9- Narizes machucados são bons.

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Os ombros de Regulus soltaram a tensão que seguravam no momento em que entregou sua última prova do trimestre. Era de filosofia e, por mais que adorasse as aulas, achava as provas uma perda de tempo, uma vez que decorar o conteúdo não adicionaria nada no modo de pensar dos alunos. E, óbvio, porque provas eram uma merda.

O som sinal retumbante adentrou nos seus ouvidos logo em seguida, pois ele demorou escrevendo o triplo de linhas que precisava em cada questão. Veja, ele sabia muito bem como ser direto, mas alguns professores o davam alguns pontinhos a mais quando ele demonstrava ter mais conhecimento sobre o assunto do que aquele que ensinava, mesmo que fosse pura enrolação com palavras extensas.

Saiu da sala pensando na sorte que teve de não perder completamente a insanidade, porque a forma que sua mente se entregava ao estresse da semana de provas não era nada saudável. Finalmente colocou seus fones de ouvido ao caminhar até a mesa que costumava sentar, sem ter que pegar seus livros para estudar naquele curto período de tempo. Não podia negar que continuava preocupado com o resultado de todas as provas, temendo que seus pais o repreenderiam se tirasse uma nota que não consideravam boa, mas aquilo apenas gerava uma leve ansiedade incomoda onde nada ele poderia fazer para alterar.

Só que, claro, como ele não pode ter um minuto se quer de paz, ele nem pôde chegar perto de seus amigos para o cumprimentarem quando sentiu alguém puxando o fone da sua cabeça. Achando que seria assaltado no meio da escola, o que seria uma grande bosta, ele se virou bruscamente apenas para ver que era seu irmão que tinha o objeto na mão.

Antes que ele pudesse reagir, Sirius começou a correr. Fala sério, ele era uma criança de sete anos querendo brincar de pega-pega? Mas como Regulus realmente estava precisando de música para sobreviver naquele momento e tinha medo que o idiota pudesse danificar nem que minimamente o fone, ele foi outra criança de sete anos ao entrar na brincadeira.

— Sirius, que merda é essa? — Bufou ao correr atrás dele para recuperar o fone, mas por ser mais novo, ele era uns bons centímetros mais baixo que o irmão, então nem se o alcançasse ele conseguiria recuperá-los.

O mais velho ria diante daquela situação. Regulus odiava ser feito de palhaço e odiava ainda mais o seu irmão. Quando pararam, nem se deu ao trabalho de ver onde tinha ido parar antes de começar a esbofetá-lo.

— Dá... Pra... Você... Devolver... O meu... Fone?! — Praticamente vociferava, um tapa no ombro do irmão a cada palavra.

— Ei ei ei, calma lá pinscher — Sirius finalmente entregou o fone nas mãos do dono. — Eu só peguei seu fone de gente esquisitinha pra fazer você vir aqui por espontânea vontade, já que sabia que ia ficar resmungando zilhões de coisas porque não ia querer ficar aqui.

— Eu não acho que foi bem espontânea vontade... — cruzou os braços enquanto sua voz de perdia ao ver onde exatamente Sirius queria levá-lo.

Os dois irmãos Black estavam parados bem na frente da mesa de James, seu irmão e seus amigos mais próximos. Ia perguntar o motivo de ele estar ali, mas só então se lembrou que havia combinado com Sirius que iria ter uma convivência harmoniosa com os amigos dele. Não se esforçou para esconder a carranca que não havia saído de seu rosto.

Sentiu um amargor na língua ao ver James e Evans com as mãos dadas em cima da mesa. Ugh, casais heteronormativos felizes. Se fosse algum garoto no lugar da ruiva, duvidava muito que eles estariam dessa forma publicamente, mesmo que fossem apenas mãos dadas. Provavelmente não os matariam, mas o número de olhares julgadores que receberiam seria extremamente grande.

— Você é tão...

— Brilhante?

-— Idiota — corrigiu ao colocar o fone novamente na cabeça, se enfiando no lugar vago na ponta da mesa, ao lado da McDonald.

garçon d'oro- jegulusOnde histórias criam vida. Descubra agora