Capítulo 5

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No dia seguinte, Mirabel e sua dama de companhia caminhavam pelo enorme jardim da mansão dos duques. Observavam o lago, com patos nadando tranquilos e várias borboletas sobrevoando. Era uma imagem tão linda que trouxe uma paz ao coração da jovem ansiosa.

Estava se cobrando muito para aprender, mais cedo havia sido ensinada como se montava a mesa posta e como deveria se assentar, sempre lembrando de quais talheres de utilizam para cada coisa.

Agora, já depois do almoço, sentia que tinha que sair para respirar ou iria explodir. Mal comeu no almoço, sentindo que iria vomitar tudo caso comesse demais.

- Podemos nos sentar aqui por um instante ? - Perguntou a Mary, já estando a poucos centímetros do banco de pedra e madeira.

- Claro, senhorita! - Mary era uma menina sutil, de 17 anos, caso não fosse solicitada mal se percebia sua presença. Mirabel previa que seriam grandes amigas.

Sentaram as duas no banco, observando a lagoa a frente delas. Fazia frio neste dia, mas não haviam se agasalhado, Mirabel começou a sentir frio e se arrepiar por conta do vento gelado.

Conversavam tão distraídas, que só perceberam a presença de Louis quando ele se aproximou delas.

- Com licença, senhorita. - Sem falar mais nada, não dando nem mesmo tempo para reagir, ele passou o seu grande sobretudo em volta de Mirabel. Estava com um casaco de lã por baixo, que o cobria do frio o suficiente.

Ela se levantou com o susto, Mary a acompanhou.

- Oh, Sr. Louis. Não vi o senhor se aproximando. - Ela disse, colocando a mão no coração por reflexo do susto.

Ele sorriu, achando graça da reação da moça.

- Eu percebi a senhorita e sua dama de companhia a pouco tempo, mas notei que a senhorita quase tremia. Vim para visitar seu primo, sabe onde ele se encontra ? - Ele se explicou para elas, para que não pensassem que ele estava ali somente por causa dela. Apesar de que ele realmente não tinha conseguido tirar de sua cabeça os olhos verdes que encontrou no dia anterior.

- Não faço ideia, Mary? - Mary balançou a cabeça em negativa.

Mirabel pensou um pouco, então percebeu que poderia estar sendo rude.

- Enquanto não se encontra com meu primo, podemos lhe fazer companhia. Gostaria de uma xícara de chá ? - Ela ofereceu a ele, que abriu um sorriso discreto. Ele estava gostando de receber a atenção da bela moça, mesmo que não sabia se seria apropriado.

Na tarde anterior, enquanto calvagavam, Albert deixou claro para ele toda a história de Mirabel e pediu para que não a desse tanta atenção, já que ela poderia interpretá - lo mal. Albert temia que Mirabel acabasse se apaixonando por Louis, já que seu amigo nunca gostou de cortejar mulheres e sempre disse que queria viver a vida de solteiro até os 80 anos e se aposentar com uma casa cheia de livros e gatinhos fofinhos. Albert as vezes duvidava da sanidade de Louis, mas não comentava nada sobre.

- Aceito sim, obrigado. - Mesmo sabendo que era melhor manter distância, não tinha como recusar um convite como esse. Era britânico, fazia jus a sua nacionalidade sendo apaixonado por chás.

Caminharam um ao lado do outro, Mary se manteve atrás deles. A dama de companhia estava achando aquela cena interessante, nunca havia visto Louis conversar com alguém além de Albert durante todo o tempo em que trabalhava ali. Boatos corriam de que Louis era um homem estranho, que vivia trancado em seu quarto na residência Hyde e viajava muito. "Mas o que as pessoas sabem afinal ?", Mary se questionou em silêncio.

Ao chegarem na sala de estar, Mirabel perguntou por Albert ao mordomo, que lhe respondeu que havia saído mas logo retornava. Pediu a Jane, sua empregada particular, que trouxesse chá para os dois. Se sentarem em sofás separados, um de frente para o outro, Mary se manteve de pé ao lado de Mirabel.

- Vejo que está começando a se adaptar a sua nova vida, senhorita. - Louis puxou assunto após tomar um pouco do chá, era chá de hortelã com mel. A governanta observava os dois do canto da porta da sala de estar, estranhando assim como Mary como Louis parecia disposto a conversar com Mirabel.

Não se surpreendiam por alguém puxar assunto com ela, já que era bonita e gentil, se surpreendiam pois isso não era nada comum vindo de Louis. Os empregados da casa sempre acharam ele frio e fechado, falava pouco e somente se soltava quando conversava com Albert. Albert e Louis eram amigos de infância e cresceram juntos mesmo que o Sr. Hyde viajasse muito.

- Não muito. - Tomou um gole do chá. - Estou aprendendo ainda a fazer jus ao título que recebi. Tudo é novo para mim. - Ela comentou por cima, constrangida de falar que estava sendo alfabetizada as normas da alta sociedade nessa idade.

Ele observou a bochecha dela corar levemente e pensou em não perguntar mais nada a respeito.

- Se quiser, posso ajudar em alguma coisa que precisar. Basta me perguntar! - Mirabel pensou um pouco, Mary a observava conversar com o Marquês estranho, julgando se deveria alerta - lá ou não sobre o que falavam sobre ele.

Mirabel enrubeceu.

- A senhorita está pensativa, há algo que eu possa ajudar ? É isso que está pensando?. - Louis disse, cortando o silêncio.

Mirabel se surpreendeu com ele.

- Oh, vejo que o senhor é leitor de mentes. - Brincou ela, constrangida. - Bem, há sim algo que pode me ajudar.

- Não não, somente estou gostando de observar a senhorita. É bastante expressiva, não há damas aqui em Londres. - Mirabel não soube se isso seria algo bom ou ruim, então não agradeceu.

- Enfim, a algo sim que gostaria me ajudasse. - Era algo que ela queria perguntar as pessoas, mas que suas empregadas não poderiam ajuda - lá. Se sentiu constrangida de pedir ajuda a família, até porque não haviam oferecido. Já Sr.Loius, não somente ofereceu ajuda, como também insistiu, ela se sentiu acolhida.

- Diga, senhorita, o que é que posso servir para ti? - Ele perguntou, finalizando o chá.

Mirabel pensou um pouco se realmente falaria aquilo, então olhou nos olhos dele, para que se ele zombasse dela, soubesse que ela estava ciente. Louis manteve o contato visual, por puro interesse de ver o porquê ela estava o olhando assim, depois que ela disse, percebeu que ela estava com medo de sua reação.

- Sr. Louis, poderia me ensinar a escrever o meu nome ?

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