"Help me
It's like the walls are caving in
Sometimes, I feel like giving up
But I just can't
It isn't in my blood"
In My Blood — Shawn MendesEu não sabia se tinha sido os tantos minutos que fiquei perto da Fernanda que tinham me deixado daquele jeito ou qualquer outra coisa que fosse. Só sabia que alguma coisa tinha me deixado mal de novo ao reativar todas as memórias insuportáveis que tenho guardadas em meu cérebro.
Pretendia voltar conversando no carro, implicar com a Letícia ou com o Lucas, mas não consegui. Meus pensamentos dispararam quando minha mente trouxe de volta as lembranças insuportáveis que ainda tenho guardadas.
Quando cheguei, estava com medo de meus pais estarem na sala e começarem a me fazer uma pilha de perguntas assim que me vissem. Não estava com cabeça para respondê-los e poderia até mesmo falar grosseiramente sem perceber, por isso, quando entrei em casa e percebi as luzes apagadas, e o silêncio, agradeci mentalmente.
Fui direto para o banheiro e devo ter ficado mais de vinte minutos debaixo da água gelada. Queria que aqueles pensamentos me abandonassem. Queria que toda aquela dor fosse embora pelo ralo, que a culpa me deixasse, mas nada estava adiantando. Fechei a água assim que minha respiração começou a pesar. Meu peito subia e descia rapidamente, fazendo força para inalar todo o ar que eu precisava, mas não conseguia. Todo o oxigênio que entrava pelas minhas narinas não conseguia preencher meus pulmões.
Olhei para meu pulso, procurando o símbolo do infinito que desenho diariamente, mas ele havia sido apagado pela água. Então, como se ele ainda estivesse ali, comecei a fazer o que sempre faço quando o olho: contar a respiração.
Fechei os olhos com força na tentativa de silenciar meus pensamentos e inalei o ar novamente. Desta vez, com mais vontade, como se fosse a última vez que pudesse fazer isso na vida e, depois de dois segundos, expirei. Esta foi a primeira vez, repeti a ação de novo. Depois de novo. E de novo. E de novo. Não precisava me enfurecer se ainda estivesse mal quando contasse a centésima respiração, haviam infinitos números.
Depois de um tempo, porém, as lágrimas escorreram pelo meu rosto, ainda molhado e parei de contar. O choro desceu como se estivesse levando embora tudo o que me impedia de respirar normalmente e logo voltei "ao normal".
No meu quarto, coloquei meu celular para tocar uma música qualquer que me fizesse parar de pensar. Depois, liguei o videogame e comecei a partida. Joguei por uma hora e meia, sem parar, até que meus pais chegaram e me mandaram desligar o videogame e dormir. Obedeci sem pestanejar. Eu não queria uma discussão.
Mas assim que deitei na cama, as lágrimas voltaram a escorrer pelo meu rosto. Eu era um fraco. Já fazia anos que aquilo havia acontecido, mas as lembranças ainda me perturbavam diariamente. Embora estivesse chorando, não tinha o direito de me sentir mal. Eu fui o culpado de tudo. Eu errei, eu a machuquei, e deveria estar vivendo a minha vida normalmente porque fui o que menos se feriu.
E, pensando nisso, meu cérebro me alertava. Estava me aproximando demais da Fernanda e sabia que, se continuasse assim, acabaria machucando-a. Sabia que era tudo para mostrar aos meus amigos que eu estava bem, mas... será que valeria a pena feri-la só para sustentar minha palavra?
Pensando nisso, acabei pegando no sono.
***
Acordei às oito horas da manhã, com meu irmão tocando uma corneta da Copa do Mundo de mil-novecentos-e-sei-lá-o-quê que ele achou numa caixa guardada no quarto vazio da casa do meu avô. Tive que levantar na mesma hora se não quisesse ter meus tímpanos estourados. E tudo isso era uma comemoração porque ele iria no mercado comigo e com meu pai. Quando me levantei, estava até me sentindo melhor comparando ao que passei na noite anterior, mas depois que ouvi esta notícia maravilhosa, todo o meu ânimo foi por água abaixo., e tive que levantar na hora, ou então, ficaria com meus tímpanos prestes a serem estourados por causa do Miguel, que comemorava porque iria ao mercado comigo. Eu estava até me sentindo melhor, mas graças a essa notícia maravilhosa que recebi, todo o meu ânimo foi por água abaixo.
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A Vida é Feita de Escolhas
Teen Fiction⚽️ Sinopse: João Pedro Goulart tem 17 anos e é capitão do time de futebol da escola, além de ser o queridinho de todos. Ele vive uma vida perfeita e feliz (pelo menos, é o que todo mundo pensa). Apesar de sorrir diante de todos e agir como se tudo e...