treize

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DOIS MESES DEPOIS

Caminhei com as mãos cheias de roupa limpa para o meu quarto, minha mãe segue logo atrás com resto.

— Precisa levar tudo isso, filha? — reclama, jogando tudo em cima da minha cama — Vai caber no seu guarda roupa?

Dei de ombros. — Tem que ver o que vai caber na minha mala primeiro, mãe.

Ela solta uma risada pela minha confusão ao tentar organizar as roupas que queria levar de volta.

As férias de verão passaram muito mais rápido do que imaginei, mas o tempo de qualidade que passei com a minha mãe em casa valeram cada segundo. Viajamos para a cidade litorânea que tinha há uns trinta minutos de distância quase todos os fins de semana, queimando na praia e tomando banho de água salgada.

O cheiro de casa continuava o mesmo, minha mãe com sua obsessão por limpeza tendo a certeza que tudo estava perfumado.

Me surpreendi com a maneira que estava levando a vida, no auge dos seus cinquenta anos, fazendo pilates três vezes por semana e em dias alternados saia para correr.

Isso se comprovou quando caminhávamos cheias de compras e a senhora aguentava muito mais peso que eu.

Ou seja, eu era uma verdadeira sedentária. Eu achei que ser pobre e ter que pegar ônibus era o suficiente para me manter em forma, mas não é o caso.

Fora as comidas incríveis e saudáveis que andava fazendo. Era tão gostoso sentir que estava sendo cuidada por alguém, que cozinha e pergunta o tempo todo como você está e o que você quer fazer. É revigorante.

Conversei com Hannah todos os dias durante esses meses. Ajudei a loira a escolher roupas para sua viagem, a convite de Enzo, que conheceria sua família na casa de praia que tinham. Estava genuinamente feliz por ela. Hannah não teve uma vida fácil, principalmente em relação ao seus pais, então vê-la feliz por ser bem recebida pela família do namorado aqueceu meu coração.

Me perguntou várias vezes sobre Billie, assim como a minha mãe.

Foi inevitável. Ela me disse que cheguei com um brilho nos olhos muito característico, e perguntou nos primeiros cinco minutos que pisei em casa:

"Você conheceu uma menina?"

Quando contei que era a filha de Maggie, minha mãe quase caiu para trás do sofá. Claro que omiti todas as vezes que foram desagradáveis, e exclui totalmente o "pequeno" problema de drogas que ela tinha. Ou seja, só contei as coisas positivas e minha mãe achava que a Billie era perfeita.

Falando da morena, ela me mandou algumas mensagens nos primeiros três dias que estava aqui. Perguntou como eu estava, se cheguei bem...nada muito profundo. Depois de semanas, mandei uma foto do disco velho de rock do meu pai que estava se decompondo no porão, mas ela nem sequer visualizou.

Achei que ali nós desenharíamos o limite desse relacionamento. Eu estava lá apenas para ajudá-la da maneira que permitisse, e se não quisesse falar comigo, eu não deveria reclamar de nada. Os seus elogios e provocações não me ajudavam a deixar tudo isso para lá, na verdade me dava a entender que talvez pudesse querer pelo menos minha amizade.

Já não tinha certeza de nada. Sua mãe, entretanto, se manteve em contato comigo o tempo inteiro. Lá para o fim do primeiro mês, fizemos uma chamada de vídeo e ela me mostrou Alex e conversou com minha mãe tão animadamente que me surpreendeu.

Em compensação, não deixei as duas conversando sozinhas, vai que alguma abrisse o bico e conversasse sobre a Billie. Aconteceu, mas não da maneira que gostaria. Minha mãe foi ao banheiro, e Maggie me contou que sua filha havia sumido desde o começo daquele mês.

dial drunk // billie eilishOnde histórias criam vida. Descubra agora