Um novo começo.

1.2K 42 12
                                    

Na casa Bridgerton, a atmosfera era de pura antecipação. Naquela manhã, a majestosa viúva Violet Bridgerton estava ocupada com uma linda pena, planejando usá-la como o toque final na preparação de sua filha Francesca. Francesca, com sua beleza notável, representava perfeitamente a famosa família Bridgerton, conhecida por seus oito irmãos extraordinariamente bonitos e abastados.

A excitação era palpável, pois aquela noite marcaria o início da nova temporada de bailes. Seria também o primeiro evento oficial oferecido pela nova viscondessa, Kate Bridgerton. Em toda Londres, jovens de famílias ricas e respeitáveis estavam imersas nos preparativos: visitando modistas para os últimos ajustes em seus vestidos e joalherias para escolher as mais brilhantes joias. Todos ansiavam pela grandiosidade que a noite prometia.

Penelope Featherington estava igualmente ansiosa e cheia de expectativas em sua residência. Como sempre, estava sentada ao lado da janela, com um livro em mãos, observando a casa Bridgerton, que ficava bem em frente à sua. Com uma nova temporada, vinham novas mudanças, e Penelope havia se convencido de que era hora de esquecer — ou pelo menos tentar esquecer — seu amor por Colin Bridgerton. Essa decisão surgiu após uma conversa difícil, mas necessária, com sua mãe, Portia Featherington.

Aquele foi um momento crucial para Penelope, agora refletindo à janela. Embora fosse uma conversa dolorosa, foi essencial para que ela pudesse agir. Penelope estava em sua terceira temporada e ainda não tinha perspectivas de casamento. Sua família estava à beira da falência, e embora suas duas irmãs já estivessem casadas, seus maridos não eram ricos o suficiente para sustentá-las, muito menos Penelope e sua mãe. O que mais a perturbava era o comentário da mãe: "Pelo menos terei Penelope para cuidar de mim na velhice".

Apesar de amar sua mãe, Penelope sabia que elas eram muito diferentes. Portia era ambiciosa, pouco atenciosa e extremamente crítica. Penelope não se identificava com a mãe nem com as irmãs, o que a fazia sentir-se deslocada, não só nos bailes, mas especialmente em casa. Foi essa sensação de alienação que a levou a criar Lady Whistledown, uma coluna de fofocas que expunha os maiores segredos de Londres. Viver no anonimato era libertador para Penelope, que não ansiava por ser vista ou desejada.

Mas, à medida que os anos passavam, ela sabia que estava chegando o momento de aposentar sua pena e focar em encontrar um marido. Embora não esperasse casar por amor, pois seu coração pertencia a Colin, estava resignada com o fato de que Colin não era seu. Ele pertencia ao mundo e, provavelmente, no futuro, seria de outra mulher, mas não de Penelope.

Penelope passou o dia anterior inteiro na modista, preparando-se para o grande baile de Kate. Ela sabia que aquela noite seria perfeita para apresentar seu novo visual à sociedade. Estava extremamente orgulhosa de sua decisão de finalmente aposentar os vestidos amarelos e laranja, que nunca lhe caíram bem e a faziam parecer uma fruta cítrica, não muito atraente aos olhos dos cavalheiros.

Agora, vestida com um deslumbrante vestido verde escuro com brilhos, complementado por luvas pretas e um penteado elegante, Penelope sentia-se renovada. Embora soubesse que, naquele primeiro baile, talvez não conseguisse manter uma conversa longa com um cavalheiro, ela estava determinada a tentar. Precisaria de, pelo menos, quatro bailes para se sentir confiante o suficiente para engatar uma conversa fluida. Esta era uma das tarefas mais desafiadoras para Penelope, uma jovem cheia de opiniões, trocadilhos e piadas, além de uma grande paixão pela leitura.

No entanto, nos bailes, ela frequentemente se encontrava em um cantinho escondido, longe dos olhares curiosos. Não era tímida, mas achava difícil conversar com pessoas que, em sua opinião, não tinham assuntos interessantes o suficiente. Ela julgava que muitos dos membros da alta sociedade, de quem ela fazia parte, não eram bons interlocutores. Reciprocamente, muitos desses membros olhavam para Penelope com estranheza, especialmente quando ela expressava suas opiniões. Isso a fazia sentir-se isolada, como se fosse vista como excêntrica ou mesmo um pouco louca por aqueles ao seu redor.

Polin por amor Onde histórias criam vida. Descubra agora