Capítulo 13

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"Os adultos só mantêm escondido.
Eles só estão ocupados sendo adultos
e se fingem de fortes por causa da pressão que vem com a idade."
Reply 1988

Os olhos da Fernanda se arregalaram, assustada com o que acabou de acontecer. Quando tento explicar que aquele carro era do meu pai, ele abaixa o vidro do carona e mostra um sorriso, fazendo com que a garota fique mais tranqüila.

— E aí? Querem carona? — pergunta, como se nada tivesse acontecido.

Meu pai provavelmente não percebeu que ela ficou assustada.

— Fernanda, esse aqui é o meu pai... Não sei se você vai querer aceitar a carona de um es...

— Fica tranquilo, eu conheço seu pai — ela sorri, como se acabasse de falar a coisa mais tranquilizante do mundo.

Como assim ela conhece o meu pai?

Ainda sem entender, abro a porta do banco traseiro para que ela entre. Depois de fechar, abro a porta do banco do carona e entro, sem olhar nos olhos do meu pai.

— Tá... Como assim vocês se conhecem? — indago.

— Ela é filha da Renata.

— Eu sou filha da Renata — diz ao mesmo tempo que meu pai.

— A amiga da minha mãe? Como eu não sabia disso?

Eu conheço a tia Renata. Já fui em sua casa diversas vezes, mas... eu não fazia ideia de que a Fernanda era a sua filha tão falada, que eu nunca via.

O que não consigo entender é: se ela sabia que eu era filho dos amigos de sua mãe, por que me tratou como se eu fosse um completo desconhecido? Por que disse, no dia do jogo, que não sairia comigo porque não me conhecia?

Não falo mais nada, apenas tentando assimilar toda a situação e entender porque fui tratado como um desconhecido durante todo esse tempo. Enquanto fico preso aos meus porquês mentais, a garota e o meu pai trocam um papo até chegarmos a sua casa, que não demora nem cinco minutos.

Quando meu pai estaciona o carro, em frente à casa branca com um letreiro que indica que ali é o estúdio da estilista Renata Albuquerque, um lugar que estou acostumado a vir.

A garota abre a porta do carro, depois de se despedir, e faço o mesmo, saindo do carro e parando à sua frente.

— Como assim você é a filha da tia Renata?

Ela me encara, um sorriso em seu rosto. Apenas dá de ombros, me mostrando que não tem resposta para minha pergunta.

— Por que você... fingiu não me conhecer, então?

— Eu não fingi não te conhecer... Eu não te conhecia. Conhecia seus pais, seu irmão, seus amigos... Sabia um pouco sobre você, mas... nada além disso. Agora eu estou te conhecendo de verdade — olha para os próprios pés.

— Então... Agora que você já sabe sobre mim e me conhece... vai aceitar meu convite? — encurto a distância entre nós.

Até queria deixá-la ir. Queria me afastar de uma vez para não machucá-la, mas depois de descobrir que ela é muito mais próxima da minha família do que eu pensava... quero continuar conhecendo-a. Não somente para mostrar aos meus amigos que já superei o que aconteceu no passado, mas... eu não sei. Só não quero que isso termine por aqui.

A Vida é Feita de EscolhasOnde histórias criam vida. Descubra agora