Na narina

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Sabem que eu adoro momentos intimistas né, pois bem. Boa leituraa <3

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Ajoelhado no vaso sanitário, o suco gástrico, sua bile, a última alimentação do dia era posta para fora em solavancos,  exigência física do estômago e caminho digestivo. O cansaço abatia as células de Park Jimin e seus olhos piscavam lentamente.

Duas mãos firmes auxiliaram na posição de sua cabeça, aguardando paciente o interior adoecido finalizar a limpa que achou necessária ser feita no organismo. Jeon punha os fios molhados de suor para fora do caminho, liberando a testa e abrindo respiros nas laterais atrás da orelha.

Quando o show de horrores parecia finalizado, o coração de ambos pôde descansar a preocupação, estagnar o nervosismo e desacelerar gradualmente as batidas em um contato mais intimista.

- Ele morreu. - a voz fraca e sensação de ardência permaneceram. - E eu matei ela.

O Tenista suspirou sentindo a impotência lhe dominar, ajudou o jovem enfraquecido a apoiar-se na parede sentado ao chão, fechou a tampa do vaso, deu descarga e agachou ao lado tentando transmitir conforto.

- Você fez o que pode. - era complicado tentar fazer alguém entender que nem todas as coisas na vida, dependiam das nossas ações.

A enxaqueca abateu quem estava em frangalhos, os olhos marejados escorriam e molhavam o rosto sem cerimônia.

- Ele morreu por minha causa. - abaixou a cabeça deixando as lágrimas se soltarem mais rapidamente.

O choro se intensificou e ao tentar conter os soluços apertando os lábios um no outro, o ar faltou e precisou por a mão no peito em dor aguda, inspirando com força, se desesperando por não sentir alívio.

A mão do atleta puxa os ombros caídos para se desgrudar da parede e deixar as costas livres. A esquerda fez fricção por repetição de círculos, intencionando aquecer a área dos pulmões, a direita se posiciona no osso externo do ruivo, protegendo o canalizador de agonias do corpo.

- Tá...doendo... - o volume do choro aumenta, o luto atingia o emocional fragmentado do jovem que encarava o apocalipse com olhos brandos demais antes dos últimos acontecimentos.

- Qual é a temperatura do ar entrando nas suas narinas - a pergunta é feita colada ao aparelho auditivo de quem encarava uma profunda tristeza pelas suas ações.

Não obteve resposta.

- Jimin, qual é a temperatura do ar entrando? Quente ou gelado? - insistiu na questão, deixando o Físico confuso e redirecionando sua atenção por milissegundos para a temperatura do ar que inspirava.

- Gelado... Eu acho. - relaxou o rosto diminuindo a intensidade das lágrimas aos poucos.

- E do saindo? Qual é a temperatura? - puxou a cabeça baixa para apoiar no seu tronco antes que a estrutura deslise ao piso de baixa temperatura.

- Quente... - a força exaurida se faz necessária, ele queria agir e negar até a morte a configuração enlutada, sua solidão e a perda dos amigos, um reafirmar do final do mundo antigo, este que sonhava voltar.

O banheiro foi preenchido com as suas respirações, retomando a calma que um dia pôde ser vista habitar ambos.

- Consegue levantar? - Jungkook voltou a por a mão nos fios colorido natural que tanto passara a ocupar sua mente. Aprendeu com a última discussão que as vezes o momento de mais tristeza, não é o mais racional. - Precisa descansar para a reunião mais tarde.

Depois de 250 bpm | Jikook • ZOMBIEOnde histórias criam vida. Descubra agora