cinq

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Ela fica em silêncio, claramente ainda processando. Eu caminho de volta para a sala, mas lhe aviso uma última vez: — Agora, Billie!

Sigo até a brinquedoteca sem olhar para trás. Os gritos da Alex aumentando a cada passo que me aproximava da entrada.

Encontrei ela no mesmo nível de estresse que a deixei, suspirando alto ao chegar perto dela.

— Ei! Presta atenção! A Bi tá vindo! — abri um sorriso grande, torcendo para que ela me ouvisse por cima do choro.

Não deu certo, e conforme o tempo passava, pensei que minha ideia de espancar a porta e acordar sua irmã mais velha não funcionou. Eu deveria saber que seria assim.

Faltando alguns segundos para que eu surtasse e arrancasse meus cabelos, lembrei da frase de Maggie quando fiz minha primeira visita a casa: "...tem meu telefone, o do Patrick e até do meu filho mais velho caso seja uma emergência e ninguém responda, bem aqui..."

Bom, isso é uma emergência, certo?

E Maggie claramente não se importava com o motivo que a Alex estava chorando.

Corri para a cozinha, vendo um bilhete que deixou semanas atrás com o telefone pendurado na geladeira.

"Finneas"

Digitei direto do meu celular, respirando fundo enquanto ouvia a gritaria no cômodo ao lado.

— Alô? — ouço uma voz masculina.

— Finneas? — pergunto.

— Sim — responde, confuso — Quem é?

— Oi! Então, meu nome é Laura. Eu sou babá da Alex e estou pre-

Antes que pudesse terminar a frase, sinto meu celular ser arrancado da mão com força.

Encaro o par de olhos azuis que pareciam prestes a me assassinar, e no segundo seguinte, meu celular é arremessado pela janela da cozinha.

Abri a boca em choque, vendo o aparelho voar para quase do outro lado no quintal e cair dentro da piscina. O barulho foi tão alto que era óbvio que não recuperaria meu celular tão cedo, então me viro para morena à minha frente.

Mas ela não estava mais lá.

Alguns segundos depois, notei que Alex havia parado de chorar.

Quem estava chorando agora era eu.

As lágrimas caíam, frustrada, talvez de ter segurado horas de nervoso e ansiedade desde que pisei nessa casa. Maggie havia me prometido que seria pouco tempo, e cá estava eu.

Chorando na cozinha porque aceitei conviver com uma maluca por dinheiro.

Caminhei devagar até a brinquedoteca, e de longe observei a cena das duas irmãs. Billie estava sentada no chão, com as pernas abertas e no meio Alex. O sorriso da menor quase não cabia no rosto enquanto recebia um carinho no cabelo.

Um filme diferente da Barbie passava na televisão.

Me afastei do quartinho para continuar chorando e ir atrás do meu celular. Me aproximei da piscina, onde o ouvi cair, e logo vi minha capinha cor de rosa no fundo.

Procurei algum objeto que pudesse me auxiliar a pega-lo, mas o mais próximo foi um graveto comprido. Onde diabos ficava o quartinho de limpeza dessa piscina?

Achei a peneira comprida encostada na parede, claramente não feita para estar queimando de quente no sol. Seu cabo era todo de metal, então enrolei as mangas do meu suéter nas mãos e o segurei.

dial drunk // billie eilishOnde histórias criam vida. Descubra agora