12- Dois 10s.

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Regulus tentava ignorar o funk estourado que vinha do quarto do seu irmão para conseguir analisar as notas das suas provas pela quinta vez, tentando entender o que aconteceu. Estava com uma carranca, pois sua média tinha sido 8,5.

Tá, ele sabia que sua média não poderia ser 10 para sempre, mas estava realmente decepcionado e constrangido que não tinha conseguido uma nota que começasse com 9. Isso era tudo culpa de geografia, que tinha feito ele tirar 7 e abaixou sua média.

Ele apenas havia tirado um 10, isso em inglês, e isso o perturbou. Mesmo 8,5 não sendo uma nota ruim, não era suficiente. Trimestre passado havia sido 9, e no anterior, conseguiu ralar para ter um 9,5. Se ele abaixasse 5 décimos a cada trimestre, ele estava ferrado. Aquele era o primeiro do ano, ele ainda tinha mais dois pela frente, isso só naquele ano...

Era frustrante a sensação de estar ficando progressivamente mais burro. Ele precisava manter o padrão de notas alto se ele quisesse passar em uma boa faculdade de direito. Bem, no caso ele não queria, mas os pais não se importavam com o que ele queria e nunca o deixariam fazer faculdade de música ou coisa do gênero. Se ele não passasse para direito, o que já seria uma tremenda vergonha, ele teria que fazer administração. Não tinha a opção de não passar para administração, simplesmente não tinha, então ele precisaria se esforçar ainda mais para não deixar seu desempenho cair dessa forma.

"Aí eu peguei e falei assim pra ela: cocota feia pra caralho..." a voz estridente de Sirius ecoou nos ouvidos de Regulus e reverberou em seus ossos.

— SIRIUS, ABAIXA A PORRA DESSA MÚSICA E CALA A BOCA! — gritou o mais alto que sua gargante permitiu.

— DEIXA EU ME DIVERTIR REGGIE! — respondeu.

— SE DIVERTE SEM FAZER OS OUVIDOS DE NINGUÉM SANGRAREM. E SE VOCÊ NÃO DESLIGAR ISSO, EU VOU JOGAR VOCÊ E ESSA MERDA DE CAIXINHA DE SOM PELA JANELA!

— CARA EU TE ODEIO.

— EU TE ODEIO MAIS.

Quando seu irmão finalmente desligou a música, Regulus voltou a encarar fixamente seu boletim, como se isso fosse fazer suas notas magicamente aumentarem. Cara, como ele estava ferrado. No momento que seus pais vissem suas notas, ele já sabia a bronca que viria. Como ele era um ingrato com eles por não aproveitar a oportunidade de estudar, que tirar notas boas era sua obrigação, que ele tinha que ter um boletim mais parecido com o de seu irmão, como aquilo era só pro bem dele... Esse tipo de papinho de merda.

Só que esse tipo de papinho de merda sempre o atingia mais do que ele gostaria de admitir.

Sabia que seria impossível escapar disso, então resolveu escrever uma letra bobinha de música para se distrair. Nem mesmo prestou atenção nas palavras que colocava no papel, apenas rabiscava qualquer coisa para que seu cérebro parasse de constantemente gritar "burro!" para ele. Quase funcionou.

Mesmo estando no segundo andar, Regulus conseguiu ouvir o tilintar das chaves na porta de entrada, os passos dos sapatos dos pais ecoarem pela sala de estar e as vozes se abafavam pelas paredes. Deus, ele até conseguia sentir a presença dos dois.

— Meninos, desçam aqui — a voz de Walburga reverberou pela casa.

E nem tinha como fugir, porque eles sabiam que os filhos haviam recebido o boletim. De alguma forma, eles sempre sabiam. Regulus resmungou ao sair do quarto, as provas e o boletim nas mãos. Seu irmão estava com aquele sorrisinho típico de Sirius Black, naturalmente confiante pois sabia que não estava encrencado.

Andaram lentamente até o andar de baixo, com preguiça de ter que encarar os pais. Era peculiar como eles conseguiam ser ausentes quase sempre, mas era só algum de seus filhos fazer alguma mínima merda que eles apareciam para dar bronca. Dessa vez, para dar uma variada, a briga não seria com Sirius.

garçon d'oro- jegulusOnde histórias criam vida. Descubra agora