Salamandras e Silfos

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A perseguição terminou em um lugar desolado e escuro, um antigo barracão no meio da mata. Quando Marie e Diego chegaram ao local, o que viram os fez cair de joelhos, chorando em desespero. Ana estava presa em uma estrutura de madeira, sua boca sendo aberta lentamente pela "Pera da Angústia", um instrumento de tortura medieval usado durante a caça às bruxas. SUa boca sendo lentamente rasgada, já coberta de sangue.

Felipe era um sádico e sentia imensa alegria em ver o sofrimento de Ana, deixando-a somente de roupa intima toda coberta de ferimentos causados durante seu transporte até o barracão.

Marie enxugou as lágrimas rapidamente, segurando Diego antes que ele corresse impulsivamente para resgatar Ana.

— Diego, pare! Precisamos pensar. Se Felipe acionar a pera de uma vez e ela se abrir dentro da boca dela, Ana morre na hora, esse instrumento tem uma capacidade destrutiva muito grande, irá quebrar o maxilar dela, causar muito sofrimento, além de perder muito sangue. Temos que ser cautelosos. — disse Marie, tentando manter a calma.

Diego olhou para Ana, sua mente lutando para encontrar uma solução.

— O que fazemos então? Não podemos deixá-la assim! — sua voz tremia de desespero, gotas de suor escorriam de sua testa.

Antes que pudessem elaborar um plano, salamandras surgiram do nada, espalhando fogo pelo feno que cobria o chão do barracão. As chamas começaram a crescer rapidamente, ameaçando engolir tudo ao redor. Silfos, espíritos do ar, apareceram em seguida, empurrando Marie para longe de Diego.

— Temos que derrotá-los primeiro! — gritou Marie, enquanto lutava para se manter de pé.

Diego e Marie se prepararam para enfrentar os silfos, quando de repente a figura assustadora que assombrava Ana apareceu no teto, engatinhando, sua boca cortada nas estremidades abrindo e soltando um grito ameaçador. Mesmo com medo suas mentes focadas na tarefa de salvar Ana. As criaturas atacavam com força, mas Marie e Diego resistiam, usando todas as suas habilidades para combater os espíritos.

Diego foi encurralado pelas salamandras, eram criaturas até graciosas em aparencia, mas altamente destrutivas. Quando pensou ser o seu fim, lembrou de cada ensinamento que teve na mata e tentou corajosamente soltar um feitiço. Sentindo que Deus estava a seu favor, com toda coragem que possuia desenhou simbolos no ar. Quando a salamandra percebeu pulou em sua direção para queima-lo, soltando todo seu poder de fogo, um brilho emanou das mãos de Diego e vaporizou a salamandra ainda no ar. Mas ainda restava uma.

Enquanto a batalha continuava, Ana, desacordada, começou a ter um diálogo interior com Mima. No limiar da consciência, ela via a figura de Mima diante dela, irradiando uma luz suave.

— Ana, ouça-me, você precisa acordar. — disse Mima, sua voz ecoando na mente de Ana. — Eu sei que está com medo, mas você precisa ser forte. Eu vou te ajudar a sair dessa.

— Mima, estou tão assustada... O que devo fazer? — perguntou Ana, sua voz trêmula. — Esta doendo tanto..

— Siga minhas instruções. Use o poder da turmalina negra que carrega com você. Concentre-se em quebrar as correntes que te prendem. — respondeu Mima, sua voz firme e tranquilizadora. — A Pera será ativada ao menor movimento seu, então ao acordar tente não se mover, vai se sentir um pouco tonta, mas tente ser firme, quando sentir que esta firme, concentre-se e repita em sua mante essas palavras "Hoc instrumentum doloris frangat, sit mea lux nunc Dominus!" Após isso a Pera será destruida e você fara a mesma coisa com as correntes só que dessa vez em voz alta "Domine Deus, confringe vincula vi nominis sancti tui.", tenha fé, acredite Ana, Deus é contigo, assim como foi comigo e me protegeu nos dias maus! Eu te ajudarei daqui, você não esta só!

Ana, mesmo sem forças, despertou, começou a se concentrar, sentindo o poder da turmalina negra pulsar em seu peito. Enquanto isso, Marie e Diego continuavam lutando ferozmente contra os silfos e salamandras.

O calor das chamas aumentava, e o barracão começava a desmoronar. Diego conseguiu afastar um dos silfos com um golpe preciso, enquanto Marie usava feitiços para manter a salamandra à distância. Eles precisavam agir rápido antes que fosse tarde demais.

Com o poder da turmalina negra, Ana sentiu as correntes que a prendiam começarem a enfraquecer, mas sua boca ainda estava sendo machucada, quando Felipe ia ativar a Pera, Ana emanou poder e ela se desarmou e fechou, caindo ao chão. Usando toda a sua força de vontade e fé repetiu as palavras que Ana a ensinou:

—  Domine Deus, confringe vincula vi nominis sancti tui.

E as correntes viraram pó. E conseguiu se libertar da estrutura de madeira, caindo no chão, respirou fundo e levantou decidida a atacar.

— Ana, você conseguiu! — gritou Diego, vendo-a se levantar em pose de combate.

Marie correu para ajudar Ana, enquanto Diego mantinha os espíritos à distância. Porém, o fogo continuava a crescer, e eles precisavam sair dali rapidamente. O calor já era insuportavél e a unica coisa que os mantinha vivos ali era o poder de Deus que os protegia.

— Vamos! — gritou Marie, puxando Ana para fora do barracão.

Com os espíritos temporariamente afastados, Diego e Marie conseguiram fugir com Ana para fora, escapando das chamas. Eles se afastaram o máximo que puderam antes do barracão desabar completamente.

Exaustos e feridos, caíram no chão, respirando pesadamente. O silêncio da noite era quebrado apenas pelo crepitar das chamas que consumiam o barracão. Ana, ainda fraca, olhou para Marie e Diego, agradecida por suas vidas.

Mas ainda não havia acabado, Diego e sua figura aliada assustadora ainda estavam ali, só não sabiam aonde haviam se escondido, seus corações acelerados, ainda cansados, esperando pelo pior.

TURMALINA NEGRA - Laços SombriosOnde histórias criam vida. Descubra agora