Gulf quer ser padre; ele acredita que o mosteiro será seu paraíso. Mew, por outro lado, quer fugir daquele lugar. Para ele, o mosteiro é um inferno.
Aviso de Conteúdo Sensível:
Esta história contém gatilhos e aborda temas relacionados à religião. Se...
Essa história não é minha propriedade pertence à Lokunferencia e tenho permissão dela para traduzi-la para o português.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
⚠️Aviso de Conteúdo Sensível:
Esta história contém gatilhos e aborda temas relacionados à religião. Se você não se sentir confortável com esse tipo de conteúdo, recomenda-se não continuar a leitura.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
MEW SUPPASIT
Acordei antes que os sinos soassem, anunciando a hora da nossa primeira oração do dia. Há anos deixei de praticar essa tradição. Minha mãe costumava me dizer que meu pai era ateu, descrevendo-o como um homem do diabo e pagão. Na época, suas palavras me pareciam cruéis e infundadas. Mas hoje, ao olhar para a minha própria vida, começo a entender sua perspectiva. Como é possível acreditar em um ser supremo todo-poderoso, capaz de mudar minha situação, e ainda assim ver minha dor sem oferecer um alívio? Como alguém pode conceber a ideia de um deus benevolente e, ao mesmo tempo, ver o sofrimento e a injustiça sem intervir? Com o tempo, abandonei a crença em qualquer divindade, a única fé que me resta é na minha própria força e no esforço pessoal.
- Hoje chega carne fresca - diz Zee, meu amigo e confidente, da sua cama. O quarto é pequeno e escuro, mas é um abrigo acolhedor para nós. Duas camas de solteiro estão alinhadas uma ao lado da outra, separadas por uma mesinha, e uma pequena janela dá para o primeiro andar do prédio. O banheiro, que compartilhamos, está próximo da porta de saída. A falta de luz e a sensação de confinamento tornam tudo mais pesado, mas também mais íntimo. Zee dorme pouco, assim como eu. Nossas mentes estão sempre inquietas, e a monotonia deste lugar torna qualquer distração quase impossível.
Ele tem duas irmãs que vivem com um pai abusivo. Sei que Zee pensa muito nelas, e imagino que, em sua mente, esteja sempre planejando uma forma de vingança para o dia em que deixar este lugar. Chegamos aqui quase ao mesmo tempo. Seu pai o levou ao hospital depois de um incidente em que Zee tentou defender suas irmãs com uma faca quando o pai tentou atacá-las. No entanto, foi esse mesmo pai, que o levou ao seminário. Quando Zee me contou sua história, havia uma fúria contida em sua voz, uma raiva direcionada principalmente aos pais, reconhecendo que suas irmãs são as verdadeiras vítimas. Já se passaram anos desde que alguém veio vê-lo. Nos primeiros meses, suas irmãs o visitaram, mas, há dois anos, ninguém mais apareceu. A mim, ninguém nunca veio. Minha mãe provavelmente morreu de fome, ou desapareceu, desde que me deixou aqui. Enxugo uma lágrima teimosa do rosto e me sento na cama, preparando-me para mais um dia nesta prisão.
