24. MUDANÇAS

411 73 19
                                    

SARAH POV

O primeiro dia sem Lua foi um dos mais difíceis da minha vida. Quando voltei para casa depois de deixá-la com Juliette, a ausência dela era palpável em cada canto da casa. Cada brinquedo espalhado pelo chão, cada desenho pendurado na geladeira, tudo parecia gritar a falta que ela fazia.

Logo que cheguei, fui direto para o quarto dela. As paredes estavam decoradas com seus desenhos coloridos e as prateleiras cheias de livros e brinquedos que ela tanto amava. A cama estava desarrumada, com os lençóis ainda com o cheiro suave da sua loção infantil. Não consegui segurar as lágrimas. Sentei na cama, abraçando seu travesseiro, deixando o choro fluir livremente. Era como se um pedaço de mim tivesse sido arrancado.

— Mamãe sente tanto a sua falta, Lua — sussurrei para o vazio do quarto. — Prometo que vou fazer de tudo para te trazer de volta.

Passei horas ali, chorando, permitindo que a dor e a tristeza fluíssem. A sensação de impotência era esmagadora, mas sabia que não podia desistir. Gizelly estava determinada a provar minha inocência, e eu precisava acreditar que, no final, a verdade prevaleceria.

Depois de um tempo, levantei-me e comecei a organizar as coisas de Lua. Cada roupa dobrada, cada brinquedo guardado, era como se eu estivesse tentando manter a conexão com ela de alguma forma. Separei algumas roupas e brinquedos que sabia que ela gostaria de ter na casa de Juliette. Queria que ela se sentisse o mais confortável possível, mesmo longe de mim.

A casa parecia incrivelmente silenciosa sem a risada alegre de Lua ecoando pelos corredores. Tentei me distrair com as tarefas domésticas, mas tudo me lembrava dela. Cada prato que lavava, cada móvel que limpava, trazia à tona uma lembrança dela correndo pela sala ou fazendo perguntas curiosas enquanto eu cozinhava.

Ao longo do dia, alguns amigos ligaram para saber como tinha sido a audiência. Expliquei a situação, mas disse a todos que queria ficar sozinha naquela noite. Precisava de um tempo para processar tudo e tentar encontrar alguma paz em meio ao turbilhão de emoções.

Quem me fez companhia foi Halph e Nino. Halph, meu fiel companheiro canino, parecia sentir minha angústia. Aquela bolinha de pelos brancos não saía de perto de mim, seu latido era baixo, quase como se estivesse triste também. Nino, nosso gatinho, parecia procurar Lua pela casa. As pessoas costumam dizer que gatos não têm sentimentos por seus donos, mas eu podia ver nos olhos de Nino que ele sentia falta de Lua tanto quanto eu.

No fim da tarde, Gizelly passou para me visitar. Sua presença foi um alívio. Conversamos por um tempo, e ela me assegurou que estava fazendo tudo ao seu alcance para resolver a situação o mais rápido possível. Tentamos falar sobre outras coisas, mas a conversa sempre voltava para Lua. Gizelly me encorajou a ser forte, mas era difícil segurar as lágrimas.

À noite, a casa parecia ainda mais vazia. Fiz uma refeição rápida, sem apetite. Quando me deitei, o quarto parecia enorme e solitário sem Lua pedindo para contar uma história antes de dormir. Fechei os olhos, tentando imaginar que ela estava ali, mas a dor da ausência era esmagadora.

Enquanto me virava na cama, pensei em todas as promessas que fiz a Lua, de que logo estaríamos juntas novamente. Tinha que ser forte por ela, mesmo que a dor me consumisse. Antes de adormecer, fiz uma prece silenciosa, pedindo forças para enfrentar os dias que viriam e esperançando que tudo se resolvesse logo, para que pudesse ter minha filha de volta em meus braços.

A primeira noite foi longa e cheia de sonhos inquietos. Acordei várias vezes, olhando para o lado da cama onde Lua costumava dormir quando tinha pesadelos. Cada vez que acordava, a realidade me atingia como uma onda, e o vazio ao meu lado era um lembrete doloroso de que ela não estava ali.

A busca - Sariette Onde histórias criam vida. Descubra agora