- Ele disse alguma coisa? - Pergunto atrás da Teresa, já a avançar para onde o mesmo estava sentado.
- Não. - Retorque.
Parecia chateado, com uma expressão nada agradável. Não parecia nada o Alby que eu conhecera dias atrás.
Tinha os seus braços cruzados a agarrar a sua camisola enquanto ainda estava semi-nu.
- Ei, Alby. - Newt começa por dizer, sentando-se ao lado do mesmo na maca onde estava instalado. - Estás bem? - pergunta com o semblante preocupado, de modo a que franzisse a sua testa.
Alby não respondia. Não parecia estar presente, como se o seu corpo estivesse aqui connosco, mas a sua consciência estivesse noutro sítio.
Decido quebrar todo aquele silêncio que já se estava a instalar naquela sala, agachando-me perante o mesmo. Alby não olhara para mim nem uma única vez, como se não se importasse. Por outro lado, Newt dirigiu o seu olhar nos meus movimentos, enquanto carregava consigo uma expressão confusa.
- Alby... - começo, ainda à espera de conseguir captar a sua atenção. - Ouves-me? Talvez possamos sair daqui.
- Não dá. - nega com a cabeça lentamente, com um ar transtornado - Não podemos sair. Eles não deixarão.
- Do que estás a falar? - indago, reajustando-me na posição em que estou, a fim de que fique mais confortável.
- Eu lembro-me. - Retorque, voltando a dirigir o seu olhar num ponto fixo. Lágrimas começam a formar-se no canto dos seus olhos à medida em que o seu tom de voz era evidente ser tristonho.
- Lembras-te do quê? - Pergunto, com medo da resposta, antes de engolir em seco.
- De ti.
O medo no meu olhar instalou-se por todo o meu corpo, até ficar toda arrepiada.
Como assim, ele lembra-se de mim?
Todos que estavam naquela sala, fitaram-me confusos com aquela informação. Eu decidira não dirigir o meu olhar a todos eles.
Nunca quis dar nas vistas, mas ao que parece acho que nunca vou parar.
- Sempre foste à favorita deles, Claire. - continua, já com o seu olhar posto em mim, ainda com o semblante triste e perturbado. - Sempre. Porque fizeste isto? Porque vieste até cá?
Continuo a olhar para o mesmo sem saber o que lhe responder em relação às suas acusações.
Fiz o quê, ao certo?
Inusitadamente, oiço uma agitação lá fora de vários Gladers, a debaterem-se uns contra os outros.
Dou por mim a levantar-me, deixando a posição em que estava sem tirar o olho de Alby, ao mesmo tempo que tentava distinguir aqueles sons.
Pareciam problemáticos e eu precisa de descobrir o que se passava. Mas ainda tinha tantas perguntas para lhe perguntar que não queria sair de ao pé do mesmo.
Mas o coitado parecia tão perturbado e traumatizado que talvez precisasse de um tempo a sós para digerir tudo aquilo.
Não posso deixar de pensar que ao ter sido injetado por aquela seringa, talvez se tenha lembrado de tudo. Do seu passado, de todas as suas memórias.Mas não consigo parar de pensar nas suas palavras: "Porque fizeste isto?" "Porque vieste até cá?"
Gostava de saber ao que se estava a referir.
Parto do pressuposto que seja melhor deixá-lo sozinho e vou em direção à clareira, lá fora. Testemunhar o que quer seja que estivesse a acontecer.
- Ei Winston, o que se está a passar? - Pergunto, avistando o mesmo no momento em que saira da cabana.
Trazia consigo uma tocha iluminada, com uma expressão carregada de inquietação.
- São as portas. - responde, não parando de olhar para onde apontava. - Não fecharam.
Assim que profere, retira-se, deixando-me sozinha com Newt, Teresa e outros.
Confusa, olhei para a passagem do labirinto e decerto que estava aberta, não fechara.
Devia fechar.
Todos os Gladers desataram a correr com tochas na mão em direção às enormes portas com algum objetivo. Talvez para tentar observar mais de perto e perceber o que se passara.
Mas algo não estava bem e não conseguia perceber o porquê.Por instantes, opto por seguir aqueles Gladers, aproximando-me daquela passagem.
Chegando lá, deparo-me com um grande estrondo vindo do labirinto. Algo desconhecido. Com o susto, encobri os ouvidos com as mãos para omitir aquele som.
Newt ao meu lado, apenas abana a cabeça, assegurando-me de que não sabia do que se estava a passar.
Resolvo ficar irrequieta com a sua afirmação silenciosa e decido permanecer quieta a olhar para o labirinto ainda aberto.
Inesperadamente, ouvimos o som de pássaros a chilrear. Seguindo o seu som, avistámos uma outra passagem a abrir-se que nem sabia que existirá, mesmo atrás de nós. Seguidos por outros sons à nossa esquerda e depois à direita, depois de darmos conta de que quatro passagens daquelas, estavam abertas. Cada estrondo era uma porta a abrir-se.
Não estamos mais seguros.
- Chuck, quero que vás à Sala do Conselho e começa a barricar as portas. - ordeno, com ele ao meu lado, com uma expressão assustada.
Pobre Chuck.
- Winston vai com ele. - Newt determina, percebendo o que eu estava tentar a fazer.
O mesmo apenas assentiu e os dois foram juntos até à sala, prepararem-se.
- Chamem os outros. - Gally estipula ao demais, agitado - Escondam-se na floresta. Já!
- Minho, traz as armas que encontrares. - demando ao mesmo com a sua atenção focada em mim.
Minho por sua vez, assentiu e exigiu que os outros corredores se juntassem a ele. Afastando-se no momento seguinte.
- Teresa, nós as duas vamos buscar o Alby. - ordeno, enquanto a mesma parecia apavorada com toda esta circunstância. - Anda.
Antes mesmo de poder prosseguir a minha fala, vislumbro alguns Gladers a fugirem do outro canto da clareira, perguntando-me qual seria o motivo da correria.
Sons reconhecíveis ecoavam das paredes do labirinto, podendo avistar vários Grievers presentes lá no fundo.
- Escondam-se todos! - Gally grita, prestes a fugir.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝑫𝑶𝑵'𝑻 𝑳𝑬𝑻 𝑮𝑶 - Newt {The Maze Runner}
AçãoUma jovem que acordou num lugar desconhecido, sem referências do seu passado, sem um pingo de lembrança, por sorte, recordando-se apenas de como se chama. Encontrando-se em um labirinto gigante quase impossível de escapar, feito por uma organização...