Na cabeça

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Sirenes de ambulância surgiam e abandonavam as esperanças dos jovens pesquisadores no laboratório, infelizmente o temor do desconhecido congelava o raciocínio veloz antes aplicado a cálculos e medições matemáticas, o objetivo agora era sobreviver.

O celular dos três os informava da gravidade da situação, a população enviava vídeos, fotos e últimos relatos de encontros sucedidos com os "infectados", maneira como foram chamados no âmbito online. O wi-fi da sala os mantinha em contato com o mundo exterior, mas os queixos abertos traumatizados pelas novas informações dependiam de um agente exterior para continuar.

Em um segundo estava preocupado com a fila de almoço estar grande demais, a prova de cálculo na semana seguinte, evitar faltas no laboratório, agora a preocupação era sobreviver, esconder-se, não ser contaminado - seja lá como essa condição de multiplica.

Os garotos haviam acabado de voltar do almoço antes do desastre, haviam muitas pessoas do lado de fora das salas justamente para comer e retornar as suas atividades, uma troca de turno.

- Atende... - Jimin se deu conta de que não poderia ficar ali para sempre, ligou para um outro colega de laboratório daquele mesmo corredor, as mãos trêmulas porém decididas.

- Jimin... - a voz sussurrada de Min Yoongi trouxe a dualidade de cenários, atendera vivo, tinha perigo na voz.

- Yoon, onde você tá? - trocou olhares significativos com os colegas de esconderijo. Jackson parecia escrever algo no caderno e Mark analisava as estantes. A ligação que desencadeia a ação.

- Estou no laboratório com Jin e Manoban - a garganta tensa deixava as cordas vocais com pouco espaço para vibrar, parecia sufocado. O nome de Lisa Manoban foi citado com extra dificuldade.

O ruivo gostaria de informar a localização deles, bolar planos para encontros, mas um tumultuar do outro lado da linha telefônica o deixou perdido.

- Jimin... A Lisa não está bem, está com uma febre muito alta, não sabemos o que fazer, acho que o corte tá infeccionando... - um som metalico batendo contra uma superfície dura - Ela está convulsionando! - o telefone pareceu ser deixado levemente de lado, Yoongi queria ajudar ao mesmo tempo que não deixaria de atualizar o amigo pois queria ajuda, precisava ser ajudado. - Jin, segura a cabeça dela... Meu deus...

- Min Yoongi! Larga ela! Yoongi! Yoon me escuta! Se afasta! YOON! - implorava o mais alto de a situação permitia, a linha d'água acumulava lágrimas.

Movimentações confusas, respirações pesadas, vozes abafadas afastavam-se e retornavam para o microfone do celular deixando uma incógnita da situação.

- Ela... Ela morreu. - a dor dilacerava os vivos com a perda de seus semelhantes, não havia tempo para luto. Jackson estendeu um papel rasgado na altura do olhar do Park para a mensagem ser efetiva e veloz.

Eles se transformam 15 segundos depois de morrer

- Min Yoongi! Presta atenção caralho! Ela vai virar um monstro! - o impacto do que pareceu ser o canal de comunicação entre os amigos sobre o chão, desesperou o Park. - Jin!? Yoon!? - nada.

Passos pesados, grunhidos animalescos, as respirações e sons apavorados do que pareciam ser seus amigos, algo pesado se chocando contra o chão, gritos em negação e vidro que pareceu criar milhares de pedaços no chão, algo desmoronando em cima do microfone e fim da linha.

- O que houve? - Mark perguntou com um pedaço de cabo de metal na mão e uma espécie de faca na outra, preocupação em todos os semblantes. As pernas do ruivo fraquejaram e ele precisou da mesa para salvar seu corpo de pé.

As lágrimas molharam a tela do smartphone que ele não deixava de encarar incrédulo projetando o pior.

•••

- Aqui é o prédio de educação física - Namjoon apontava para a marcação realizada no vapor provocado no espeço do vestiário para organizar desenhos visuais estratégicos - Estamos perto do prédio da área da saúde, acredito que onde mais terá gente esse horário, podemos ir para o centro de tecnologia que é logo a esquerda e tentar comunicação externa, devem ter outras pessoas saudáveis lá. - mostrou o caminho com linhas sinuosas.

- Mas como a gente vai desviar desses monstros? - perguntou Mingyu analisando com as mãos na cintura a ideia do veterano.

- Para de chamar eles de monstros, são pessoas - Momo relembrou os presentes dos amigos que poderiam estar perambulando fora de si, os estudantes assim como eles acometidos pelo estado desconhecido, sem culpa do destino.

- Não acho uma boa ideia irmos andando - Taehyung se pronunciou.

- Meu carro está no estacionamento do prédio - Namjoon chegou onde queria chegar. - Perto na quadra de tênis.

- Tinha alguns deles por lá quando saí, mas não parecia ser muitos - acrescentou Jungkook pensativo - Mas ainda temos que despistar os que estão no corredor. - relembrou encarando o canivete nas mãos de Taehyung, era um grande achado nessa situação, nenhum deles estavam com o celular na mão.

- Eles parecem ter saído - Momo tentava olhar pelas frestas da porta bloqueada pelos armários, encarou o basculante na parte de cima e chamou o namorado em um pedido silencioso de ajuda.

Mingyu a aproximou e entrelaçou os dedos, dobrou ambos os joelhos para firmar a base e a jovem subiu e com a ajuda das mãos, se apoiou no batente e se impulsionou para cima tendo dois apoios, adquiriu visão do corredor totalmente vazio.

- Não tem nada - relatou dando uma última boa olhada, antes de descer um vulto pulou na direção da janela de fora para dentro ocasionando um grito estridente e seu desequilíbrio para trás. Jeon foi rápido o suficiente para pegar o tronco da moça antes que pudesse atingir o chão.

- O que foi isso? - Questionou o namorado - eles te viram? Estão tentando entrar? - perdeu toda sua calma indo erguer sua amada. Diferente do esperado, nenhum grunhido foi ouvido.

Olhos brilhantes e porte pequeno, algo esgueirava-se para adentrar o vestiário pelo basculante, Taehyung apontou o canivete para a passagem, pronto para jogar a lâmina mas um miado o impediu.

- Um gato. - Namjoon constatou em voz alta, apenas para certificar-se que não via o felino sozinho. Um gato totalmente preto de pelos brilhantes aparentemente saudável adentra o vestiário, talvez para tentar fugir da confusão do lado de fora. - Ele está bem? - o peludo apresenta medo dos humanos, pula da uma altura considerável ao chão e fica encurralado na parede, amedrontado.

- Ninguém quis pegar você ou você não se deixou ser pegado em neném - Momo demonstra meiguice já recuperada do susto e se agacha para chamar o animal e tomar sua confiança.

- Talvez o alvo deles sejam apenas humanos mesmo - o tenista ponderou em voz alta - Se ele veio para cá, talvez aqui seja um local de fato silencioso.

- Vamos sair. - Nam risca o centro de tecnologia com um grande X em seu quadro improvisado, um X marca o tesouro.








Depois de 250 bpm | Jikook • ZOMBIEOnde histórias criam vida. Descubra agora