No pulso

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A cartolina amassada pelo mau uso ocupou a bancada liberada dos instrumentos usuais na situação emergencial.

Jimin no centro com uma caneta, tendo a sua direita Jackson e Mark respectivamente, seguido por Namjoon, Jungkook bem na sua frente, Momo, Mingyu e Taehyung.

— Aqui é a nossa sala... — desenhou a entrada, a bancada como referência do centro e a parede logo atrás das suas costas. — Eu ouvi uma vez do professor, que essa parede aqui foi construída depois para separar os laboratórios e formar mais deles... — desenhou uma linha paralela a linha da parede — Teve uma vez que o Jackson tropeçou e caiu de cara na parede-

— Ótima hora para humilhação — o loiro sempre buscava amenizar o clima pesado com piadas.

— Deixa eu terminar anjo — limpou a garganta e desenhou um pontilhado por dentro da passagem da parede, passando por trás da sala vizinha em direção a direita no corredor. — Ele quebrou a parede e a gente descobriu que ela era oca e que formava um caminho longo por dentro, acho que era algum projeto não executado por falta de verba.

— A ideia então é a gente quebrar a parede e passar por entre as paredes? — Jungkook tentou confirmar, os olhos determinados encontraram a iris brilhosa e escura do tenista.

— Exato. — Jimin voltou a colocar a canhota no papel para continuar desenhando mais detalhes.

— Uma dúvida, como sabemos quando parar e onde parar? — Namjoon tinha dois passos a frente. — Essas salas estão livres dessas coisas?

— Não, não estão. — Mark não quis rodeios — Mas acredito que poderíamos bater no forro, se houve resposta racional podemos sair. — a grande solução calou o Kim.

— Por que precisava de mais pessoas para o trabalho? Só vocês três são conta do recado, não? — Mingyu sempre muito desconfiado e do contra, arqueia a sobrancelha em desafio.

— A distância entre uma sala e outra é considerável, é possível se perder no escuro se entrar para o lado errado — o Park voltou a explicar

— Também não sabíamos como estava lá fora antes de vocês chegarem, poderia não ser uma opção vantajosa. — Jackson lembrou que nenhum deles saiu para verificar com os próprios olhos.

— Ok, parece o bastante para mim — Momo enfim verbaliza o que os outros estavam pensando.

— Podemos usar aquele instintor de incêndio para fazer o buraco — Jeon apontou.

— Acho melhor usar o pedaço de metal — o contra argumento vindo do físico não agradou o jogador.

— Mas isso é fino, vai demorar demais para criar um buraco grande de fato para caber nós oito. — ralhou na intenção de demonstrar a obviedade da sua preferência.

— Se precisarmos do instintor, ele estar amassado não vai nos ajudar em nada. — ambos frente a frente se fuzilaram apenas com as encaradas intensas, o clima pesou.

— Deixem de birra, isso lá é hora de discussão idiota? — Namjoon tentou intervir na trocação de farpa verbal, evitando que avançasse para o físico. — Vamos usar aquela cadeira, dá para mais de uma pessoa segurar e vamos conseguir um estrago maior com o pés dela.

Em unanimidade, os demais acataram a terceira opção, pegaram o objeto e iniciaram a prática, sem muita dificuldade para as primeiras aberturas aparecerem.

Jimin e Jungkook evitaram trocar palavras durante o processo.

— Caralho, isso realmente é uma senhora passagem — Taehyung colocou a cabeça para dentro do corredor pouco iluminado, ficando de pé do lado em seguida.

— Eu vou com meu celular na frente. — Jimin se manifesta, a ansiedade em seu peito rasgava os últimos fios de sanidade que cultivou, queria achar o laboratório dos amigos e conferir se eles estavam vivos.

Sem muita conversa, ele adentrou o espaço com a lanterna ligada, ignorando o fato de nunca ter sido o primeiro sequer no queimado, esquecendo o quão medroso era.

Logo atrás Jeon entrou na fenda, alternando os físicos com celular e os universitários sem para que todos pudessem enxergar pelo menos um palmo na sua frente.

A passagem cabia um corpo de frente ereto, eles caminharam para frente e depois para a esquerda, contornando as salas por trás. Sabia que na primeira não havia nada que pudesse ser salvo, andou mais para ultrapassar e alcançar o terceiro cômodo do corredor.

— Ilumina o caminho direito. — Jeon deu uma bronca em volume baixo para o condutor da fila.

— Assim? — a mão esquerda do ruivo mirou a luminosidade repentina do smartphone na pupila do tenista, rendendo xingamentos ao mais baixo cientista.

— Assim. — com a mão direita, o moreno incomodado agarrou o pulso do jovem petulante e fez seu corpo girar para frente voltando o fecho de luz para a direção correta, ocasionando numa aproximação repentina das costas do Park com o peitoral do Jeon.

— Anda logo com isso! Eu odeio lugares fechados! — Momo reclama choramingando.

O guia tem suas palavras arrancadas de sua boca, uma descarga elétrica derivada do toque foi ignorada com muito esforço e assim eles são obrigados a continuar encarando sua realidade.

Atrás do atleta, Mark pede para que eles pausem a caminhada. Ele cola a orelha esquerda na parede e da três toquinhos, pausa, três toquinhos, pausa, mais três toquinhos na parede para soar de maneira específica.

Grunhidos em resposta.

— Acho que não tem nada aqui — informou com pesar.

Continuaram a trajetória, repetiram o procedimento mais duas vezes, em duas salas diferentes, ninguém respondia nada. As esperanças estavam escassas.

— Para de me apertar. — Park reclama com o segundo da fila.

— Se enxerga garoto, não tô te apertando, o corredor tá ficando mais fino — se deu conta que agora, precisava andar de lado para comportar a largura de seu corpo.

Um estrondo chacoalhou o âmago dos universitários, um pozinho caiu do teto em ínfimas regiões, o som era similar a uma bomba explodindo distante.

— Merda, eles vão colocar esse prédio a baixo? — A questão levantada por Taehyung afetou o grupo.

— Vamos manter a calma. — Namjoon tenta apaziguar os ânimos — continua Mark, precisamos sair daqui.

Três toquinhos, pausa, três toquinhos, pausa, mais três toquinhos...

Silêncio.

Três toquinhos em resposta.

Depois de 250 bpm | Jikook • ZOMBIEOnde histórias criam vida. Descubra agora