos batiam quando movimentava os braços no ritmo da música. Ela ajeita a saia amarela que usava e aperta para filmar novamente.
— Não vai me ajudar, bonitinha? — Ironizo.
Seus olhos azuis me encararam por um segundo, mas não foi o suficiente para que sua atenção focasse em mim.
Com os anos, aprendi o jeito de lidar com a Alex. Em várias formas, ela era muito parecida com a sua irmã mais velha. Teimosa, decidida e tinha aquele talento dos O'Connell em te convencer de qualquer coisa.
Revirei os olhos com o barulho da música que Alex colocou para tocar e o som das pessoas que empacotam a casa. Estava ficando sobrecarregada de passar o dia todo com tantos estímulos auditivos.
— Alex, você vai querer ficar com isso? — Estendi o vestido na sua frente — Você costumava não tirar nem para tomar banho...
Ela fez uma careta. — Nem cabe mais em mim.
Quase guardei o vestido escondido, a nostalgia do tempo que era apenas um bebê me pegando de jeito naquele dia.
Eu sabia que isso aconteceria no momento em que Maggie me contou que venderia a casa. O casal pegou uma nova mansão, menor que a antiga. A grande diferença é que ficava em um condomínio e a casa ao lado era a nova aquisição de Finneas.
Eu entendi que a motivação era ficar perto do filho mais velho, mas de algum jeito sentia quase que traída por querer deixar essa casa para trás.
Não conseguia imaginar não entrar aqui nunca mais.
Afastei o sentimento e coloquei o vestido na pilha de doação. Não sei porque diabos concordei em ajudar a mais nova a escolher suas roupas, afinal, estava fazendo tudo sozinha.
Fechei a última mala e peguei meu celular da suas mãos.
— Ei! — Reclama — Eu estava usando!
Dei de ombros. — Me ajuda a descer isso, Alex.
— Por que você não pede para um dos funcionários?
Naquele momento, desejei muito que pudesse impedir que aquela garota crescesse.
— Porque eu que vou dirigir até lá. Fora que tem coisinhas que quebram.
A mais nova revira os olhos, e pega uma das malas que eram quase da sua altura. Desci as escadas com Alex logo atrás, soltando uns gemidos insatisfeitos pelo peso que carregava.
— Tia, você vai me ajudar a decorar o quarto na casa nova? — Pergunta, arrastando a mala pelo chão pouco se importando se quebraria alguma coisa ou não.
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dial drunk // billie eilish
RomanceLaura acredita que encontrou a forma mais fácil de fazer dinheiro para suas férias. Mas quem disse que ser babá de uma criança fofa ia ser sua única tarefa?