garçon d'oro- jegulus

14- A vida é injusta.

[TW: breves pensamentos suicidas, homofobia, discurso de ódio e dor grátis (não sujeita a terapia gratuita, nem tente exigir que eu não vou pagar.)] 😊

Ele acordou zonzo na manhã seguinte. Mal abriu os olhos e já os fechou com força, sentindo raiva de si mesmo. James veio à sua mente tão naturalmente quanto respirar era para ele.

Prendeu a respiração, mas a imagem daqueles cachos bagunçados, dos óculos tortos, olhos atraentes e uma boca incrivelmente beijável não saiu da sua cabeça. Da pra parar, cérebro? gritou em pensamento. Deus, por que aquilo tinha que acontecer justo com ele?

Tentou afastar o garoto da sua cabeça de forma insistente. Ele se recusava a gostar de James o mínimo que fosse. Se recusava.

Emburrado, se levantou arrastando os pés para tomar um banho. Um bom banho colocaria ele no lugar, de volta aos trilhos. Costumava colocar.

Ele passou uns quarenta minutos debaixo da água. Inicialmente, ligou a água gelada para resfriar a droga do seu coração. Foi bom, pelo menos até o frio fazer com que ele pensasse como seria bom ter o toque quente de James contra sua pele para aquecê-lo.

Imediatamente mudou para água quente.

Ele não estava acostumado a deixar a água mais quente, então conseguiu esvaziar sua mente para prestar atenção na mudança. Funcionou, então ele deixou a água ainda mais quente. O banheiro se encheu de fumaça e a pele pálida de Regulus se encheu de manchas avermelhadas. A água estava pelando, beirando a queimar sua pele, mas ele se obrigou a ficar embaixo dela o máximo de tempo possível.

Por que? Ele não tinha certeza. Para mostrar que era forte, que era capaz de aguentar aquilo, talvez. Ou talvez porque ele achava que merecia a agonia da sua pele queimando por ter visto James com olhos diferentes. As duas coisas, provavelmente. Não importava.

Logo ficou estressado com a água. A vida já era uma merda, ele não precisava deixá-la pior estragando seu banho de forma proposital. Colocou a água em temperatura média, se perguntando seriamente se valia a pena pegar o secador de cabelo que guardava no armário embaixo da pia, colocar na tomada levar até o box para que fosse eletrocutado. Água era um ótimo condutor elétrico, e ele sabia que aquilo conseguiria o matar. Bem, era meio que esse o objetivo. Mas seria muita inconveniência e ele não estava afim de morrer pelado, mesmo que ele realmente estivesse cogitando a possibilidade. Parecia mais fácil morrer do que viver apaixonado por James, honestamente.

Para de ser bizzaro, Regulus disse a si mesmo. Cogitar se matar por conta de uma pessoa, por conta de James, era a maior idiotice que ele já tinha feito, talvez apenas depois de, uh, GOSTAR DE JAMES.

O banho claramente não vou sua melhor ideia, então ele saiu. Colocou uma roupa inteiramente preta, como se isso pudesse o fazer se mesclar com as sombras e desaparecer. Considerou secar o cabelo no secador, mas depois da ideia de se matar com ele, escolheu deixar o cabelo secar naturalmente.

Descia as escadas para ir tomar café quando ouviu os berros exaltados de Sirius ecoarem pela casa. Regulus sentiu-se tonto, as paredes de repente parecendo apertadas demais, pois ele conhecia aquele tom de voz do seu irmão. Ele estava brigando com seus pais.

— Estou usando mesmo, e daí?! — Sirius gritou.

— Você não use esse tom de voz com sua mãe, rapaz — Orion disse igualmente alto.

— Você não me diga que tom eu devo ou não usar — retrucou.

Regulus suspirou. Seu irmão até poderia ter razão naquela briga toda, seja lá qual fosse o assunto da vez, mas gritar daquela forma apenas irritaria seus pais. Se ele quisesse ganhar a briga, deveria manter o tom mais calmo e argumentar pacificamente. Só que Sirius nunca escutava quando Regulus o dizia isso.