Já todos tinham acordado.
Se eu tivesse um relógio no meu pulso, diria que já passavam das 10 horas.
Consigo constatar isso pela posição do sol, está mais brilhante e já avançara ligeiramente desde a última vez que o vira, quando despertei.
Newt sugeriu que eu ficasse a trabalhar na horta quando se deparou comigo, enquanto eu ainda não sabia qual era a minha vocação na clareira.
Mas a verdade é que eu sei.
Eu acho que quero ser uma corredora.
Nao gosto da sensação de estar presa entres estas quatro paredes. Quero explorar, sair daqui. Aventurar-me, talvez. Gosto da adrenalina a correr-me pelas veias.
Talvez vá falar com o Minho, o responsável pelos corredores, pode ser que ele me deixe correr.— Já alguma vez alguém tentou escalar até ao topo? — pergunto ao Newt, enquanto tento fazer um buraco profundo para plantar mais plantas. Já o Newt, está a enrolar o caule de algumas plantas para ficarem presas ao grande muro feito de galhos para segurar os frutos.
— Já. — o mesmo disse ainda focado no seu trabalho. — Mas as vinhas não vão até lá acima. — alega, direcionando o seu dedo indicador a todas as vinhas que enchiam os muros daquele sítio. — Além disso, depois íamos para aonde?
Reflito as suas palavras, olhando para a minha pá ainda imobilizada num buraco raso.
Sinto-me uma inútil aqui, realmente não sirvo para agricultora. Nem estou a conseguir cavar um buraco como deve de ser. Está mais aberto para um lado do que para o outro. Não consigo ir mais fundo, mesmo usando toda a minha força.
— E quanto à caixa? — indago, agora querendo uma reposta coerente. Na esperança de que ainda não tentaram e que nos pode levar a uma saída diferente sem ser pelo labirinto. — Sabes, a próxima vez que vier para cima, é só saltar e---
— Não, já tentámos. — Newt interrompe-me antes mesmo de continuar a minha explicação. — A caixa não volta lá para baixo com alguém dentro dela.
A esta hora já desisti de tentar cavar um buraco fundo. Estou mais interessada em ouvir as respostas às perguntas que eu tenho para lhe fazer.
— E então se nós--
— Não, já tentámos, ok? Duas vezes. — o mesmo interrompe-me mais uma vez sem ao menos querer ouvir a minha ideia. — Confia em mim, já tentámos tudo aquilo de que te lembrares. A única saída é pelo labirinto.
Parece frustrado. Sinto-me mal, não o queria meter zangado.
A última coisa que quero é que alguém fique irritado comigo.
— Desculpa... — peço num tom de voz mais baixo. Apenas fico a olhar para os meus pés, envergonhada. Não querendo olhar para a expressão danada estampada no rosto de Newt.
— Está tudo bem. — ele diz, já calmo. — Não é culpa tua estares aqui. Quereres desesperadamente sair deste lugar. Tentas arranjar uma solução e estás aflita por respostas. Eu percebo.
Dirijo o meu olhar para a sua cara e, pela primeira vez, vi compaixão na sua expressão. Ele quer ajudar-me, mas não sabe como. E nem eu sei como fazer o mesmo.
Queria ao menos saber mais sobre mim mesma, de onde eu vim, da minha família.
Será que andarão à minha procura? Será que deram pela minha falta?Tudo o que eu peço são respostas.
— Precisas que te arranje alguma coisa? — pergunto já farta de estar a tentar escavar o mesmo buraco. Na esperança de que me dê algo mais adequado para eu fazer.
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𝑫𝑶𝑵'𝑻 𝑳𝑬𝑻 𝑮𝑶 - Newt {The Maze Runner}
ActionUma jovem que acordou num lugar desconhecido, sem referências do seu passado, sem um pingo de lembrança, por sorte, recordando-se apenas de como se chama. Encontrando-se em um labirinto gigante quase impossível de escapar, feito por uma organização...