A morte de Eric havia deixado uma marca profunda em Ana e Diego. As semanas seguintes foram preenchidas por um silêncio desconfortável, e a tensão entre os dois era palpável. Finalmente, Ana decidiu que não poderia mais suportar a situação.
— Diego, precisamos conversar. — disse Ana, sua voz baixa e séria, enquanto caminhavam pelo parque.
Diego parou, sentindo o peso das palavras de Ana. Ele sabia que algo estava errado, mas não queria enfrentar a realidade.
— Sobre o que, Ana? — perguntou ele, tentando esconder a preocupação, suas mãos suando.
Ana respirou fundo, olhando para ele com olhos tristes.
— Acho que precisamos de um tempo. Tudo o que aconteceu... a morte do Eric, as ameaças de Felipe, a distância, tudo isso... está nos consumindo. Precisamos de um tempo para pensar, para entender o que sentimos e como seguir em frente, esta tudo muito estranho, a gente nem se toca mais.. — disse ela, sentindo as lágrimas brotarem.
Diego ficou em silêncio por um momento, sentindo o coração se partir. Ele queria protestar, mas sabia que Ana estava certa. Eles estavam se afundando na dor de tudo que viveram.
— Se é isso que você acha que é melhor, então... eu aceito. Vamos dar esse tempo. — disse ele, sua voz carregada de tristeza.
Ana assentiu, sentindo uma mistura de alívio e dor. Eles se abraçaram, ambos sabendo que precisavam desse espaço para encontrar clareza.
— Mas eu ainda vou proteger você de tudo isso. — Disse Diego com os olhos em prantos
— Ainda vamos resolver tudo e juntos, eu só preciso de um tempo pra colocar minha cabeça no lugar, mas eu jamais deixaria você passar por tudo isso sozinho, com seu irmão ainda nessa situação, eu... eu ..estou tão confusa, eu sinto muito.. — Ana saiu correndo em direção ao ponto de ônibus, pegou o primeiro que viu só para sair dali e foi embora.
As férias do meio do semestre chegaram, proporcionando a Ana e Diego a oportunidade de se afastar de tudo e ressignificar as coisas. Ana decidiu viajar para a casa de seus avós no interior, enquanto Diego acompanhou sua família em uma viagem à praia.
Durante as férias, Ana encontrou algum consolo na tranquilidade do campo. Sem ataques de Felipe ou qualquer entidade, ela finalmente teve tempo para refletir sobre tudo. Sentia falta de Diego, mas sabia que precisava desse tempo para entender seus próprios sentimentos.
Enquanto isso, Diego estava em Itanhaém, na Praia dos sonhos, e encontrou uma distração inesperada durante a viagem. Na praia, ele conheceu Clara, uma garota alegre e cheia de vida que o fez esquecer, mesmo que por um momento, a dor e o medo que o assombravam.
Clara era divertida, carinhosa e totalmente diferente do caos que sua vida havia se tornado. Tinha cabelos cacheados longos, pele negra e um sorriso cativante. Diego se sentiu atraído por ela, e embora estivesse zangado e magoado com Ana, ele encontrou em Clara um refúgio, alguém que o acolheu sem exigir nada.
— Você parece estar perdido em pensamentos de novo. — disse Clara, enquanto caminhavam pela areia ao entardecer. — O que tanto assombra a sua mente?
Diego sorriu, embora um pouco triste.
— É complicado. Mas estar aqui com você tem sido... bom. — respondeu ele, tentando esconder a culpa que sentia.
Clara sorriu de volta, tocando suavemente o braço dele.
— Eu estou aqui para te ajudar a esquecer, mesmo que por um tempo. — disse ela, aproximando-se. — Você também tem me feito muito bem. — Nossa amizade começou bem imprevisivel, ambos passando férias aqui, mas foi uma surpresa boa, acho que eu precisava de alguém como você.
VOCÊ ESTÁ LENDO
TURMALINA NEGRA - Laços Sombrios
Mistério / SuspenseNa pacata cidade de Silvialane, no coração de Minas Gerais, um assassinato brutal abala a tranquilidade dos moradores. No epicentro desse mistério estão Ana e Diego, dois jovens que, até aquele fatídico dia, eram inseparáveis. Desde a infância, eles...