Capítulo 30

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"God, I'm so tired of the opinions
They telling me how I should be living"
Give Me That Joy — Terrian

Quando a tia da limpeza apitou pela última vez, confesso que dei um suspiro de alívio. O jogo terminou com um placar de cinco a três, mas por mais que tenhamos vencido, foi muito chato ter que ouvir as reclamações infinitas do Gabriel e ter que olhar a cara de cínico do amigo da Fernanda. Ele estava sendo tão ridículo em defender o gol que a gente tinha que se esforçar para a bola ir, no máximo até a zaga. Algumas meninas também não gostaram de sua atitude, mas a que mais se incomodou foi a Sofia, a única garota que tem experiência em jogos. Ela até partiu para cima dele — o Gabriel deu todo o apoio —, mas não fez nada além de gritar, já que a Lorena não queria que ninguém saísse ferido dali — para a nossa decepção.

Depois disso, decidimos não ligar para a imbecilidade do V-alguma-coisa e fomos tomar banho. Consegui ser o primeiro a entrar no vestiário, o que muito me beneficiou, já que ninguém teve paz depois que o Ben 10 entrou e começou a reclamar da água gelada do chuveiro e depois ainda infestou o banheiro com o fedor de seu desodorante, que parecia cheiro de esgoto. E o pior foi que ele foi o único a levar o aerossol e, graças a isso, o Lucas e eu tivemos que atravessar o campo e ir até o outro vestiário barganhar com as meninas para conseguir desodorante e sabonete. Foi difícil demais, mas no fim, vencemos quando oferecemos algo em troca.

Como tomei um banho bem rápido, fui o primeiro a sair, agradecendo a Deus por não ter mais que respirar a catinga que aquele desodorante deixou naquele banheiro.

Para a minha surpresa, assim que pus meus pés para fora do vestiário, esbarrei com uma garota. Por "acaso", a garota que me encarou durante boa parte do jogo.

— O que está fazendo aqui? — perguntei, já que o vestiário era meio que isolado e o vestiário feminino era do outro lado do campo.

Não tinha nenhum motivo para ela estar ali, a menos que ela quisesse o sabonete de volta, o que, com certeza não conseguiria nem tão cedo.

— E te interessa? — ela me lançou um olhar sério; os braços cruzados.

— Tá bom, tá bom. Faz o que você quiser — levantei as mãos como se estivesse sendo rendido e ameacei me afastar, até ela começar a falar.

— Olha... Eu não quero que você fique de olho na minha amiga, não — com o peso apoiado em uma perna só, ela batia o pé ritmadamente.

Fiquei uns cinco segundos tentando entender do que ela estava falando. Que eu saiba, pelo menos no dia de hoje, eu não flertei e nem dei em cima de ninguém. Como é que ela me vem com um papo de "ficar de olho em sua amiga"? Sem falar que foi ela quem ficou me encarando durante todo o jogo.

A não ser que ela estivesse falando da Fernanda... Mas mesmo assim eu nem flertei com a Fernanda hoje, então...

Ela devia estar maluca.

Apesar de tudo, fingi que entendi seu recado e provoquei:

— E qual seria o problema de ficar de olho em sua amiga? — me aproximei dela com as mãos no bolso da bermuda.

Encarei seus olhos castanhos e percebi que ela estava era me dando mole.

Esse papo de amiga com certeza foi apenas uma desculpa para ela vir falar comigo.

— Eu não confio em garotos do seu tipo.

Seus braços se descruzaram e o peso de sua perna esquerda passou para a outra. Ela já estava abaixando a guarda.

— E qual é o meu tipo? — esbocei um sorriso de canto.

Ela revirou os olhos e olhou para o lado.

— Você sabe muito bem. — Voltou a me encarar.

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⏰ Última atualização: Jul 16 ⏰

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