Capítulo 9

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"Eu me esforço muito pra viver
em paz com meu passado
o problema é que todo dia
ele fica maior"
A Tristeza é um animal de Estimação – Francisco Ramai

Por pouco consegui me livrar da Caveirão, e tudo isso graças às minhas ótimas habilidades de persuasão, fora que ela gosta de mim, então isso facilita um pouco a minha vida. Mas, depois de despistá-la, ainda não consegui voltar para a aula. Mandei uma mensagem para o Lucas guardar meu material quando a aula acabasse – graças a Deus, já era a última do dia — e fiquei enrolando na biblioteca até o sinal tocar e eu encontrar meus amigos para irmos almoçar.

Depois, fomos para o treino de futebol, que foi bastante cansativo, já que estamos cada vez mais perto do Campeonato Interescolar, mas isso não foi algo ruim, pois me ajudou a esvaziar a minha mente do que me preocupava mais cedo. Querendo ou não, o futebol sempre me ajuda a me livrar de minhas preocupações - pelo menos por um momento. O bom é que agora estou mais leve e tranquilo.

— Adivinha quem se mudou de volta lá pro prédio — Luís Henrique volta para o vestiário com um sorriso maldoso no rosto.

Tenho absoluta certeza de que se existissem aqueles diabinho e anjinho que ficam no ombro da pessoa tentando ajudá-la a tomar uma decisão, como nos filmes, o Luís Henrique não teria o anjinho, isso se não tivesse logo dois diabinhos, um em cada ombro.

— Ninguém está a fim de adivinhar nada, fala logo – Gabriel termina de vestir sua camisa.

— O Poderoso Chefão. E ele está morando na frente daquele amigo de vocês, o tal de Vinícius, que mora na minha rua.

Só notícia ruim. Também, vindo do LH, não tem como esperar coisa boa.

Todos nós nos entreolhamos, tensos com a notícia.

— Eu o vi quando fui jogar o lixo fora. Aí, como eu sempre cumprimento as pessoas... falei com ele. — dá de ombros — Ele levou um tempão pra me reconhecer e depois me olhou com aquela cara de bravo, pior que a da Caveirão, e disse: "ah, você? Já parou de andar com aquele teu amigo?" — Me olha — E me disse pra parar de andar com você, João Pedro, porque você não é uma boa influência.

É claro que ele ia dizer isso!

— Novidade ele dizer isso, né? — Kevin revirou os olhos — Tá na cara que o velho ainda tá chateado.

— É por isso que eu andei pensando...

É como diz o ditado: "Mente vazia, oficina do diabo". Luís Henrique quando pára para pensar, com essa mente dele, não dá nada de bom.

— E... acho melhor a gente deixar o João Pedro em paz. Todo mundo ficou meio arrasado com o que aconteceu e, se o Poderoso Chefão ainda está bravo e mal com o que aconteceu, imagina o João Pedro. Ainda deve estar malzão. — Me olha, com uma cara, fingida, de pena.

— Esse endoidou de vez, né? — Gabriel começou, passando pela porta do vestiário – O cara era pai da menina! É óbvio que ele ainda está mal! O João Pedro, não! Já se passaram dois anos! O cara tem é que esquecer isso mesmo. Deixa ele continuar tentando conquistar a Fernanda! Vai ser até bom para ele.

— Mas...

— Luís Henrique, passado é passado — digo, enquanto saímos do vestiário, prontos para ir embora.

Ele tenta retrucar, porque sei que não aceita quando digo que estou melhor, mas assim que abre a boca, uma garota atrás de nós chama sua atenção. O garoto volta por onde tinha andado com um sorriso bobo no rosto e vai até a menina, que também sorri.

- Pessoal, essa é a Michele, minha...

- Amiga — ela se apressa em dizer, olhando para mim.

Nos apresentamos a ela, que fica o tempo todo sorrindo, e nos despedimos.

A Vida é Feita de EscolhasOnde histórias criam vida. Descubra agora