Começando já o meu plano, finjo ainda estar inconsciente, enquanto os dois capangas de Gally me levavam pelos ombros.
Eu não estava sozinha, Teresa era carregada por um homem sob o controle de Gally que, por sua vez, a algemara com com uma simples corda. Dou por mim, por vezes a abrir os meus olhos, mesmo só conseguindo ver a relva a mover-se por estar a ser ainda arrastada.
Não podiam saber que eu estava a fingir, ou o plano ia por água abaixo.
Sou finalmente lançada para o chão, esforçando-me ao máximo para não emitir nenhum som.
- Isto é um desperdício tão grande - Oiço Gally a anunciar, estando próximo à minha figura "inconsciente" no chão.
É péssimo estar a ouvir tudo à minha volta, mas não poder ver o que se está a passar, nem contemplar a expressão nos seus rostos ou até mesmo quem se está a aproximar de mim. Tenho pena de quem é cego. Não poderá ver sequer a luz do sol a bater na cara numa manhã fresca. Ou sequer a lua brilhante tão distante de nós e que muda de fase a cada semana.
- Gally... - A voz do Winston ecoa nos meus ouvidos. - isto não me parece bem, meu. - podia não conseguir ver nada, mas eu conseguia sentir a ira de Gally a aumentar.
- Pois, e se a Claire tem razão? - Jeff intervém. - Talvez ela consiga levar-nos para casa.
Agredeci mentalmente ao mesmo pelo seu comentário.
- Estamos em casa. - Gally enfatiza, com um tom de voz ríspido. - Entendido? - Passos do mesmo aproximam-se de onde eu ouvira a voz de Jeff. - Não quero ter de riscar mais nomes daquele muro.
Aí é que ele se engana, pois se conseguirmos escapar, não havia mais necessidade de riscar mais outro nome.
- Achas mesmo que expulsão nos resolverá alguma coisa? - Teresa profere o que me vinha na cabeca.
Talvez até sejamos parecidas, afinal.
- Não. - Gally diz. - Mas isto não é uma expulsão. É uma oferenda.
Será que ouvi bem?!
Tive tanta vontade de me erguer e acabar com isto, mas não podia.
Ainda não.
- O quê?! Espera! - Ouvia Teresa a debater-se contra o Glader que a detia por estar agitada com a situação. - Gally, o que estás a fazer?
- Achas que vou deixar a Claire voltar ao labirinto, depois do que fez? - o mesmo rosna, podia sentir a sua fúria a reagir. - Olhem à nossa volta! Olhem para a nossa clareira! Esta é a única forma. - estava quase a aproximar-se da minha deixa. - E quando os Grievers tiverem aquilo que vieram buscar, tudo voltará ao que era antes.
- Estão a ouvir isto? - Teresa limita-se por gritar para que todos a oiçam. - Porque estão aí parados? Ele é louco!
- Cala-te. - Gally ordena.
Naquele momnto, senti toda a minha raiva a salientar-se. Como ousa ele falar assim com ela? Como ele ousa sequer em banir-nos só pela crença de que depois tudo ficará bem. Sendo que ambos sabemos que isso não é verdade.
- Se ficarem aqui, os Grievers vão voltar. - Teresa ignora, felizmente, a sua ordem. Prosseguindo assim, a sua fala. - Vão voltar e continuarão a voltar até estarem todos mortos!
- Cala-te! - Gally ordena, mais uma vez. - Amarrem-na!
Sabia que se referia a mim, pois quando me dei conta, tinha braços desconhecidos a encaixarem-se à minha volta.
Rapidamente, exerci todas as minhas forças e expeli nos dois Gladers que tentavam deter-me.
Finalmente pude abrir os olhos, limitando-me a observar a situação em que nos meteramos.
Consegui debater-me contra os mesmo, deixando-os inconscientes. Newt e os outros já se preparavam para atacar os demais, enquanto ainda continuava a minha luta, depois de ter adquirido das mãos do Glader que me prendera, uma lança afiada.Pude ver a expressão que Gally não se limitava a esconder, não estava à espera de mais outra derrota. E aquilo soube-me bem.
Teresa fora libertada por Fry, depois de a desatarem àquele grande tronco e Chuck, por sua vez, veio a correr até ao nosso encontro, carregado de malas, presas ao seu corpo. Quase que tropeçava nos seus próprios pés por ser incapaz de ver onde pisava.
Minho, com uma lança, ameaçou Gally, enquanto este apenas consistia em ficar imobilizado, vendo-se incapacitado de fazer algo.
Ainda em posição de defesa com a minha lança, fitei Gally por breves segundos, enquanto a minha equipa se juntava ao meu lado.
- És uma caixa de surpresas. - Gally profere, dando de ombros.
- Não tens de vir connosco, mas nós vamo-nos embora. - anuncio, ainda com os seus olhos cheios de cólera a olharem para mim. - Quem mais quiser vir tem a última oportunidade.
- Não a ouçam, quer asustar-vos. - o mesmo alega.
- Já estão assustados. - começo - Eu estou assustada. Prefiro arriscar a vida lá fora que passar aqui o resto dela. - cuspo para a sua figura. - O nosso lugar não é aqui. Este sítio não é a nossa casa. - abano a cabeça - Fomos colocados aqui. Fomos encurralados aqui. Pelo menos, lá fora temos escolha. Podemos sair daqui. Tenho a certeza disso.
Depois que profiro, Winston aproxima-se de nós, dando a entender de que está connosco. Não sendo o único, Jeff e vários outros fazem o mesmo.
Nunca baixo a guarda, sempre estendendo a minha lança na direção de Gally, que agora, observava angustiado para os seus amigos a trairem-no.Era demasiado, o número de Gladers que se juntavam a nós.
Não pude deixar de evidenciar um sorriso entre os meus lábios cheio de orgulho, depois do meu discurso.
- Gally, acabou. - Newt anuncia, enquanto o mesmo apenas se limitava por acenar a cabeça em derrota com o semblante dececionado.
- Vem connosco. - digo, por vezes, com alguma esperança de que ele possa mudar, no mesmo momento.
Segue-se um momento de silêncio que, por ouro lado, continua a acenar a cabeça lentamente, enquanto olha para mim com as suas sobrancelhas arqueadas.
- Boa sorte com os Grievers. - Profere, constatando de que não vinha connosco.
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𝑫𝑶𝑵'𝑻 𝑳𝑬𝑻 𝑮𝑶 - Newt {The Maze Runner}
AçãoUma jovem que acordou num lugar desconhecido, sem referências do seu passado, sem um pingo de lembrança, por sorte, recordando-se apenas de como se chama. Encontrando-se em um labirinto gigante quase impossível de escapar, feito por uma organização...