Havia se passado duas semanas e a notícia se espalhou muito rápido. Em menos de dois dias do acontecimento todos comentavam sobre o filho do marquês de Hyde. Agora ele não era mais um excluído ou um esquisito que todos tentavam decifrar, era um assassino.
Mirabel, Beatriz, Aurora e Mary estavam aproveitando um dia tranquilo e enrolado, passeando pelo parque central de Londres. Havia crianças brincando na grama verde e casais apaixonados caminhando juntos pela calçada. Era o primeiro dia que via Aurora, desde o último encontro em sua casa.
Ao passar pela pessoas, Mirabel sempre ouvia os comentários a respeito de Louis, já que ele era o assunto do momento. Doía ouvir sobre ele, mas doía ainda mais o que diziam, falavam coisas horríveis sobre ele e por mais que todas as circunstâncias levassem a crer que ele havia assassinado o pai, ela não acreditava nisso. Ela conhecia Louis, por mais que tivessem passado pouco tempo juntos, ela sentia que sempre o conheceu.
Ela percebeu pouco tempo depois que havia se apaixonado por ele, gostar dele doía como nunca agora. Queria saber notícias a seu respeito, mas não da boca do povo, então decidiu que quando chegasse em casa do passeio, perguntaria a seu tio como ia o caso dele, não era da área do exército, mas Antony sempre ficava sabendo de tudo.
- Quem diria que aquele excluído teria coragem de matar o próprio pai, chocante não é? - Aurora puxou assunto, Mirabel resistiu a puxar o seu braço para longe do dela.
- Não sabemos a verdade, o caso ainda está sendo investigado. - Sim, ela decidiu, defenderia Louis sempre que pudesse, até que se provasse o contrário. A sua tia lhe olhou em repreensão, mas ela ignorou. Poderia se afastar dele, mas não aceitaria que falassem dessa forma a seu respeito, quer fosse sua tia ou qualquer outro próximo a ela.
Louis merecia um voto de confiança alguma vez na vida, ela seria esse voto. Ela teria que aprender a lidar com essa situação, mesmo que lhe custasse muito. O primo dela também não aceitava a possibilidade de Louis ser um assassino, mas também não comentava nada dele com ela.
- Eu acho que as possibilidades apontam para isso. - A sua tia interferiu na conversa, então Mirabel decidiu se manter calada para não desrespeitar ninguém.
- Acho que podemos fazer nosso piquenique aqui. - Aurora tirou o seu braço do de Mirabel para apontar para um canto mais reservado do parque. Era bem comum que houvesse pessoas da nobreza fazendo piqueniques nesse parque em específico, pois podiam curtir uma vida comum em uma área reservada para eles. Neste lugar só podia entrar a elite, quando Mirabel soube disso ficou pensando "A um mês atrás, eu não poderia nem sonhar de que estaria com os pés nesse lugar e agora eu entro com pessoas me paparicando ou querendo ser eu, que grande mudança".
- Boa ideia. - Mirabel respondeu. Ela gostava de sua tia e de Aurora, mas achava os julgamentos de caráter das duas péssimo. Enquanto o irmão de Aurora era um babaca ambulante e metido, as duas aparentemente gostavam dele, enquanto Louis que era um cavalheiro e nunca havia feito nada a ninguém era julgado até o máximo com palavras hostis. Assassino! Uma das piores palavras que se pode chamar um ser humano.
Mirabel acreditava fortemente em algo, ninguém é culpado até que se prove o contrário. Louis estava sendo interrogado e investigado, mas não tinha sentença ainda. Suspeita não é uma comprovação, ela pensava.
Passaram o restante do dia comendo morangos, ameixas, cookies e tomando chá. A ideia de um piquenique foi da duquesa, porque de acordo com ela Mirabel não podia passar o dia todo dentro do quarto. E realmente, desde que Louis foi preso para ser julgado, ela se mantinha o máximo possível longe da sociedade.
Assim que chegaram em casa, Mirabel perguntou ao mordomo se seu tio havia chegado e ele disse que Antony só chegaria depois das 19 horas. Eram 18, então Mirabel aproveitou este tempo para se livrar de toda terra e grama tomando um bom banho quente, aproveitou para fazer alguns alongamentos depois do banho, quando já estava pronta. Ela queria contar a Louis o quando estava melhor, poderia até mesmo dançar com ele, mas não podia e o sentimento de tristeza a preenchia por inteira quando pensava nele.
E ela pensava muito nele, dos pequenos detalhes do dia a dia até em cenas românticas que passou a ler nos livros. Ela acreditava que com mais alguns meses já teria lido bastante, até mesmo Jane Austen ou Ágatha Cristie.
Depois que terminou tudo o que podia fazer para ganhar tempo, desceu e ficou esperando ele na sala próximo ao saguão principal por onde ele entraria. Albert havia saído cedo para calvalgar e ainda não tinha voltado. Mary havia ganhado um dia de folga, então Mirabel estava realmente só neste dia. Sua tia quando chegou subiu para o próprio quarto e ela não a viu desde então.
Quando viu o homem alto e com cabelos da mesma cor que os seus, passando pela porta de entrada, se levantou rapidamente do sofá e caminhou até ele.
- Tio Antony, como vai? - Ela se aproximou dele, que voltou sua atenção para ela.
- Boa noite, minha querida sobrinha. - Ele deu um beijo na testa dela. - O que faz aqui a essa hora? Pensei que já estariam na sala de jantar.
- Eu estava aguardando o senhor, queria lhe perguntar uma coisa. - Ela estava começando a ficar constrangida, mas não havia outra pessoa a quem perguntar.
- Sim? - Antony a olhou com curiosidade.
- Bem, como o senhor sabe, o Sr. Louis foi preso com a suspeita de assassinato...
- Sim, continue. - Ele a incentivou, achando engraçado a sobrinha se interessar por esse assunto. O que ela tinha com um excluído?
- Eu queria saber se já está próximo de saber a verdade, se descobriram algo importante. - Ela finalizou, falando rápido demais. O tio a compreendeu, mas não entendeu o porquê dela se interessar por isso, porém, também não questionou.
- Pelo que fiquei sabendo nesta manhã, encontraram algo que pode ser a chave para a liberação dele, além do resultado da autópsia que sairá daqui a uma semana.
Então, Mirabel sentiu que estava nas nuvens. Louis poderia ser solto, era essa a verdade com a qual ela se agarrou com todas as forças.
Em silêncio, pediu a Louis, torcendo para que esse pedido chegasse ao coração dele de alguma forma.
" Aguente firme, está acabando."
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Floresça
RomanceApós a morte de seus pais, Mirabel tendo somente como figura paterna o seu irmão mais velho, foi sucumbida a todas as tarefas da casa e a uma vida infeliz desde seus 10 anos de idade. Mas de repente, Mirabel se vê cercada de jóias, chás e bailes da...