Capítulo 16

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“Tenho que me fazer de durão, mas na verdade não to levando numa boa.
É como se eu estivesse vazio por dentro.”
Supernatural


Não sei mais o que fazer da minha vida. Se bem que, com a minha vida toda acabada, não tenho muito o que fazer. Mas ainda sim, gostaria de uma solução. Passei a tarde toda de ontem estudando, tentando me distrair e não pensar na possibilidade de a Fernanda estar chateada comigo por eu quase ter beijado aquela menina lá depois de convidá-la para sair. Eu não tenho certeza de que ela ficou realmente chateada, mas depois de vê-la sem seu típico sorriso feliz, pensei logo que pode ter sido por minha causa.

Já vivi alguns casos desses antes. Muitas garotas já brigaram por mim – e não me orgulho disso, elas pareciam dois gatos se arranhando e ainda colocavam meu nome no meio; só tristeza – e algumas até já vieram falar comigo que suas amigas tinham ficado triste porque me viram com outra garota. Nesse tempo, eu não dava a mínima – e ainda não dou, mas este é um caso diferente –, agora, tenho um sério problema para resolver.

Desde ontem meus amigos estão pegando no meu pé — principalmente o Luís Henrique, que parece uma vitrola de tanto que repete que, “se eu fosse o mesmo de antes, saberia como lidar com uma garota” —, dizendo que preciso arrumar um jeito de conversar com a Fernanda para não perder sua confiança. Antes, não precisava me preocupar com isso, mas agora...

— João Pedro está bem mal hoje, hein – Gabriel me olha com uma careta.

— Já disse que não consegui dormir direito essa noite – bufo, cansado.

Deitei para dormir às onze horas da noite, mas, como sempre, minha mente não me permitiu descansar, de modo que só consegui fechar os olhos às quatro horas da manhã. E mesmo querendo desfrutar dessas poucas horas de sono, não consegui. Tive um péssimo sonho que me fez acordar com falta de ar e não me deixou dormir mais.

Como realmente estou mal por isso, não preciso fingir que estou bem e feliz, pois todos entendem que uma noite mal dormida acaba com qualquer um.

Porém, como se isso não bastasse, a dor de cabeça veio assim que cheguei na escola e está infernizando minha vida até agora, junto com o mesmo assunto de todos os dias: Fernanda.

— Sei... – Kevin implica. – Acho que você está é pensando na Fernanda.

— E você ainda nem contou o que disse pra ela – meu melhor amigo lembra, me fazendo revirar os olhos.

— Não contei porque vocês não param de encher o saco – ralhei quando todos concordaram com o Lucas.

Ao perceber que eles não desistiriam do assunto nem tão cedo, contei o que aconteceu ontem.

Quando fui atrás dela, a garota tentou se livrar de mim, mas consegui correr e parar na frente dela. Mostrei-lhe meu melhor sorriso e perguntei como ela estava. Depois de receber uma resposta curta e rápida, questionei se ela estava chateada comigo, mas, como toda garota, ela disse que não, que apenas estava tendo um dia cansativo. Seu rosto não estava sério, mas também não estava feliz, de modo que não consegui decifrar sua emoção. Até tentei justificar o que ela acabou de ver, mas a garota me interrompeu e disse que eu não precisava dizer nada, porque a vida é minha e eu fazia o que bem entendesse. Ouvindo isso, concluí que ela realmente ficou chateada, mas não insisti e a deixei ir.

— Ela deve estar chateada mesmo – Kevin murmura enquanto puxa uma linha solta da bermuda.

— É, eu sei, mas, pela cara que ela fez, não parecia estar tão brava.

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