25. ENTRE REALIDADE E CONTOS DE FADAS

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JULIETTE POV

Depois que Sarah chegou, tentei dormir, mas a preocupação me mantinha acordada. Vez ou outra, eu ia até a porta do quarto e observava Sarah deitada ao lado de Lua, fazendo carinho em seus cabelos. Sarah era uma mãe muito cuidadosa.

Quando o sol começou a surgir, fui até a cozinha para preparar algo para comermos. Fiz café preto, tapioca, cuscuz, que descobri que Lua adorava assim como eu, e fritei um ovo do jeito que Sarah gosta. Queria proporcionar um pouco de conforto em meio àquela situação tensa.

Dei uma batidinha leve na porta do quarto, e Sarah levantou a cabeça para me olhar.

— Vem tomar café — chamei baixo.

Ela se desvencilhou com cuidado para não acordar Lua, conferiu se a febre da menina tinha baixado, deixou um beijo em sua testa e só então saiu do quarto.

— Preparei café, tapioca, cuscuz e um ovo do jeito que você gosta — disse, tentando soar mais animada do que me sentia.

Sarah apenas assentiu com a cabeça e foi se servir. Nos sentamos à mesa e comemos em silêncio, algo que me incomodava.

— Obrigada por ter vindo, Sarah... eu... não sabia o que fazer — disse, sincera.

— Fiz isso por minha filha, Juliette — falou sem desviar o olhar do prato.

— Sarah, não precisamos ficar assim... — tentei iniciar.

— Assim como, Juliette? — perguntou com um olhar cansado.

— Você poderia falar alguma coisa — falei, tentando quebrar o gelo.

— O que você quer que eu fale, Juliette? Que você tirou minha filha de mim e agora tenho que vir na sua casa porque ela está sofrendo sem entender por que tem que ficar longe da própria mãe? —  desabafou, me olhando com lágrimas nos olhos. — Sabe o que ela me perguntou quando cheguei?

Neguei com a cabeça, sentindo um aperto no peito.

— Ela perguntou... — ela parou, com dificuldade de continuar. — Ela perguntou se eu tinha cansado de ser a mãe dela — Sarah tentava controlar as lágrimas. — Você sabe o quanto dói ouvir isso da própria filha?

Não consegui ver Sarah naquele estado e levantei, indo até ela e puxando-a para um abraço. Ficamos ali por um tempo, em silêncio. Eu não disse nada, apenas deixei que ela se acalmasse, fazendo um leve carinho em seu cabelo enquanto sentia minhas próprias lágrimas escorrendo.

Nos afastamos do abraço e ficamos nos olhando, mas antes que eu pudesse falar qualquer coisa, Lua acordou e chegou na cozinha.

— Mamãe, você está aqui! — Lua correu até a mãe, que a sentou em seu colo e a abraçou. Lua deitou a cabeça no peito de Sarah enquanto a loira tentava lhe oferecer um pedaço de tapioca com ovo. Lua negou e apenas se aconchegou mais no colo de Sarah.

— Eu fiz cuscuz, Lua. Você gosta? — perguntei, tentando animá-la. A menina me olhou como se quisesse negar, mas Sarah interveio antes.

— Olha, filha, que legal! Você ama cuscuz! — Sarah falou com sua melhor voz. — A tia Ju preparou especialmente para você!

— Só um pouquinho — Lua disse fazendo o gesto com a mão, e fui colocar um pouco para ela.

Sarah ficou até umas 10 horas da manhã, mas teve que ir por causa do trabalho. Ela tentou explicar da melhor forma para a menina por que teria que ficar comigo, inventou uma história que a menina pareceu acreditar. Mas o que deixou Lua mais tranquila foi Sarah dizer que ela poderia ligar a qualquer momento.

A busca - Sariette Onde histórias criam vida. Descubra agora