Visitante surpresa

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POV: SHEIK. 

Andando pelas ruas sem rumo, ainda pensando no que Zelda disse, penso seriamente em ir para minha casa, eu preciso descansar a minha mente de tudo que está havendo.

O céu está completamente nublado, como se o clima natural quisesse me lembrar o quão vazio estou por dentro. Caminhando pela Vila Rito, chegando em minha casa, esfreguei os pés no tapete áspero que eu deixava na porta de casa, limpando a terra que ficou em minhas botas por ter pisado no solo úmido do cemitério. Olhando a pequena quantidade de terra espalhada no tapete me traz de volta a angústia que senti naquele lugar. Suspirei desviando o sentimento ruim que queria aparecer, coloquei minha chave na fechadura da entrada da porta, girando-a para destrancar antes que eu pudesse entrar. 

Felizmente eu deixei ela arrumada antes da última vez que saí, o que de certa forma me gerou um certo alívio, considerando que não gosto de ambientes sujos, ainda mais quando se trata de um lugar que moro. Eu não teria cabeça para faxina agora. Talvez um banho me anime —  tive como pensamento. Subindo as escadas acima, o barulho dos meus passos nos degraus de madeira eram altos e claros, o suficiente para me lembrar do silêncio, mas não um silêncio agradável, esse silêncio que me lembrava o quão eu estava solitário naquela noite. 

Sei que tive uma missão, um objetivo… um objetivo que ainda tenho, mas eu não me vejo em condições de continuar, eu preciso reconhecer os meus limites. Se não dá agora, então não vou fazer. Penso em como me estabilizar psicologicamente para o pior que está por vir, eu realmente não queria me meter, minha única função deveria ensinar as canções e revelar os segredos que sei no momento certo… 

Estou em meu quarto agora, sentado na minha cama. Ao passar os dedos pela minha testa, percebi que estava  suando frio, meu gosto um pouco pegajoso devido às lágrimas secas que se misturaram com o que transpirei. Tirei o pequeno chapéu branco de tecido da minha cabeça, colocando em cima da mesa de cabeceira que fica ao lado de minha cama, do lado de um abajur. 

Acendi a luz, indo até meu armário procurar uma toalha mas ao lado dele me deparei com meu cesto de roupas sujas e em cima dele a toalha que eu havia emprestado para (S/n) quando ela veio me visitar em minha casa. O som do seu riso quando peguei e cobri ela com aquele tecido, secando ela como uma criança que acabou de sair da praia, voltou a minha cabeça como uma lembrança bonita. Sinto uma pontada em meu peito pensando em Link insinuando que eu não me importava com ela, sempre me importei, porém de início eu me importava com os objetivos designados para eles e pra mim, mas agora eu havia estabelecido um sentimento de amizade e consideração por eles, já até imagino o quão Link deve mudar por tudo isso. [...]

Em meu banho, é um grande momento de paz que eu adquiri em meio ao dia caótico que vivenciei hoje. A água quente do chuveiro batendo em minha pele era o que eu precisava, gerou-me uma grande sensação de relaxamento. Quando finalizei meu banho e desliguei o chuveiro, cobri a mim mesmo com uma toalha e ao sair do banheiro ouvi uma batida ansiosa e alta na porta. Quem poderia ser agora? 

Sheik: — Já estou indo, espere um minuto! — Exclamei, indo a caminho a meu quarto para me vestir. A pessoa lá fora não pareceu me ouvir, começando a bater mais alto e em urgência. Aquilo parecia muito importante, então do jeito que estava olhei pelo olho mágico da porta quem era, vendo uma garota que certamente era estranha para mim. Me pergunto se deveria realmente abrir para ela, porém ela parece inofensiva, ela continua a bater e por fim finalmente abro, pelo menos um espaço estreito, evitando que ela me visse por inteiro. — Olá? — Falei confuso. A garota me olhou da mesma forma, como se me ver não fosse o que ela estava esperando.

?: — Olá, bem… hm… é aqui que o Mikhail mora? — Franzi a testa, um pouco confuso. Talvez ela tenha apenas se confundido, é comum. 

Sheik: — Ah, não, não sou eu. Aliás, não conheço ninguém com esse nome, moça. Você deve estar no lugar errado. — Respondi educadamente. 

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